segunda-feira, 22 de maio de 2023

Andam a gozar com a nossa capacidade de pensar

 Isto porque ao Ler a edição em papel do PUBLICO hoje deparei com isto que também encontrei na edição online.

https://www.publico.pt/2023/05/21/azul/noticia/primeira-floresta-miyawaki-algarve-ajudar-combater-seca-2050454

Quando na mesma noticia e mais abaixo que a coisa consistia em plantar aquilo que era autóctone lá do sítio.

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"Zambujeiro, aroeira, loendro, alfarrobeira, esteva e murta são algumas das espécies plantadas na pequena floresta de 100 metros quadrados que a bióloga gostaria que servisse de exemplo para ser replicada noutras zonas do Algarve e mesmo do país."

Acontece que fico espantado com a necessidade de vir um tal de "Miyawaki" dizer par plantar aquilo que nunca deveriamos ter deixado de plantar.

Já agora dou mais uma dica aos Algarvios.

Plantem Figueiras - cresci a ouvir falar dos figos do Algarve

Plantem amendoeirascresci a ouvir falar nas amêndoas do Algarve

Plantem alfarrobeirascresci a ouvir falar das alfarrobas do Algarve

Plantem medronheiroscresci a ouvir falar da aguardente de medronho. 

Às tantas não servem de nada os meus conselhos

NUM NASCI JAPONÊS





quinta-feira, 18 de maio de 2023

Imposto sobre compra de habitações enche cofres das Câmaras.

 No JN de hoje!




Artigo 65º da Constituição da Republica Portuguesa


1." Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal .."


Declaração Universal dos direitos do Homem
Artigo 25º



"Todos os seres humanos têm direito a um padrão de vida capaz de assegurar a saúde e bem‑estar de si mesmo e da sua família, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora do seu controlo."


Nota 
 O direito à habitação é um direito ( pelo que se vê parece que é necessário reforçar a ideia) consagrado tanto na Declaração Universal dos Direitos do Homem com na Nossa Constituição.


É um direito que, pelos vistos, serve para encher os cofres das Câmaras. (já agora...do Estado!) 


 Olha se não o fosse!!!


























sábado, 13 de maio de 2023

Para tão longo amor tão curta a vida

 

   "pera tão longo amor tão curta a vida!"

       Luiz de  Camões.


tão pouca vida

Para tanto amor

Tão pequeno coração

para tanta dor

 

Tão curta a manta

E chulos há tantos

Tão grandes as patas

Curtos os tamancos.

 

Tão pouca a renda

Pra tanto agiota

Tão pouca testa

Pra tanto idiota

 

Para tanta fé

Santo tão ingrato

O trabalho do Zé

Tem que ser barato

 

Serôdia poupança

Maior o imposto

Tão pouca a esperança

Pra tanto desgosto

 

Tamanha é a vara

Pequeno o chiqueiro

Triunfo dos pórcos

Quem manda é o dinheiro

 

A bitola do mundo

Mal aplicada

uns comem  tudo

Os outros que comam bolos

 

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Anda toda a gente enganada.

 O meu amigo Berto Enes costuma perguntar qual é o animal mais perigoso do mundo.

A maioria responde que é o Leão!

- Num é não! 

- O animal mais perigoso do mundo é o Pinton.                              Porque o Leão não é assim tão perigoso com'ó pintom!

Isto vem a propósito do tal lítio. Afinal não é nada com'ó pintam!

Isto é o que se pode concluir da notícia de Hoje no JN sobre o tal fórum da sustentabilidade e sociedade acontecido ontem no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos.















Ou seja, o tal lítio a que a Serra d'Arga não deu oportunidade, afinal seria a chave de uma procura por uma indústria mais limpa. Mais nada!

A própria agricultura - a lavoura da Nossa Amiga Sandra por exemplo - ficaria de fóra. 

É suja e cheira mal. 

Os pórcos andam à solta! 

Ainda por cima vão lavar-se ao rio.



( Ver reportagem completa em...

https://lopesdareosa.blogspot.com/2022/08/imagens-da-serra-darga.html )


As galinhas cágam nos caminhos!

















Ainda por cima a Sandra espalha nas leiras (ou seja no meio ambiente) estrume fedorento retirado dos eidos e das estriqueiras. 












As ovelhas deixam caganitas nos caminhos por onde passam nas suas idas e vindas, ao e do pasto.














Tudo atentados à paisagem transgénica explicada por Álvaro Domingues.


Ora então com o tal lítio - chave da limpeza industrial, quiçá da agrícola - estaria garantida  a tal agricultura ideal  num lindo espaço rural sem cheiros a chorumes e a fosfatos.

Cheiraria a lítio que ainda por cima é inodoro como toda a gente sabe.

Mas da noticia de tal evento se pode concluir que lá FALOU QUEM SABE (num escrevo "sabia" pois no espaço de um dia os intervenientes não iriam perder a sabedoria).

Só é pena que não tivesse falado quem faz, aqui, ali e acolá.

Não percamos a esperança pois nas noticias sobre o evento se pode ler...

"A presidente da Câmara destacou ainda o papel fundamental dos cidadãos e da população “que deve ser envolvida ativamente neste caminho de busca de um crescimento e futuro sustentáveis. Estamos orgulhosos por sermos os protagonistas da troca de ideias, da discussão, da reflexão, e do planeamento”, acrescentou."

Este texto tem duas entradas.

A primeira é esperar que de facto os cidadãos e a população sejam ouvidos para que tenham um papel fundamental na problemática.

A segunda é que de facto isso aconteceu e precisamente na Serra d'Arga, que em nome da real sustentabilidade ( que não da propalada) os cidadãos e a população recusaram o tal Lítio!

Notas
Ver em que consiste o que verdadeiramente é sustentável em

Mais uma vez os meus agradecimentos à Sandra Gonçalves pois muito embora não "trabalhe para a fotografia", se dá ao trabalho de fixar e publicar as imagens do mesmo!



sexta-feira, 5 de maio de 2023

Campus Stellae

 Campus Stellae









Longe de tudo

perto de nada

passam na estrada

em silêncio surdo


Num sei se pensei em Goethe ao ver os peregrinos ou se pensei nos peregrinos ao ler Goethe.

O que sei é que passando em silêncio e surdos, não passam mudos.

Dizem BOM DIA! 

- Até os Coreanos!

Vantagem de ler os manuais do peregrino antes da caminhada!

Coisa que os urbanos não fazem quando por nós se cruzam nos caminhos da parvónia!

- Os do monte que se phodam!

terça-feira, 2 de maio de 2023

RAIZES

 Raízes

 


«Ontem à noite, enquanto navegava pela Internet, encontrei a história de um homem que, durante anos, plantou uma árvore por mês no seu quintal. A parte estranha é que, depois do momento da plantação, nunca mais as regou. Não é como se não interagisse com elas porque, na verdade, para além de lhes ler poesia diariamente, mais ou menos de duas em duas semanas, quando o tronco começava a ficar suficientemente forte, batia-lhes com força com um jornal.

Aquela atitude, estranha e pouco coerente com o feitio do homem, fazia com que os vizinhos sussurrassem entre si e elaborassem as mais variadas teorias. Até que, um dia, um dos vizinhos mais jovens, incapaz de continuar a conter a curiosidade, interpelou o homem e perguntou-lhe por que razão se dava ao trabalho de plantar árvores se depois não as regava e elas acabavam por crescer de forma muito mais lenta do que o esperado. A resposta foi surpreendente: “Se eu regar as minhas árvores, elas vão habituar-se a ter sempre água disponível à superfície e as suas raízes serão fracas, mas se eu não as regar, as raízes serão forçadas a procurar água em níveis mais profundos do solo e ficarão mais fortes e mais bem implantadas.” Já sobre a poesia e as pancadas com o jornal, a justificação foi que era importante alimentar as árvores com beleza, mas era igualmente importante dar-lhes uns abalos de realidade, de vez em quando, para as tornar mais resilientes.

A história, que tinha mais umas quantas mensagens pelo meio, acabava no dia em que o vizinho, quase meio século depois desta conversa, voltava ao local e encontrava, no antigo quintal do homem, uma espécie de floresta de árvores de tronco forte e copa frondosa com ar de conseguirem resistir a todos os temporais.

Não costumo gostar particularmente de histórias deste género, mas não consegui resistir a esta por falar de um assunto que me diz tanto. Não sei se em termos de botânica (ou será dendrologia?) esta história faz grande sentido. Mas sei que nada nesta vida nos mantém tão seguros como a profundidade das nossas raízes. E o meu coração aperta sempre que vejo alguém negá-las.

Há uns anos, seguramente mais de dez, uma colega confessou-me que a mãe, que todos pensávamos ser professora, era, na verdade, auxiliar numa escola primária. Tal como a minha, por acaso. E quando lhe perguntei por que raio tinha decidido criar uma história fictícia à volta da profissão da mãe, explicou-me que tinha vergonha da pobreza em que a sua família sempre vivera. Naquela altura tive vontade de a abanar e de lhe explicar o óbvio: tirando uma pequena percentagem de famílias muito privilegiadas, a maioria de nós vem da miséria e do campo.

As histórias de um Portugal pobre onde uma sardinha era dividida por dois e onde os caldos de couve com pão eram tudo o que existia para aconchegar o estômago são transversais aos antepassados de uma grande parte da sociedade portuguesa. Avós e bisavós, sem dentes e sem casa de banho em casa, que caminhavam para a escola descalços com uma lata com brasas na mão para suportarem o frio da madrugada. Avós que nunca sequer tiveram a sorte de poder sentar-se num banco escolar. Avós que aos sete anos já trabalhavam de sol a sol na agricultura ou que, se meninas, eram enviadas para a casa de famílias ricas onde se tornavam “criadas de servir”. Avós e bisavós da esmagadora maioria dos portugueses.

Nós somos os netos do analfabetismo, da exploração infantil, do lume de chão e da fome. Somos os netos dos banhos tomados em alguidares e dos bacios debaixo das camas. Somos netos do trabalho duro, das casas minúsculas e dos quatro irmãos na mesma cama. E foram esses avós que nos fizeram fortes.

Desprovidos de liberdade, no escuro, com a censura a decidir o que podiam e não podiam ouvir. Lutaram para que os filhos pudessem caminhar ainda que não soubessem qual o destino. Viram acontecer Abril e foram avós dos filhos da madrugada. Pobres e analfabetos, eles de pele curtida pelo sol e elas de lenço na cabeça. Vestidos de preto porque o luto era longo e integral. Marcados pela fome que, já dizia o meu avô, é muito diferente da vontade de comer que hoje conhecemos. Foram as raízes que buscaram a água nos níveis mais profundos do solo. São as raízes que seguram a floresta que somos.

Contou-me uma vizinha que no dia em que o meu pai voltou de Moçambique, depois de mais de trinta meses na Guerra Colonial, a minha avó paterna correu do tanque público do chafariz até casa para ver o seu menino, o filho mais novo, de quem há meses nada sabia. Deixou a roupa, largou tudo, e simplesmente correu como se a idade não lhe pesasse e como se os acidentes isquémicos transitórios não se fossem já sucedendo com uma frequência assustadora.

E a minha avó materna, que, sem conhecer uma única letra, juntou tudo o que conseguiu durante um ano e partiu de autocarro, com uma alcofa de verga em cada mão, até Lisboa, para visitar o filho mais velho que uma tuberculose pulmonar tinha empurrado para o Sanatório do Lumiar? E que quando tentava entrar para a carruagem do metro, coisa monstruosa que nunca tinha visto, empurrada pela confusão, acabou por cair de costas enquanto sentia que outros pés a pisavam sem hesitar. Sabem uma coisa? Tudo aquilo em que conseguiu pensar quando a esmagavam era que não podia largar aquelas alcofas que com tanto sacrifício tinha preparado para o filho. Ficou pisada, com a pele repleta de equimoses e cheia de dores no corpo, mas o meu tio João recebeu os queijos, o pão, o bolo, as azeitonas e as linguiças do Alentejo.

As minhas avós, que para o mundo nunca fizeram nada de extraordinário, foram mulheres extraordinárias. Transformá-las em professoras ou em enfermeiras por uma questão de estatuto seria matar-lhes metade da história e, pior do que isso, apagar uma parte importante do que sou.

Quando deixamos de saber de onde viemos, perdemos a noção de quem somos e do lugar para onde vamos. No dia em que perdemos as nossas raízes mais profundas ficamos à mercê do vento e das tempestades. No dia em que renegamos aquilo que nos sustenta tornamo-nos frágeis.

Não gosto da narrativa de que Portugal é e sempre será um país de pobres porque me parece existir nela um conformismo que me recuso a aceitar. Mas é inegável que, de alguma forma, a pobreza nos moldou o carácter. Fingir que não é verdade e que nunca aconteceu é o pior que podemos fazer pelos que nos antecederam, por nós mesmos e pelos que nos sucederão.

Os avós e bisavós de Portugal caminharam na escuridão para que hoje pudéssemos ter luz. E depois transformaram-se num bosque com árvores como as do quintal do homem da história. Cada um deles está vivo nas raízes que nos prendem profundamente à terra. Ignorar isso é ignorar um país. Ignorar isso é ignorar quem somos.»

Carmen Garcia  No PUBLICO do passado dia trinta

O Livro

        Ter aqui o livro

      à minha beira

      tê-lo aqui ao meu lado mesmo à mão

      é ter aqui à cabeceira

      o Cântico dos Cânticos 

      do incumbente Salomão


É encontrar a fonte no meio dos penedos

donde jorram da vida todos os segredos


É sem ver o Mar

encontrar 

O cheiro à maresia

é ler o Sol mesmo sem ser dia


é ouvir a brisa tocando a música dos pinheiros

é ouvir o canto da sereia

                       perdição dos marinheiros


É sentir os cheiros

dos lençóis em que Vénus embrulhou Marte

    

          - Que poderá fazer o Poema que escreveste

                                                                          senão amar-te?


                                                     Ter aqui o livro

                                    à minha beira

                                    tê-lo aqui ao meu lado mesmo à mão

                                     é ter aqui à cabeceira

                                     o Cântico dos Cânticos 

                                     do incumbente Salomão