As portas dos quartéis de São João d’Arga.
Mas primeiro vou contar uma
história acerca de uma velha capela, origem medieval quem sabe, cabeça de um ermitério
situado num pequeníssimo povoado remanescente da civilização castreja, algures
perdido nos montes do Alto Minho. Com o passar dos anos (centenas?) um dos
poucos habitantes, tornou-se num dos maiores lavradores da Aldeia. Chamavam-lhe
o Rei lá do sítio! O arcaboiço era tal que face à humildade da velha capela em
relação ao ouro que reluzia na corrente do relógio pendente do bolso do colete
do nosso herói, que este decidiu custear a construção de uma nova capela num
local mais airoso e sobranceiro. Isto já em tempos mais recentes. Mas o novo-riquismo nem é de agora nem tão
raro como se imagina. Piedoso e ingénuo de então, tem hoje versões mais parolas
e cosmopolitas como veremos! Capela Nova logo: Santo Novo! E lá está! O Santo
actual na sua imagem do século dezanove. O original o lavrador o terá guardado
em casa. Passam os anos e os herdeiros da casa vendem-na. Os novos donos nas
arrumações e nas descobertas, fazem uma. Encontram o santo velho. Figura para a
qual o barroco será uma modernice. É evidente que esta Santo vale uma fortuna
em relação ao actual.
Isto vem a propósito das obras levadas recentemente a cabo
nos quartéis de São João d’Arga. Havendo
dinheiro tudo se faz. O que faz falta e o que não faz.
Telhados novos; sobrado novo. Chão térreo; pavimenta-se. Não
tem luz eléctrica; dá-se à luz. Não tem água quente; aquece-se! Escapou o Adro.
Continua em terra batida. Pedras dos quartéis lavadas e gateadas; Portas novas. Claro! A saloiice do novo-riquismo
teria que se manifestar fosse como fosse.
Portas novas, mesmo aquelas onde estavam pintadas os preços do aluguer para passar a
noite de 28 par 29 de Agosto, que iam aumentando com o passar do tempo. Até
aquela que o Professor Hermano Saraiva mostrou no seu programa Horizontes da
Memória no ido Novembro de 1996 fazendo uma referência genial à inflação.
Esta fotografia, acima, foi cedida pelo Ernesto Paço em 14 de Setembro de 2017
Esta fotografia, acima, foi cedida pelo Ernesto Paço em 14 de Setembro de 2017
https://www.youtube.com/watch?
v=TVspneqlVjo&index=6&list=PLNdU5M6bH0DaObvVPiUggX66naCMxT1qn&t=1222s
Estes frames foram retirados do respectivo vídeo de que se insere o link
( Ressalvo aqui a peregrina ideia
de Hermano Saraiva ter contado a lenda de Santo Aginha no adro de São João como
sendo o local dos acontecimentos que levaram à sua morte. Nem na lenda isso
sucede. Perguntem aos das Argas!)
Na fotografia ao lado o Camilo da Venda junto à porta do quartel do costume.
É evidente que quem guardou as
portas, ou seus descendentes, guardará uma relíquia sem preço. Cujo valor
possivelmente será reconhecida daqui por cem anos mesmo quando as novas portas
forem substituídas por um qualquer outro novo-riquismo.
A seguir é o nosso Canário de sentinela com a respectiva arma.
Enfim é o desemborbimento como
diria o meu amigo Morada. Ou coisas do 25 de Abril como diz o meu amigo Castro.
Por esta ordem de ideias, quando, no adro de S. João, os milenares sobreiros secarem, serão substituídos por eucaliptos
que é uma árvore mais moderna.
Tone do Moleiro Novo
Sem comentários:
Enviar um comentário