segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Santa Maria de Vinha de Areosa

 Esta devo-a ao meu amigo Joaquim Correia.


E vejo aqui Santa Maria de Vinha de Areosa.

Mas vou guardar os indícios para mim.

Anda por aí uma mania que eu tenho a mania que sei tudo.

Já que tenho a fama gostaria de tirar algum proveito.

Mas apesar de assumir que sou corrompível, ninguém me quer comprar. 

Por este andar vou morrer mais pobre do que quando nasci!

Os anos passam e a pensão de reforma cada vez tem menos valor.

tone do moleiro novo



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Os Moinhos do Fial

 São no Rio dos Ôlhos




E o Fial com o Salgueiral a Norte, eram pauis onde a erva crescia todo o ano sem necessidade de grandes trabalhos.

Constituíam os melhores terrenos da veiga.

Com o progresso veio o abandono da lavoura. E os terrenos ficaram a monte. Os salgueiros, naturalmente, tomaram conta do espaço.

Hoje estão a limpá-los. E ainda bem!

Deixam descoberto, nestas duas imagens, o Moinho do Mendes. Na verdade era da Casa do Rei. Este assim como um outro mais acima que era conhecido pelo Moinho do Rufo mas que o último a moer foi o Senhor Manel do Rufo da mesma forma que no outro fora o Senhor Manel do Mendes.

A água dos Ôlhos foi em primeiro lugar, conduzida para Viana. Depois mandaram-na para Afife.

(Tenho, num sei onde, um documento hilariante que garantia que a água seria devolvida a Areosa logo que não fosse necessária a Viana. Publicá-lo-ei quando o encontrar no meio da papelada!)

A Norte existe o Rio da Maganhão que ajudava o dos Ôlhos a encharcar a veiga até ao Moinho do Mar. 

Primeiro os trabalhos do emparcelamento destruíram a fonte e lavadouro da Maganhão. 

O Lavadouro dos Ôlhos desapareceu. Deve estar afundado na turfa:

Depois abriram um pôço entre os Ôlhos e a Maganhão. 

A água passou a correr toda para a estação elevatória. 

Estes ôlhos de água nunca secavam.

Com o tempo que vai, verão o que é que vai acontecer no Verão.

Tone do Moleiro Novo

Que passava o tempo na brincadeira, na levada, enquanto a Carminda estendia a roupa a corar nos paúis!


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MARIA Do CARME KRUKENBERG

 Nasceu em Vigo. Morreu em Vigo.








                              Tão cerca do Rio Minho                         

Tão cerca de nós!

Dóenme os ollos
de mirar
como rube cada noite
a pedra,
de mirar
como rube o pranto
ao faiado dos días.
Dóenme os labres
de esperar
o milagre dos beizos
esquecidos;
de coidar
a ledicia dos despoboados
que enxendraron a terra.
Dóeme o sorriso amargurado
dos que foron gastando os soños
e amortallando as horas
sin un salaio de noxo.
Dóeme a vida
como unha ferida acoitelada,
como un anoitecer desleigado,
coma un cadaleito
cheo de rosas murchas.                                                                                                                         MCK

Tão cerca dos textos de Adelaide Graça

Revelação
Enquanto a nudez do espaço
passeia pelo chão da penumbra
o pequeníssimo momento sorri
no indizível da sensação
Busco o cheiro nas entranhas do teu sentir
onde me aninho ávida de ti
Espero-te... Na transparência da libido
para o ritual insaciável do amor
O ritmo da volúpia
A música alucinante dos sentidos
A arte refletida na harmonia do gesto
E... embriagada de ternura
unjo o corpo com o sémen do desejo
acariciando o fascínio consumado
A revelação do enigma.

Tão cerca das imagens de Adelaide Graça

ABRAÇAM-SE AS ÁGUAS

É só abrir a janela
e deixar entrar a Galiza
que mesmo em frente
se banha e se estende
do outro lado do mesmo Minho
É só abrir a janela
e deixar entrar Goián, Tomiño
o segredo da brisa
e o cheiro dos milheirais
É só abrir a janela
e ceifar a terra com o olhar
que se perde e se encontra
nas entranhas ancestrais
É só abrir a janela
e deixar entrar num trago
o manancial do tempo
o saber das gentes
os caminhos de Santiago
E as águas abraçam-se
bem lá ao fundo
do monte de Santa Tecla
As do rio e as do mar.




   

Tão cerca daquela quão tosca pintura de Adelaide Graça com o sinuoso silêncio azul  das águas e os gritos pieiros do Trega.



















- Que escondiche nos olhos? - Que gardasche nos beizos? ca faciana che brila como o canto do vento.

A noite baixa polo Miño adiante levando un feixe de soños agoreiros, o rio deixa un regueiro de tremores camiño da mareira que o desterra.

- Que escoitache na néboa? - Que arrepiou no teu peito? as estrelas baixaram a durmir no teu leito.

MCK

(Galiza, minha Galiza!)


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

HISTORIADORES E OUTROS INVENTORES

 Este texto poderia ter um subtítulo: 

PADRE DOMINGOS AFONSO DO PAÇO.

Já aqui me dediquei ao assunto.

Figueiredo da Guerra (FG)

Datou o Couto de Cabanas como sendo de 1177.

Mas em 2015, França Amaral, no FALAR DE VIANA Volume IV Série 2 (pgs 309 a 313) demonstra que 1177 é uma data errada e nem mesmo 1187 serve, pelas mesmas razões aí encontradas. Resumidamente:
D. Sancho I, ao chancelar o Couto de Cabanas deu por confirmantes alguns dos seus filhos mais três prelados que nas datas indicadas, uns, nem tinham nascido, outros, ainda não o eram. França Amaral atira a data para 1207 mostrando que pelo menos não poderia ser anterior a 1201, justificando o erro de Figueiredo da Guerra pelo má interpretação de um X aspado na numeração romana do documento.
 Ver 

Embaralhou a Via Sacra de Areosa com uma outra vinda de Santo António, até alturas da Sra. d'Agonia.

Tudo começou com um texto publicado pelo Tenente Coronel Cunha Brandão, de Paredes de Coura, publicado na A Aurora do Lima em 14 de Agosto de 1918 intitulado  A quebra das Cruzes da Via Sacra de Areosa. Este texto, apoiado nos documentos encontrados no Códice nº 729 da Secção de Manuscritos da Biblioteca Nacional de Lisboa, referia-se às cruzes de uma Via Sacra de Areosa aparecidas quebradas na madrugada de 10 de Outubro de 1729 e logo denunciado à Inquisição de Coimbra pelo pároco ( de Areosa) Francisco Vieira Guedes. A demanda prolongou-se por 1732, 37 e 38. Sempre segundo Cunha Brandão.

Dez anos depois, em 18 de Agosto de 1928  e na mesma A Aurora do Lima, Figueiredo da Guerra teve o "cuidado" de corrigir Cunha Brandão sem que se conheçam agora as suas motivações para tal e publicou por sua vez um texto intitulado As cruzes da Senhora da Agonia. Dizia Figueiredo da Guerra  que  o titulo que Cunha Brandão tinha dado à noticia, A quebra das Cruzes da Via Sacra de Areosa, era inexacto. Assim remeteu, F. G. essa tal destruição, para as Cruzes da Via Sacra que vinda de Santo António rodeava a ermida de Nossa Senhora da Penha de França e terminava na chamada Capela do Bom Jesus da Via Sacra   ( Sra. D’Agonia) superintendida pela Ordem Franciscana. Fazendo considerações à Casa da Via Sacra dos Figueiredo da Guerra, à Cancela de Areosa e à Guarda Republicana.

Mas, mais recentemente, França Amaral fez uma leitura cuidada desse tal Códice nº 729 onde pode verificar que a tal via sacra era mesmo a Via Sacra de Areosa e que Cunha Brandão não tinha publicado qualquer imprecisão. Esse esclarecimento foi feito no A  Falar De Viana de 2015 pgs 311 e 313. E já nos Cadernos Vianenses 2017 pgs. 171 a 232 França Amaral faz publicar a leitura dos próprios documentos constantes no tal Códice 729.

Ou seja F.G., com o que publicou em 1928, induziu em erro tanto até o próprio Rosa Araújo que o referiu, ( cujo apreço por FG  o leva a considera-lo … grande memorialista…), como as citações posteriores.

Ver

Hermano Saraiva. (HS)

Foi às Argas e no Adro de São João, dizer que foi ali mesmo que o salteador Aginha fora morto. 

Ver https://lopesdareosa.blogspot.com/2015/09/as-portas-dos-quarteis-de-sao-jao-darga.html

Foi a Paredes de Coura dizer umas coisas e aqui ficamos a saber que um tal Miguel Dantas foi o responsável pelo comboio ter chegado a Paredes de Coura.

Ver https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/11/o-comboio-de-paredes-de-coura.html

Alberto Antunes Abreu (AAA)

Ao copiar José Marques errou na datação da Capela de São Mamede.

Ver https://lopesdareosa.blogspot.com/2020/07/sao-mamede-in-festa-santa-maria-de.html

Ao não ler Avelino Ramos Meira, ou perguntar à família, inventou que Pedro Homem de Mello, tinha comprado a Quinta de Cabanas!

Ver https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/09/e-que-culpa-tem-pedro-homem-de-mello.html

Que depois de ter afirmado nas suas notáveis publicações que a Capela de S. Sebastião e a de São Roque se situavam na saída Noroeste de Viana  e que esta última Capela era onde findava uma Via Sacra que contornava a Vila pelo Norte, foi afirmar no TAB que afinal esse contorno da Vila pelo norte se situava cerca de mil metros mais a Norte que esse tal norte.

Ver https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/01/cerco-devocional-as-minhas-devocoes.html

(Eu tenho uma explicação científica para esse desvio:

No Atlântico Norte, a formação da Cadeia Dorsal Meso-Atlântica resolveu cindir-se e assim a placa Norte Americana separou-se da placa Euroasiática fazendo com que o Círculo Polar Ártico se movesse para Norte. Como consequência o próprio Polo Norte mudou de sítio.

Este acontecimento teve consequências dramáticas no limite de Viana da Foz do Lima  com Santa Maria de Vinha de Areosa.

Como ninguém se incomodou em conferir a localização do Polo Norte em relação ao Sol, no tempo em que AAA escrevia os seus notáveis escritos, ninguém se incomodou em reparar que a distância relativa do Polo Norte a S. Roque tinha aumentado. O Próprio AAA ficou confundido e mediu essa distância a partir do Polo Norte. Foi parar, como seria de esperar, cerca de mil metros mais a Norte da Capela de  S. Roque que no entretanto não tinha mudado de sítio.)

Agora nas minhas deambulações pelo universo de quem sabe destas coisas deparei com o seguinte texto de AAA.

( Ver Roteiros Republicanos pag. 16)

     "O jornal Notícias de Viana., bissemanário católico, foi suspenso por 30 dias em 1917 pelo Governo Civil por uma notícia publicada. Todavia , a lacuna desses trinta dias foi preenchida pelo bissemanário católico e regionalista Gazeta do Lima, criada pelo padre Domingos Afonso do Paço (1882-1939), regressado do fronte, onde fora capelão militar."

Mas acontece que...

A tal Gazeta do Lima, a que AAA se refere - e mostra -, o seu primeiro número data de 14 de Março de 1918



 Primeira patacoada                                                                                             

Se o tal Noticias de Viana foi suspenso em 1917 por trinta dias, essa suspensão nunca atingiria a data de 14 de Março de 1918 ( data da primeira publicação da tal Gazeta do Lima) logo, esta, nunca poderia ter preenchido a tal lacuna. 

Paralelamente acontece que o nome de Domingos Afonso do Paço não consta nesta edição citada mas sim João da Rocha Páris e José C. de Palhares Viana

Ora tudo isto é tanto mais surpreendente quanto mais à frente ( Pag 52 dos tais Roteiros Republicanos) AAA demonstra que poderia muito bem dispensar-se destas incongruências quando escreve:

"O Integralismo Lusitano, no ano da presidência de Sidónio Pais - e talvez por isso - fortaleceu-se e criou, no Minho, como órgão próprio, a Gazeta do Lima e dirigida pelo Dr. João da Rocha Páris. Durou somente - de 14 de Março de 1918 a 9 de Janeiro do ano seguinte."

Segunda patacoada.                                                                                                                   

- O   que é que o Padre Domingos Afonso do Paço tem a ver com isso???

- Ora como o Padre Domingos Afonso do Paço partiu para França em Agosto de 1918, como é que poderia ter criado a Gazeta do Lima em Abril de 1918 quando o douto AAA afirma que a criou depois do seu regresso... que só se verificou em Novembro de 1919??

Nota à parte: - Escrevia Domingos Afonso do Paço em 11 de Setembro de 1919 na visita ao Monte de S. Michel: "Demorei um dia e uma noite apesar de ser muito visitado por turistas e completos os hoteis não eram caros". - Cherbourg -Manche- France

Terceira patacoada.                                                                                                            - Como é que AAA,  no segundo texto citado situa a Gazeta do Lima no Integralismo Lusitano, quando no primeiro texto  classifica essa Gazeta do Lima como bissemanário católico e regionalista?

Para desmontar tal arrazoado, basta verificar,  isso sim, que o Padre Domingos Afonso Paço tinha já criado em 1916 a GAZETA DE VIANA ( propriedade do NOTÍCIAS DE VIANA) , em cujo nº 1 consta ele próprio - Padre Domingos Afonso do Paço - como administrador.








                             

Gazeta de Vianna, essa sim assumidamente católica e regionalista!

E confusão das confusões, 

- Como poderia o Padre Domingos Afonso do Paço ser o criador em 1918 de um Jornal de João da Rocha Páris confessadamente na santa cruzada integralista de restaurar Portugal pela Monarquia - o tal Integralismo Lusitano- quando antes, em 1916, já tivesse promovido uma publicação católica e regionalista?

Seria de um oportunismo execrável face ao triunfalismo Sidonista!

Ora, também ao que consta, que aconteceu de facto  e já depois do seu regresso a Portugal, é que o Padre Domingos Afonso do Paço criou, em 1919,  o Jornal A União

Mas esse baile, na Sociedade de Instrução e Recreio Areosense, fica para outra altura!

Já o assumi anteriormente. O meu maior drama existencial é que daqui a cem anos serão os entendidos a ser lidos. 

E não o borrabotas do Tone do Moleiro Novo!

Aqui estou de saideira, com esta  minha mais escabrosa  gargalhada... ÁH-ÁH-ÁH

Do Vosso Á-Á-B