Desta vez Alfonso Dastis
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OPINIÃO
A democracia espanhola também não terminará no dia 1 de Outubro de 2017,
mas terá que esperar pelo dia 2 de Outubro para ver a explicação que o senhor
Puigdemont dá aos seus seguidores.
PUBLICO 29
de Setembro de 2017, 6:3
No seguimento se verá que nem só em Portugal existem mistificadores!
Tudo o que é da minha lavra será a azul que é a minha cor!
De Alfonso Dastis
No seguimento se verá que nem só em Portugal existem mistificadores!
Tudo o que é da minha lavra será a azul que é a minha cor!
De Alfonso Dastis
"George
Lakoff mostrou-nos na sua obra clássica sobre a comunicação política (Não
penses num elefante) que as palavras não são inocentes. Quando dizemos
“elefante” podemos ter a certeza que o nosso interlocutor evoca automaticamente
um animal com a tromba flexível e as orelhas grandes, embora o que desejemos
fazer é pedir-lhe precisamente o oposto, que não pense num deles. A mesma coisa
acontece com a linguagem política.
Nada a dizer de George Lakof. Este senhor não tem culpa e das citações tratarei no fim!
Os independentistas catalães conseguiram activar numa parte importante dos
meios de comunicação internacionais e da população um quadro mental deste tipo;
para quando os meios se referem às suas posições políticas e ideológicas, se
fale de “os catalães” ou da “Catalunha” em vez de dizer “os independentistas
catalães” ou “o independentismo catalão”. E, no entanto, segundo os resultados
das eleições democráticas realizadas na região há apenas dois anos, representam
unicamente, no melhor dos casos, 1,9 milhões de catalães: os votos que obteve a
coligação dos partidos independentistas (Junts pel Sí e CUP) nas eleições
autonómicas (apresentadas por eles mesmos como plebiscitarias) de 2015, 47,7%
dos votantes perante 52,3% (más de dois milhões de catalães) que votaram nas
opções não independentistas. A Catalunha tem 7,52 milhões de habitantes.
Começa aqui a mistificação. Quando a coligação Junts pel si + CUP ganha as
eleições, não ganha qualquer plebiscito! E não acredito que tivessem apresentado
essas eleições como plebiscitárias. Se assim fosse bastaria formar governo e
com a maioria parlamentar disponível, declarar a independência. Mas não foi
isso que aconteceu. Convocaram um referendo para tal. E teriam que o fazer! Se
não o fizessem seria eu o primeiro a berrar que não tinham o direito de
proclamar a independência só porque ganharam as eleições legislativas!!!
Isto porque, para que se forme uma maioria parlamentar não é necessário
obter mais de 50% dos votos. Muitas vezes basta 40% resultado do método de
Hont.
E nessas eleições como muito bem D. Alfonso informa, 52,3 de votantes não votaram as
opções independentistas
Daí que o governo, só por si, não tivesse qualquer legitimidade de proclamar a independência. Daí a necessidade da
realização de um referendum para aquilatar da real intenção dos Catalães em
consulta directa.
Mas é necessário realçar que esses partidos ganham as eleições defendendo a independência. Dai que alguma legitimidade teriam para colocar essa questão ao
eleitorado!
Os independentistas puseram o seu elefante na imprensa internacional: a
parte pelo todo. Mas a realidade é bem diferente: o desafio e a luta não são da
Catalunha ou de Barcelona mas da coligação independentista, e essa mobilização
não se faz contra Rajoy ou contra Madrid mas contra o conjunto dos espanhóis e
os catalães, que rejeitam completamente a atitude anti-democrática dos que
querem impor a sua vontade por cima das maiorias com manifestações dos seus
militantes e referendos tão armadilhados como os do Franco.
Não é verdade!
– Ao ser convocado um referendum onde é que está a actitude anti democrática
dos que querem impor a sua vontade por cima das maiorias????
Mas diz bem! Franco armadilhava referendos não os aprovava em parlamentos democraticamente eleitos!
A fotografia da metade do parlamento catalão vazio, abandonado pelos
representantes da maioria (52,3%) dos catalães quando se aprovaram as duas leis
de desconexão, a do referendo, de 6 de Setembro, e a da “transitoriedade e fundacional”
da república catalã, de 8 de Setembro, é mais eloquente que mil palavras.
Deveria ser suficiente para que a imprensa não se deixe manipular pelo quadro
conceptual que pretende impor o independentismo, aproveitando o atractivo de
uma narrativa intencionadamente épica, de bandeiras, colorida e cheia de
simplificações.
Não tendo, esses representantes, a maioria parlamentar, essas leis seriam na mesma aprovadas mesmo
que esses representantes não abandonassem o parlamento!
Pretenderá D. Alfonso argumentar que, caso esses parlamentares, sempre que
não concordassem com uma lei qualquer,
abandonando o parlamento, essas leis deixavam de ser legitimas. Só na
cabeça de D. Alfonso!
Penso
que Portugal já viveu na sua transição a tentativa de confrontar a força da rua
com as maiorias democráticas expressadas nas urnas. Felizmente o povo português
seguiu nessa altura políticos do nível de Mário Soares, ao que se seguiram
outros do mesmo valor tanto na esquerda como na direita, e hoje é outra das
prósperas democracias europeias que dá ao mundo personagens de consenso como o
actual secretário-geral da ONU, António Guterres. Talvez essa recordação possa
servir agora para não cair nas armadilhas conceptuais com as que o
independentismo catalão está a tentar a imprensa internacional.
É boa!
- Quem é que fez uma tentativa de confrontar a força da rua com as maiorias
democráticas expressadas nas urnas aí na Catalunha?
- Não
foi em 8 de Outubro a Grande Marcha Verde
sobre Barcelona convocada por D. Rajoy e El Rey Filipe? ( aqui o verde é
metafórico)
Na
Catalunha temos uma situação complexa que os espanhóis resolverão através do
respeito pelas leis democráticas e pelo diálogo, sem imposições, não como o do “referendo sim ou sim” que apresentaram
os independentistas, um diálogo que voltou a ser proposto pelo presidente Rajoy
na sua última intervenção sobre o assunto.
Não é
verdade!
Nem “Os independentistas” nem, melhor dizendo, O
Governo Catalão impôs ou apresentou um
“REFERENDO DO SIM OU SIM”
Apresentaram um referendo do SIM e do NÃO sujeitando-se a que o próprio NÃO
ganhasse confirmando a tal maioria de votantes que as legislativas tinham mostrado. ( Vejam o que aconteceu na Escócia!). Aliás seria até de esperar que o NÃO ganhasse dado ter obtido a maioria dos votos nas eleições anteriores!
E mais uma vez afirmo que o teriam que realizar!!!
- Não era por deter uma maioria parlamentar resultante de eleições legislativas que o Governo teria legitimidade de declarar qualquer independência.
O que se verificou é que face ao referendo que, ao contrário do que o Sr.
Sustenta não seria o referendo do SIM ou do SIM, o Senhor Rajoy contrapôs um
outro referendo este mais definitivo o;
referendo em que os Catalães têm de escolher entre o NÃO e o NÃO!
O independentismo
agitou cada vez mais as paixões nacionalistas e conseguiu em parte transformar
a política democrática num confronto de claques (o Barça é mais que um clube)
com directores de colégios que promovem que as crianças vão às manifestações
independentistas, grafittis do tipo “cidadãos esta não é a
vossa terra” dirigidos contra o líder da principal força da oposição no
parlamento catalão, ou apelidam de traidores ou renegados nas redes
sociais os artistas e intelectuais, que como o cantor e autor Joan Manuel
Serrat ou o escritor Juan Marsé não se juntaram à onda de “nacional-ismo” que
desde o poder local e com recursos públicos tem propagado uma coligação
independentista que não representa a maioria e que, muito provavelmente por
isso, se nega a convocar eleições autonómicas, uma das possíveis saídas
democráticas da situação. Sabem que é muito possível que, como há dois anos,
não tenham novamente o apoio da maioria dos catalães.
Dorothy
Martin estava convencida que o mundo acabava no dia 21 de Dezembro de 1954.
Assim lhe foi comunicado por uns extraterrestres que a levariam a ela e a um
grupo de fiéis num ovni. Cerca de uma dúzia dos seus seguidores – todos
cidadãos inteligentes e honrados – tinham abandonado os seus empregos, vendido
as suas propriedades ou deixado os seus cônjuges pela força das suas
convicções. Esta história serviu ao psicólogo social Leon Festinger para
explicar no seu livro When Profecy Fails, publicado em 1956, que
ninguém é imune a este fenómeno que denominou de “dissonância cognitiva”.
Rutger Bregman relembra-o no seu livro Utopia para realistas:
“Quando a realidade choca com as nossas convicções mais profundas, preferimos
ajustar a realidade antes do que corrigir a nossa visão do mundo. Não é só
isso, tornamo-nos ainda mais inflexíveis das nossas convicções do que éramos.
Diz-lhe que não estás de acordo e vira-te as costas. Mostra-lhe dados concretos
ou números e questionará as tuas fontes. Apela à lógica e não será capaz de
compreender o teu raciocínio.”
Não é
este, portanto, o momento para repetir argumentos e dados (o diário El
País, entre outros, reproduziu por estes dias uma montanha deles) mas para
lamentar que as paixões desatadas não deixam que muitos vejam a realidade. “Não há nada mais irritante – diz
Schopenhauer que o caso, em que, discutindo com um homem com razões e análises,
pomos todos os nossos esforços em convencê-lo pensando que estamos unicamente
perante a sua compreensão, e no fim descobrimos que não quer compreender; que
estava relacionado com a sua vontade, que se fechava à verdade e
intencionadamente punha sobre o tapete equívocos, confusões e sofismas por
detrás do seu entendimento e da sua aparente incompreensão”. No dia 21
Dezembro de 1954 o mundo não acabou, mas a senhora Martin pode novamente
convencer os seus seguidores que esse prodígio era devido à imperturbável fé do
seu grupo.
É muito
interessante que o articulista atire com todas estas citações para cima do leitor!
Estas mesmas servirão de consolo aos catalães quando mais uma vez forem
esmagados por Madrid!
Então
esta do Schopenhauer é demais!
Imaginem que
D. Alfonso se faça de desentendido quanto ao que expresso!
Atirarei com o Schopenhauer à cara de D. Alfonso acusando-o de não querer
compreender o que escrevo. Como decerto sabe português chegarei à conclusão que
não quererá compreender, fechando-se, quiçá, à verdade pondo
intencionadamente sobre o tapete,
equívocos, confusões, e sofismas por detrás do seu entendimento e da sua
aparente incompreensão!
A democracia espanhola também não terminará no dia
1 de Outubro de 2017, mas terá que esperar pelo dia 2 de Outubro para ver a
explicação que o senhor Puigdemont dá aos seus seguidores.
A
democracia espanhola não terminará! O que vai acontecer é que vai ser difícil dar com ela!
Quanto à democracia na Catalunha é que eu duvido que não termine!
Terminará quando as tropas de Franco entrarem em Barcelona para prender os independentistas.
Nessa altura e se fosse catalão, colocar-me-ia na berma de braço estendido a fazer a necessária e apropriada saudação.
Nessa altura e se fosse catalão, colocar-me-ia na berma de braço estendido a fazer a necessária e apropriada saudação.
Nota
Este texto está datado de 29 de setembro. Por isso D. Alfonso já sabe a explicação que Puigdemon deu, não só aos seus seguidores, mas a toda a gente!
De realçar uma pequena particularidade do texto de D. Alfonso.
Em nenhum instante colocava a hipótese de que a Guarda Nacional ocupasse Barcelona e outras cidades Catalãs, invadisse as assembleias de voto, vandalizasse mesas e urnas e agredisse cidadãos pacíficos.
Aliás o seu comentário final indica que não era isso que esperava que acontecesse.
Esperava decerto que o referendo se consumasse pacificamente.
E este detalhe é importante para se compreender o próximo texto que vou dedicar ao assunto!
Tone do Moleiro Novo I - Auto proclamado o Chato
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