sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Via Sacra de Areosa


A Via Sacra de Areosa    

( Conforme Publicado na A Aurora do Lima, edição de 22 de Fevereiro de 2018)
                                                                          
Este texto não se propõe  desmerecer a memória de Figueiredo da Guerra (F.G.) nem a desmerecer as memórias que F.G. ajudou a preservar com o seu persistente trabalho de investigador e guardador de documentos ( … grande memorialista… no conceito  de Rosa Araújo ). Apenas e  só,  comentar as consequências de uma imprecisão já demonstrada por França Amaral no FALAR DE VIANA de 2015 pgs. 311 a 313 e nos CADERNOS VIANENSES de 2017 pgs. 171 a 232.

Tudo começou com um texto publicado pelo Tenente Coronel Cunha Brandão, de Paredes de Coura, publicado na A Aurora do Lima em 14 de Agosto de 1918 intitulado  A quebra das Cruzes da Via Sacra de Areosa. Este texto, apoiado nos documentos encontrados no Códice nº 729 da Secção de Manuscritos da Biblioteca Nacional de Lisboa, referia-se ás cruzes de uma Via Sacra de Areosa aparecidas quebradas na madrugada de 10 de Outubro de 1729 e logo denunciado à Inquisição de Coimbra pelo pároco ( de Areosa) Francisco Vieira Guedes. A demanda prolongou-se por 1732, 37 e 38. Sempre segundo Cunha Brandão.

Dez anos depois, em 18 de Agosto de 1928  e na mesma A Aurora do Lima, Figueiredo da Guerra teve o cuidado de corrigir Cunha Brandão sem que se conheçam agora as suas motivações para tal e publicou por sua vez um texto intitulado As cruzes da Senhora da Agonia. Dizia Figueiredo da Guerra  que  o titulo que Cunha Brandão tinha dado à noticia, A quebra das Cruzes da Via Sacra de Areosa, era inexacto. Assim remeteu, F. G. essa tal destruição, para as Cruzes da Via Sacra que vinda de Santo António rodeava a ermida de Nossa Senhora da Penha de França e terminava na chamada Capela do Bom Jesus da Via Sacra   ( Sra. D’Agonia) superintendida pela Ordem Franciscana. Fazendo considerações à Casa da Via Sacra dos Figueiredo da Guerra, à Cancela de Areosa e à Guarda Republicana.

Esta Via Sacra, levantada no ano de 1670 por influência do Venerável Frei António das Chagas, fundador do Mosteiro do Varatojo,  encontra-se perfeitamente identificada e lineada na carta, Planta de Vianna Barra e Castello feita em 1756 acrescentada na cerca do Convento dos Crúzios em 1758 existente na Biblioteca Pública Municipal do Porto que por sua vez terá sido antecedida por uma outra existente na Sociedade de Geografia de Lisboa, Planta da Villa de Vianna e sua Barra e Castello  onde também se pode observar o trajecto de tal Via Sacra.

Acontece que Rosa Araújo da sua  Memória da Capela de Nossa Senhora da Agonia (1963)  a pgs. 8 e 9 insere, no seu trabalho, esse mesmo texto de F. G. sem qualquer outro acrescento, a não ser uma nota a pgs. 9 mas sem beliscar o escrito de F.G.

Mais tarde  A Falar de Viana  em 1998, pgs. 192,  viria a republicar o texto de F.G. intitulando As Cruzes da Senhora D’Agonia. E o mesmo A Falar de Viana  repete essa republicação em 2005, pgs. 53, 54, e 55 com o mesmo título, mas desta vez remetendo também para José  Rosa de Araújo.

Mas, mais recentemente, França Amaral fez uma leitura cuidada desse tal Códice nº 729 onde pode verificar que a tal via sacra era mesmo a Via Sacra de Areosa e que Cunha Brandão não tinha publicado qualquer imprecisão. Esse esclarecimento foi feito no A  Falar De Viana de 2015 pgs 311 e 313. E já nos Cadernos Vianenses 2017 pgs. 171 a 232 França Amaral faz publicar a leitura dos próprios documentos constantes no tal Códice 729.

Ou seja F.G., com o que publicou em 1928, induziu em erro tanto Rosa Araújo ( cujo apreço por FG  o leva a considera-lo … grande memorialista…), como as citações posteriores.

Este equivoco, como lhe chamou França Amaral, poderia resultar de F.G. apenas conhecer  a tal  Via Sacra vinda de Santo António e suas circunstâncias, mas o que não se entende é o período final de F. da G. em 1928:

“O douto courense  Cunha Brandão, desconhecendo tais particularidades, confundiu os factos que nós sobejamente sabemos por nascermos neste sítio e nele morarmos, possuindo mesmo os respectivos documentos”

Que demonstra que F. G , ou  não leu os documentos que diz possuir ou, tendo-os lido, teve uma qualquer insondável necessidade de contraditar o seu …erudito amigo Tenente Coronel Cunha Brandão… passados dez anos que foram de 1918 a 1928 e já depois  da morte  deste, evitando assim qualquer reacção da parte do … douto courense...!

Episódios como este terão levado  Almeida Fernandes a considerar que  F.G. … emitiu várias vezes opiniões sem fundamento  ou totalmente erradas embora o faça em regra sem qualquer signo de dúvida… (Ver A. F. - COMO NASCEU VIANA-1959 Capitulo V – REFUTAÇÕES A J. CALDAS. F. DA GUERRA E A. SAMPAIO a pgs. 33)

E aos citadores, actuais e vindouros, aconselho a que exerçam um salutar criticismo mesmo quando enfrentam Almeida Fernandes. Ele próprio, num exercício de elevação intelectual aliás, pôs em causa algumas das suas conclusões.

E, para ter assunto na próxima, mais não digo!

lopesdareosa

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Zé Amorim - Zé da Garrida


Gente que não era do faz de conta|



O Rogério da Ângela da Maranhão ofereceu-me esta imagem de seu pai, Zé Amorim aqui acompanhado pela Cila do Mário da Farrapeira. Ela das das Manças. A concertina era do o Henrique da Garrida, avô do Rogério. Os irmãos do tocador da fotografia,  o João da Loura e o Domingos da Sampaia, também tocavam concertina.

Por mero acaso a Anabela mostrou-me, no meio dos papeis de seu pai, a fotografia que segue e que eu procurava pois está publicada em diversas ocasiões de que lhes perdi o rasto.

A concertina já não era a do Ferrinhos, ali par os lados de Piães. É uma Hohner daquelas que eu tenho quatro.

As mulheres de Afife que o acompanham, de quem me lembro, mas onde apenas reconheço a Maria Catônha, não posso garantir mas sei ao certo que não iam na parada por acaso nem a representar coisa nenhuma. Eram mesmo daquelas que iam ao mar ao argaço!

Mas como o Rogério me vai guiar pela gente de Afife, eu chego lá!


lopesdareosa

sábado, 10 de fevereiro de 2018