quarta-feira, 25 de maio de 2022

26 de Maio de 2022 Dia da Espiga.

 Este ano calha a 26 de Maio!

A este respeito já escrevi em


Já falei nisso em

http://lopesdareosa.blogspot.pt/2011/06/leite-de-mae-e-filha.html


Também falei de MÁRIO CALDEIRA PEDRA em


https://lopesdareosa.blogspot.pt/2017/06/mario-pedra.html

Mas vou repetir o que saiu em
 

https://lopesdareosa.blogspot.com/2018/05/dia-da-espiga.html


E aqui faço menção às raparigas de Areosa e à veiga desta!


Também o Mário Pedra se perdeu no meio dos amores tornados imperfeitos. Despediu-se de nós num recado deixado ao cuidado do seu irmão mensageiro Manuel. Para trás ficou um texto que, tenho as minhas dúvidas que "a dos Rios",       "a das Veigas", "a dos Fontanários", "a dos Montes", "a de Vinha", " a dos Moinhos" de hoje mereça. Mas fica para a posteridade.

AREOSA

Areosa, sítio ameno
onde eu ia à Espiguinha
quando era mais pequeno

Suas veigas são tapetes
Quando do monte se avistam
E as saias das raparigas,
encarnadas tão garridas
Fazem lembrar num instante
Gotas de sangue brilhante
que estão na erva caídas.

Quando chega a primavera
e as papoilas aparecem
As aves em chilreada
Pousam na veiga renovada
E todas juntas oferecem
Trinados maravilhosos
À eterna Mãe Natureza
Que te deu tanta beleza
Desde o Monte até ao Mar
Onde vão ter os regatos
em meandros sinuosos
lutando contra o momento 
de terem que te deixar

Areosa, sítio ameno
Onde eu ia à espiguinha 
quando era mais pequeno

Mário Pedra


Nota da redacção. 
Mário Pedra, um romântico no tempo em que era um regalo ver aquela  relutância dos regatos lutando contra o momento de terem que  acabar a retirada. Hoje o Rio do Pégo corre mais lesto em enxurradas. Depois séca, como que evitando de véspera prolongar o convívio. Lá terá as suas razões! 

Aqui vai uma imagem (real) de uma das tais                                               saias (e das tais raparigas) encarnadas tão garridas"



















                                               Trata-se da Senhora Ana da Enguina ( com as minhas homenagens), não no dia da espiga mas colhendo  os pundões que tinham a ver com outras espigas - as do milho!

ah! - Mas a pose!

Dirão os puristas encartados. 

Claro que sim. 

Foi pose para o Senhor José Fernandes e seu amigo fotógrafo. 

A indumentária era novinha em folha e a fotografia deu postal.

No entanto o avental era assim e era dela.

No entanto a saia era assim e era dela.

A faixa era assim e era dela.

O lenço era assim e era dela.

O chapéu era assim e era dela

Os brincos eram assim e eram dela.                                                                (não lhe foram oferecidos pelo António Ferro!)

E a blusa era assim e era dela. 

Blusa que foi a última peça de vestuário saída da imaginação das costureiras e do gosto das raparigas. 

Não havia modelos de catálogo.                                                                            O necessário era ir á feira e comprar o padrão mais bonito. 

A minha irmã Carminda muitas fez para as de casa e também para as de fora! Com mais ou menos folhos com mais ou menos golas

E  assim ou com roupa mais coçada de trabalho, foi este quadro que Mário Pedra viu quando tudo era verdade.

... as saias das raparigas,
encarnadas tão garridas
Fazem lembrar num instante
Gotas de sangue brilhante
que estão na erva caídas.


Areosa, 26 de Maio de 2022

Tone do Moleiro Novo

Nota final. - 

O meu atrevimento de ir incomodar a Senhora D. Ana da Enguina por coisas sem qualquer interesse para o faz de conta, teve as suas compensações.

Rara era a casa de lavoura que tinha bois. Os da Enguina tinham. Eram estes, acabados de regressar do Rio do Pégo ali em Sorrio quando ainda o calvário do Cruxificado era da banda de cima da estrada. A heroína é a mesma! A saia tanto se usava aqui como em Afife, ou mesmo em Carreço. Os sócos (ou as chancas) tinham ficado em casa que descalços não só se ia à escola. Também se trabalhava! - E a vara era das de aguilhão, mesmo proibido!




sábado, 7 de maio de 2022

MODELO UNIVERSAL

 Então, seus gestos sábios

encontraram o caminho certo

e o inatingível ficou ali tão perto

das mãos, dos cheiros e dos lábios


ao nosso lado rondava a maresia

acompanhando o vai vem das suas ancas

tão perto se acercava que às tantas

O sussurrar da noite ela ouviria.


e aquele mar, naquela noite, desfez lençóis na praia

a carne acendeu-se, banhada em água fria

O luar sumiu-se pensando ser dia


E naquela noite, naquele mar e naquela praia

chegaram estrelas ver o que seria

Viram redenção. Viram poesia.