terça-feira, 24 de maio de 2011

FANTÁSTICO MELGA!!!

DIZIA O HERMAN
Isto porque li a intervenção do Presidente da República (Cavaco Silva) na Sessão Solene Comemorativa do 100º Aniversário do Instituto Superior de Economia e Gestão, no dia 23 de Maio de 2011 em Lisboa.
Está em  http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53921
Dessa intervenção este excerto


"Em tempo de balanço, que as comemorações sempre implicam, podemos e devemos perguntar-nos, com a redobrada oportunidade do esteio do passado, qual o papel que devem ter os economistas na sociedade portuguesa de hoje?
Esta interrogação recordou-me uma lição de sapiência que proferi em Fevereiro de 1982, precisamente sobre esse tema, e que se encontra publicada na Revista “Economia”. Antecipava-se, então, a segunda vinda do Fundo Monetário Internacional a Portugal, no contexto do acordo de ajustamento que acabou por vir a ser assinado em 1983. E, curiosamente, ao reler o que então escrevi, concluí que muitas das interrogações e das expectativas da altura não perderam a sua actualidade.
Vivia-se uma grave crise económica, marcada pelo desemprego, sobretudo entre os jovens; havia uma grande desigualdade na distribuição da riqueza; era baixa a produtividade da economia e visível a tendência para défices externos insustentáveis.
Se bem que, desde essa altura, muito se tenha evoluído a vários níveis, o facto é que a gravidade de alguns dos velhos problemas que subsistem e dos novos problemas que, entretanto, emergiram exige, mais do que nunca, uma “contribuição decisiva da parte dos economistas”.
Seguirei, pois, de perto, essa minha alocução de 1982, nas palavras que escolhi dirigir-vos nesta data do centenário. A sua actualidade mostra que o tempo tem cadências bem diferentes do que aquela que muitas vezes lhe exigimos.
Referindo-me às responsabilidades dos economistas, afirmei então que estas “surgem ainda maiores se acrescentarmos que uma correcta avaliação dos custos que aqueles problemas representam para a sociedade não pode ficar-se pela consideração de umas quantas variáveis económicas chave, como é corrente nos livros de economia, impondo-se ter presente certas incidências negativas do tipo social e político que, no Portugal de hoje, não devem ser ignoradas”.
E, prosseguindo no tema, acrescentava que “a tomada de medidas para a solução dos problemas económicos constitui a essência da política económica; no entanto, (...) a política económica é feita pelos políticos e não pelos economistas enquanto economistas”. Mas, sublinhava eu, isto não deveria significar um alívio, porque “a credibilidade da profissão seria muito atingida se invocassem uma grande isenção de responsabilidades”.
Perguntava, pois, tal como se pode perguntar hoje: “Qual o papel dos economistas na formulação da política económica? Qual a sua influência sobre as decisões?”
E entendia então, tal como hoje continuo a entender, que cabe aos economistas “convencer os políticos e outros decisores da sua utilidade”; ou seja, “que as decisões económicas baseadas nos seus conhecimentos têm mais possibilidade de acertar do que as decisões baseadas na ignorância”.
Isto, claro, admitindo, como desde logo ressalvei, que não se poderá tomar como modelo um tipo de político como aquele que Keynes descreveu e que, segundo ele, “tinha as duas orelhas tão junto ao chão que não conseguia ouvir o que lhe dizia um homem vertical”.
É que, continuava eu, “assegurar um papel para os economistas significa (...) reconhecer que são eles que trabalham e fornecem os ingredientes com que os políticos fazem a política económica”. Explicitando, de seguida, que “se inclui claramente entre a responsabilidade dos economistas o pronunciarem-se sobre o que deve ser feito”, pois as reformas económicas e sociais de que, - ontem como hoje, acrescentaria -, o País precisa “podem ser produtivas e justas, se feitas da forma correcta, mas também podem ser desastrosas e injustas, se forem erradas”, como em 1982 afirmei.
Quase 30 anos depois, vivemos tempos de grande instabilidade internacional, que abalou muitas das nossas convicções e que rompeu laços de confiança sem os quais será muito difícil reconstruir o caminho para o desenvolvimento.
Numa fase em que, também na vida nacional, a confiança se tornou o factor mais determinante para a retoma da economia, é ainda de plena actualidade a recomendação que então deixei: caso as suas propostas não sejam aceites por quem tem o dever de decidir, o economista não deve resignar-se com facilidade, mas o que “não pode aceitar é trair as regras do método científico e subverter a lógica do seu raciocínio de modo a produzir as conclusões desejadas pelos seus clientes”.
Este ponto é particularmente importante para a credibilidade quer de quem aconselha, quer de quem decide confiado nesses conselhos, uma vez que, como dizia, referindo-me aos próprios economistas, “a sua influência sobre as escolhas não reflecte exclusivamente critérios científicos”.
Retomo, por isso, parte da reflexão que o assunto me mereceu em 1982: “Embora a racionalidade seja o pressuposto básico do economista, a sua intervenção no processo de formulação da política económica não é a de um mero especialista de políticas racionais e neutras. (...) De facto, aos mais variados níveis de actividade do economista estão presentes juízos éticos, que reflectem o seu próprio sistema de preferências (...),” mas “devo acrescentar que não partilho a opinião de que isso implique a perda de racionalidade e do estatuto científico da Economia. Penso, contudo, que é necessário garantir (...) objectividade à análise teórica para que as opiniões económicas não sejam uma simples questão de escolha pessoal (...)”.
Esta percepção reconduz-nos ao papel das escolas de economia no mundo actual e à sua interacção com os decisores políticos ou, melhor dizendo, à preparação dos alunos para a vida profissional e para a intervenção cívica e política.
É que hoje, tal como há 30 anos, “sobressaem dois aspectos fundamentais da formação dos economistas em que cabe à Universidade papel relevante: o do conhecimento científico e o do sistema de valores”.
No domínio dos conhecimentos, exige-se, dizia eu em 1982, “uma formação analítica sólida e actualizada”, capaz de “estabelecer as relações adequadas e de tirar as conclusões lógicas”, bem como uma “formação adequada no domínio de outras disciplinas sociais (...), porque a Economia diz respeito ao homem” e às várias dimensões do seu “comportamento social”.
Por outro lado, acrescentava, os economistas devem saber “actuar numa realidade concreta, a portuguesa, com as suas características particulares (...), muitas vezes ignoradas ao nível de abstracção a que os modelos económicos são desenvolvidos”.
Tudo isto continua válido, se não mesmo reforçado, nos dias de hoje. Mas, se há coisa que mudou profundamente com os meios de comunicação e a rapidez da difusão de mensagens, é que o tempo da acção política encurtou de forma excessiva: as políticas que olham o médio e o longo prazo têm pouca aceitação eleitoral e fraco suporte mediático e o que interessa tende a ser, sobretudo, o que é visível no momento.
Isso condiciona fortemente a acção científica dos economistas, chamados a apoiar os decisores políticos com os seus conselhos, fazendo-os correr um risco sério de abandonar a capacidade de olhar à distância, para fornecer soluções que apenas atendem ao contexto imediato."

COMENTÁRIO
Tudo isto invocando a tal lição de sapiência (vejam lá) proferida em Fevereiro de 1982 antecipando-se então, a segunda vinda do Fundo Monetário Internacional a Portugal, no contexto do acordo de ajustamento que acabou por vir a ser assinado em 1983. Lição essa dada sabem por quem?
- Precisamente por quem tinha exercido o cargo de Ministro das Finanças e do Plano em 1980-81, no Governo do Primeiro-Ministro Francisco Sá Carneiro, e era então Presidente do Conselho Nacional do Plano (1981 a 1984).
Sabia do que falava então e parece que sabe do que fala agora.
Em Fevereiro de 1980, Cavaco Silva, Ministro das Finanças de Sá Carneiro, revalorizou o escudo em 6 por cento, sendo a primeira subida do valor externo do escudo depois da Abrilada. Esta medida dificultou as exportações. As importações subiram assim como os gastos orçamentais. O défice das transacções correntes subiu 5% (do PIB) em 1980 para 11,5% em 1981 e 13,2% em 1982. A dívida externa aumentou de 467 para 1199 milhões de contos. A somar a tudo isto, o Prof. Cavaco Silva foi também responsável por um clima de crispação contra a liderança de Francisco Balsemão o que levou ao fim da AD e, nas eleições de Abril de 1983, à vitória do PS.

Claro que e porque o descalabro já era tanto como Cavaco Silva reconhece agora que reconheceu em 1982, o FMI entrou cá de facto. Mas pela Mão de Soares e Ernani Lopes. Consta que, como técnico de um tal gabinete de altos estudos do BP, Cavaco Silva não participou nas negociações. Pudera! Como deixara o País sabia ele!!

Mas quanto á visão a longo prazo que ao que parece, obcecados pelos resultados eleitorais, os políticos não têm, estarão então disponíveis os economistas para obviar graças ás sua capacidades técnico-cientificas obtidas nas tais universidades.

(Ficaria apenas por definir a que quadrante politico deveriam pertencer os economistas consultados. O mais provável, ao do vencedor das eleições. Mas se formos por aí lá se iria o rigor cientifico a favor das opções subjectivas e ideológicas)

Bem esta é demais. É que Cavaco, à data, já tinha sido político e economista ao mesmo tempo como Ministro das Finanças. O que repetiu entre 1985 e 1995 como Primeiro Ministo. Estão agora a ver a estreiteza de visão a longo prazo e a tendência de apenas atender ao imediato, do Ministro e Primeiro Ministro Cavaco, corrigidas pela clarividência sapiente e capacidade de olhar à distância do Economista e Especialista em Finanças Anibal Cavaco Silva. E no que deu nesse longo prazo a política do betão e cimento armado. A política da destruição da nossa agricultura e pescas, A política da litoralização do País. A política do abandono do nosso mundo Rural. A destruição do nosso aparelho produtivo primário. A política do país de serviços e do turismo e de que tudo o que se necessita se compra nos supermercados adquirido ao exterior, Etc, Etc, Etc.

Mas como eu sou suspeito o melhor é lembrar o discurso do ex-Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, na Cerimónia Comemorativa do 37º Aniversário do 25 de Abril no Palácio de Belém, em 25 de Abril de 2011

"Um das razões por que chegámos à situação em que estamos foi a falta de sustentabilidade e a ausência de uma visão de longo prazo com que muitas vezes se decidiu e escolheu, comprometendo o futuro.

Antes de ser portuguesa, esta crise é uma gravíssima crise mundial e europeia, a maior desde 1929, com uma incidência aguda e particular no nosso país, pois junta às dificuldades gerais as nossas vulnerabilidades próprias. Essa crise mundial é uma crise civilizacional, moral, política, económica e social, que afecta países, grupos sociais e pessoas já antes dela muito vulneráveis. É ainda a crise do modelo económico e social neoliberal, que se recusa a não reconhecer o seu fracasso e continua a querer aproveitar em seu favor os danos que causou. Esta contradição essencial — estarmos a tentar combater os males com os remédios que os causaram — mostra-nos que ainda não foi virada a página. Jorge Sampaio"
Ao que parece SAMPAIO ( e reforçado pelo facto deste discurso estar na página da Presidências ver http://www.presidencia.pt/?idc=22&idi=53125)  referiu-se então a marcianos!

FANTÁSTICO MELGA! Seria de rir como o Herman,
Mas o que me dá é vontade de chorar!
Lopesdareosa

segunda-feira, 23 de maio de 2011

MONGÓLIA

Grande salto. Mas não bem bem à Mongólia mas por lá perto.
Passa ao lado de muito boa gente que por esses lados há uma forma de cantar em que o cantador utiliza a garganta de tal forma que consegue emitir duas ou três notas musicais ao mesmo tempo.
Vejam Huun-Huur-Tu de TUVA.
Há Japoneses e Turcos que fazem coisas parecidas

Enfim coisas do youtube.

Mas não é novidade. O Passos Coelho e outros  políticos conseguem cantar uma coisa e o seu contrário simultâneamente.
E em em tonalidades diferentes.
Menos aqueles que são conhecidos pelos da "Cassette", que pela constância e coerência deve ser elogio!

TONE DO MOLEIRO NOVO

quinta-feira, 19 de maio de 2011

RENDIMENTOS DO TRABALHO

O SÓCIO-ECONÓMICO

Eu sou do tempo em que velhos eram os outros. Pelos vistos aos velhos pertenço eu agora dado que já digo
- Eu sou do tempo em que...                ...qualquer coisa.

Isto vem tudo a propósito de uma moda que seria muito interessante datar o seu início.

Ou seja, cresci num ambiente em que os rendimentos não provinham do trabalho.
Perguntava-se.

- De que é que ele vive? Nunca o vi a trabalhar!

- Ah! esse não trabalha. Vive dos rendimentos.
Era a justificação.

Ou seja, o que eu sabia é que do trabalho haveria um soldo, um salário, um ordenado.

Rendimentos tinham aqueles que viviam da "renda" do lucro, das vacas a ganho, da agiotice, dos ganhos de capital e etc.

 Ficou célebre até aquela cena em que um juiz perguntou e agora não sei se a um réu ou a uma testemunha, qual era a profissão do indagado.

- Capitalista. Foi a resposta.

Ao que sei o patrono verberou a mesma salientando que ser capitalista não seria profissão.

Ou seja, mutatis mutandis (1), nem do trabalho se retira rendimento da mesma forma de que quem vive dos rendimentos  não exerce qualquer profissão.

Ora a coisa estava mais ou menos estabelecida até há bem pouco tempo. Quando entrei para os Estaleiros
havia uma Secção chamada ORDENADOS E SALÁRIOS. O chefe dessa secção era o saudoso e espectacular Carlos Alves. Nunca essa secção se chamou Secção dos RENDIMENTOS DE TRABALHO de suas excelências os trabalhadores dos ENVC.

E a coisa funcionava de tal ordem que o imposto que os ordenados e salários pagavam ao Estado se chamava IMPOSTO PROFISSIONAL.

Ora já depois da Abrilada resolveram inventar o IRS e foi mais ou menos a partir daí que comecei a ouvir falar de Rendimentos do Trabalho.

Ora Rendimentos de Trabalho é um eufemismo e ao mesmo tempo uma contradição. Ou se trabalha ou se vive de rendimentos.

A ideia foi-me magistralmente sintetizada por um galego de seu nome Manolo, que tendo encomendado a instalação de dois GMs na sua voadora, me viu, atarefado, a resolver problemas do trabalho lá na Mecânica.

Condoído, pesaroso e paternal me aconselhou:

- Hombre! no trabajes tanto. No tienes tiempo de gañar diñero!

A coisa sempre trouxe água no bico e isso dos rendimentos de trabalho é mais para fazer crer que não há outros rendimentos ou que esses outros não serão tanto ou mais importantes no global da  economia.

E o que eu gostaria de saber era qual o peso percentual dos impostos sobre os tais rendimentos do trabalho em sede de IRS e compará-lo com o peso desses mesmos rendimentos em sede de PIB relacionando-os aí com os rendimentos de capital. Espero que alguém me ajude.

É que já ouvi dizer para aí que quem trabalha é que paga imposto. Como se a remuneração do trabalho fosse a única fonte para amanhar a vidinha.

Vem tudo a propósito da crise e de todos os doutos e encartados economistas não saberem mais nenhuma ladainha que não seja que temos que cortar nos salários e pensões.
Pergunta-se:
-Só os que dependem de salários e pensões é que ganham dinheiro?
- E os outros?

Uma vez aqui,  lembro agora o que o Chefe Pereira da Sala de Projecto dos ENVC contava e já antes da abrilada!

Sempre ouvira os políticos e administradores públicos, nas suas arengas discursivas, falar do Sócio-Económico.

Ele era o Ambiente Sócio-económico
Ele era o Desenvolvimento Sócio-económico
Ele era o Impacto Sócio-económico
Ele era a Evolução Sócio-económica.
Elas eram as Mudanças Sócio-ecomómicas
Elas eram as Estruturas Sócio-económicas
Eles eram os Processos Sócio-económicos.
Eles eram os Sistemas Sócio-económicos.
Ele era o Nivel Sócio-económico
Ela era a Análise Sócio-económica.
Ela era a Natureza Sócio-económica.
Ele era o Contexto Sócio-económico.
Ela era a Conjuntura Sócio-económica.
Ele era o Impacto Sócio-económico.
Ele era o Ordenamento Sócio-económico.
Ele era o Domínio Sócio-económico.
Eles eram os Estudos Sócio-económicos.
Ele era o Meio Sócio-económico.
Ele era o Quadro Sócio-económico.
Ele era o Apoio Sócio-económico.
Ele era o Balanço Sócio-económico.
Ele era o Estatuto Sócio-económico.
Eles eram os Grupos Sócio-económicos.
Ele era o Perfil Sócio-económico.
Ele era o Retrato Sócio-económico.
Ele era o Contexto Sócio-económico.
Ele era o Enquadramento Sócio-económico.

( Agora a lenga-lenga é a mesma!)

E ele, que tanto matutara no que seria o tal Sócio-económico, chegara, por via dos impostos, à  conclusão
que os ECONÓMICOS éramos "nós". E os SÓCIOS eram "eles".

Até que um dia o PESSOAL  acorde (Isto digo eu)!

Nota (1)
Não faço ideia do que isto seja. Encontrei numa página sobre expressões  latinas e colei aqui.
Sempre dá um ar de intelectual ao texto!

TONE DO MOLEIRO NOVO

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PEDRO HOMEM DE MELLO - Largos de Afife

O LARGO DA SENHORA DA LAPA

A este largo cheguei, de bicicleta, em Setembro de 1963 num sábado à noite a tempo do arraial.
Tinha 14 anos e nunca vira tal coisa. Afife, aldeia, estava toda alí. Até um chedeiro com um pipo de vinho havia. Areosa já nesse tempo, esse tempo tinha acabado. Arraiais de festa de Santo de Capela houvera os últimos na Boa Viagem, até  que acontecera uma morte matada e até a festa tinha morrido. Bem, excepção feita a São Mamede mas onde nunca encontrei  ambiente parecido com o de Afife. A festa  de S. Mamede era no dia de domingo.

Eu e um bando deles de Areosa que encostados e atordoados, ao muro fronteiro à capela fomos convidados, um a um, por uma môça de Afife, para dançar. Até ela se adevertiu com o nosso acanhamento.

Mais tarde, com a convivência em Afife, apercebi-me que na parede da Casa adjacente ao Largo da Senhora da Lapa tinha sido colocado um azulejo com um texto do Dr. Pedro.


FELICIDADE

                        "COMO É BOM POUSAR AQUÍ A ENXADA
     LAVAR AS MÃOS ONDE O SUOR CORREU
     DIZENDO AO VER NA CASA ABENÇOADA
     A MULHER, OS FILHOS…
     TUDO ISTO É MEU!
  
                                                                PEDRO HOMEM DE MELLO
 
Quem quizer ver aqui a felicidade de um lavrador do Alto Minho, que veja!
Quem quizer ser mais abrangente pode ver a felicidade de qualquer humilde cidadão do mundo.
 
Mas não se esqueçam de dois pormenores sem importância. Está fixado numa parede de Afife e quem o disse foi PEDRO HOMEM DE MELLO.
 
Lopesdareosa

terça-feira, 10 de maio de 2011

LAGARTEIRA

LAGARTEIRA  EM  GONTINHÃES


Tão perto e tão longe. Tão perto na geografia, tão longe na nossa memória.

Santa Marinha de Gontinhães assim se chamava a paróquia antes que a República a tivesse crismado Vila Praia de Âncora.

Até aos meus catorze anos para mim só ouvia falar de Vila Praia de Ancora até que cheguei a Afife onde o topónimo se conservou por muito tempo.

- Vou a Gontinhães. Diziam

Por essas alturas apercebi-me que Âncora é na margem esquerda (sul) do rio. Na margem direita é Riba de Âncora e Trazâncora na Montaria.

Na Lagarteira faziam uma importante festa e feira anual na segunda-feira depois da Pascoela. De tarde havia baile na sociedade. Um ano fui lá. Vim no comboio das oito mas os meus olhos ficaram em Afife.

Lopesdareosa

PÁSCOA


PÁSCOA  EM  AREOSA


Os Americanos ainda não sabem da festa  que se faz no Alto Minho por alturas do equinócio da Primavera. Se soubessem patrocinariam a ressurreição de Cristo e ainda nos fariam acreditar que se não fosse a COCA COLA estaríamos sujeitos à condenação perpétua sem ninguém para nos redimir.

Mas nas mesas das minhas páscoas nunca lá vi a Coca Cola.

(Era proibida. Alto contrabando no tempo do Salazar!)

Se tal sucedesse como é que se iriam apanhar aquelas valentes bebedeiras. E eram de tal ordem que ainda me lembra a do Bicheira que caiu a vomitar, pelas escadas da varanda do Moleiro Novo, com a camisa tinta de vinho.

Para mim a Páscoa era, no domingo de tarde,  a grande concentração no Largo da Giesteira. Depois para Norte a Casa do meu Tio Zé que apresentava sempre uma mesa com várias saladas feitas com conservas de sardinha e outras coisas boas do Mar. Depois outra grande concentração no largo do Chão de Vinha, a Casa de Inácio e depois na Casa da Boavista. Na varanda desta casa vi, um ano, os gaiteiros dançarem em cima da pele de um bombo deitado na varanda.

Na segunda-feira a Cruz vinha de manhã da Casa do Cascudo para a Casa do Panza depois seguia para a casa do Chove e  Casa da Cataluna. O Tio António ía às navalheiras. O Arménio era da rapaziada. Depois a casa do  meu avô do Lopes na Ilha do Pico. A minha avó tinha ao costume de ter uma panela de fígado que distribuía em sandes. Depois a Casa do Senhor Manuel da Baeta que oferecia todos os anos bacalhau cru desfiado. Casa do Fusco e a grande concentração no largo da Boa Viagem

De tarde outra grande concentração na ponte nova a subida por Sorrio e as batalhas de amêndoas no Alto da Tomázia com os rapazes a a lavrarem o pó do caminho na ânsia de apanhar as amêndoas que caíam do chão

 

Este era o Compasso da Páscoa de 1931. De imediato, o Padre Videira, à sua direita o Domingos do Gonçalo ainda rapaz mas já sebrancelhudo. Ao lado deste um seu tio, de patilhas e que era sacristão. Mais
ao lado a de sorriso malandro era a Florinda tambem do Gonçalo. Os outros identificarei logo que possa.

Lopesdareosa