Publicado no ALTO MINHO de 30 de Dezembro de 2020
NNão Deixa de ser curioso o título
- Quando é que Viana tomou conta daquilo que pertencia aos agricultotes pra lhes devolver agora???
Desde já dois textos por mim publicados quanto:
- À circunstância
Publicado no ALTO MINHO de 30 de Dezembro de 2020
NNão Deixa de ser curioso o título
- Quando é que Viana tomou conta daquilo que pertencia aos agricultotes pra lhes devolver agora???
Desde já dois textos por mim publicados quanto:
- À circunstância
O triunfo da asneira
Li escrever e foi na A Aurora do Lima de 10 de Maio de 2018, que a Câmara de Caminha tinha anunciado que a Cividade de Âncora/ Afife estava finalmente no caminho certo para a classificação, enquanto património arqueológico de valor reconhecido, remetendo para o anúncio 66/2018 (Diário da República, 2.ª série — N.º 85 — 3 de maio de 2018 pg.12490).
Neste diploma e ao contrário da Notícia
da A AURORA DO LIMA, onde consta a
Cividade de Âncora/Afife, apenas se refere à Cividade de Âncora
situando-a no Monte da Suvidade, freguesia de Âncora, concelho de Caminha, e
freguesia de Afife, concelho de Viana do Castelo, distrito de Viana do Castelo.
Acontece que a cividade, propriamente dita, (oppidum) não é de Âncora. A Cividade propriamente dita é a CIVIDADE DE AFIFE. Quanto muito Cividade de Afife/Âncora como em tempos terá sido acordado por esta se situar em território das duas Freguesias.
Dessa forma se enfatizaria o facto da maior
parte da sua área se situar em Afife.
Pessoalmente só aceito essa interpretação dado que foi também essa a designação
que, condescendentemente, David Freitas aceitou quando publicou na A AURORA DO
LIMA DE 20 de Dezembro de 1996 o texto AFIFE – DAS ORIGENS DO TOPÓNIMO, se é
que foi ele o autor da legenda da infografia aí constante.
Dizem diversos autores que a
designação Cividade de Âncora se deve a Martins Sarmento.
Da imprecisão, de quem e porquê, se
falará mais adiante.
Mas quanto a Martins Sarmento, citado
por vários autores, não se entende como é que um homem do conhecimento estabeleceu essa
designação quando sabia perfeitamente onde é que se situava a Cividade. A ela
se refere situando-a entre a Matança e o Facho num percurso em que Afife parte
com Baltazares (segundo o tombo de 1549 tal como o Tombo de Afife de 1548 já define).
No entanto Martins Sarmento justifica que devido à densidade da vegetação
existente era difícil ter uma ideia exacta sobre a topografia da Cividade,
perguntando:
–“ Pertencia ela a Afife? A
Âncora? Respondam os anjos.”
Mas é o próprio Martins Sarmento que
mais tarde responde a essa dúvida.
No seguimento do que Martins Sarmento deixou escrito, ele próprio
testemunha que o limite de Âncora e Afife é o eixo do Monte Agudo e confirma que
o Dólmen da Ereira se situa em Afife.
E se a referência à Matança for considerada vaga, já a precisão da descrição do Cruzeiro desfaz qualquer dúvida. Localizando-o e referenciando-o à data de 1776 gravada na sua sapata e a outra data que lhe parecia ser 1656. Testemunhando também que a Norte do Dólmen do Monte Agudo aparecia a mesma data de 1776. E de uma outra igual no campo onde tinha encontrado um montão de conchas.
Martins Sarmento confessa então que não
imaginava o porquê dessas datas!!!
Acontece que mais tarde Martins Sarmento
e em NB, informa que afinal a célebre data de 1776, encontrada em diversos
sítios - na Lage da Ereira, na Cividade, Cruz da Matança etc. aludiam à divisão
de Âncora e Afife. E quem lho confirmou, não
tinha sido nenhum anjo. Mas sim o representante de Deus na Terra, mais precisamente
o abade Âncora, Manuel José Gonçalves. Esse sim é que designou o castro como
Cividade de Âncora muito embora mostrasse e demonstrasse a Martins Sarmento que
a maior parte da Cividade se encontrava em Afife.
Pois foi então do conhecimento de Martins Sarmento que a linha divisória
começa no Forte de Cam, que ainda é de Âncora indo até ao Castro dos Mouros
(Cutro).
Ora o que Martins Sarmento e o Abade
de Âncora descrevem são os limites constantes nos tombos já referidos e
identificados no terreno com a
particularidade de a data de 1776 não se referir à data de qualquer tombo mas
sim a de um traslado do tombo da Comenda de Santa Cristina de Afife de 1749. Da mesma forma que o ano de 1656 não
se refere à data de qualquer outro tombo mas sim à data em que foram
reposicionados os malhões dos coutos (de Cabanas e de Afife) nos limites com
Carreço.
O que leva a concluir que em 1656 os
de Afife não se limitaram a trabalhar junto a Paçô mas também nos Limites
Norte. Da mesma forma que o fizeram de novo em 1776 para o que terão então
pedido o tal traslado do tombo de 1649 que remete os limites para a situação de
sempre sem qualquer alteração.
Acontece que em 1960/1961, Abel Viana
publica um trabalho a que chama CIVIDADE DE ÂNCORA onde explica que Martins Sarmento chamou «de
Âncora» à Cividade por ter chegado
ao local pelo caminho velho que do lugar
da Lage da freguesia de Santa Maria de Âncora se dirigia para Afife.
Mais informa Abel Viana que a sua (da Cividade) maior superfície fica na
freguesia de Afife. Cabendo à freguesia de Âncora uma pequena parte. Resultando
daí que a gente de Afife lhe chama Cividade de Afife…
No seguimento Abel Viana faz uma
afirmação no mínimo surpreendente:
“… ao passo que na bibliografia arqueológica ela aparece designada por
Cividade de Âncora, e é assim, evidentemente,
que nela continuará a ser conhecida.”
Este “evidentemente “ de Abel Viana
desmoronou-me por completo!
– Em qual evidência arqueológica apoia Abel Viana o seu “evidentemente” ???
– Será que algum arqueólogo seu antecessor na
história encontrou na Cividade uma placa do tempo dos romanos a dizer que o
sítio era Baltazares?
– Não acredito!!!
Ora a evidência do “evidentemente” de
Abel Viana, deveria ser, como arqueólogo, a sua própria evidência factual, que
evidentemente encontrou a maior superfície da Cividade em Afife e não em Âncora
e corrigindo o erro bibliográfico da crismada designação.
Aliás a isso se referiu França Amaral chamando em 2011 verbalmente a atenção de Armando Coelho para esse mesmo erro que, isso sim, deveria ser corrigido por todos os investigadores posteriores. Pelo menos de Abel Viana seria isso mesmo que eu esperaria dado o seu cerne científico.
No entanto Abel Viana coloca acima (! ) da própria História uma tal “bibliografia
arqueológica” em que desta iriam constar as suas próprias
informações!!!
( Vá lá saber-se agora da “resignação”
de Abel Viana!)
Nota:
Ver Armando
Coelho F. Da Silva, in – A Cultura Castreja no Noroeste de
Portugal, 1986,. Na Est.
XXVII.
Todas as estruturas que estão lá representadas
se situam em Afife. Ao contrário da
legenda que se textua CIVIDADE DE ÂNCORA.
As ruinas “levantadas” por Armando Coelho
estão representadas na quadricula (27-1) (5-3) da Carta á escala de 1/2000 DE 1986 executada pela ESTEREOFOTO para
a DGOT e Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Relacionando a sua localização com a divisão administrativa constante nos anexos ao processo de classificação - Ver quadricula 27-1 da Carta Militar de 1949 à escala de 1/25000 - se pode verificar que as mesmas ficam nitidamente dentro de Afife. Isto apesar de um erro de localização desse limite por alturas do marco no alto da Cividade.
Fim da Nota
Tanto mais que não é só Abel Viana
que confirma a Cividade em Afife. Já em 1957 Afonso Do Paço se refere à
CIVIDADE DE AFIFE situando-a na Freguesia de Afife, dentro dos limites do
concelho de Viana do Castelo, fora do qual fica apenas uma ligeiríssima parte,
na elevação onde passa a linha divisória das bacias hidrográficas dos Rios de
Âncora e de Cabanas. Mais à frente Afonso
do Paço cita diversas publicações onde consta CIVIDADE DE ÂNCORA remetendo para
Martins Sarmento essa designação não por corresponder à sua localização
efectiva mas apenas porque Martins Sarmento
a considerou como sendo da Bacia do Rio de ÂNCORA.
Ora nos escritos de Martins Sarmento
citados o que consta é a sua dúvida, infundada aliás, como se demonstrou. Mais
à frente e na página 16 nessa publicação de 1957, Afonso do Paço torna a
referir-se à CIVIDADE DE AFIFE.
Mais recentemente podemos
confirmar a fala de José Rosa de Araújo na CAMINIANA tomo X de 1984 na página 160
quando se refere a Martins Sarmento e suas andanças pela
Cividade …..
“ Em Âncora, Martins Sarmento
procedeu a várias escavações: Cividade de Âncora ( mais propriamente de Afife) – Dolmem de Gontinhães Etc. “
De notar que aqui Rosa de Araújo muda não só o advérbio de Abel Viana
( de evidentemente para mais propriamente”),
mas também o sentido azimutal da conclusão.
A
Cividade é a de Afife e não a de Âncora:
De tudo isto
o que aceito perfeitamente é que a CIVIDADE DE AFIFE tivesse dado nome ao
monte.
O que está
em causa é onde se situa a Cividade que deu nome ao Monte.
O certo é que Cividade é um sítio de
Afife. Lá estão “situadas” trinta e três propriedades particulares e um pequeno
baldio de Afife. Muitas dessas propriedades estão em
cima da Cividade propriamente dita.
A essas propriedades, na Cividade em
Afife, já se referem os livros existentes no Arquivo Municipal de
Viana do Castelo que tratam de licenças para arrumadiços e tomadias, referentes à freguesia de Afife. Também o
topónimo aparece, em 1760, várias vezes em 1782 e 1783. No tombo dos
emprazamentos à Câmara de Viana de 1829, nos fólios respeitantes à freguesia de
Afife, aparecem várias vezes a referências a propriedades em Afife, na
CIVIDADE.
Não sei se esta situação tem réplica do outro lado do monte.
É
apresentado agora anexado ao tal anúncio do DR um extracto topográfico com o
Título: CIVIDADE DE ÂNCORA e que “apanhando” Afife, abrange um perímetro que chega a Laboradas e Sobrado já em Âncora.
O que faz com que a área a classificar como Cividade abranja uma área superior
nesta freguesia àquela que a Cividade ocupa em Afife e sem que esta esteja
particularmente assinalada.
( no
entanto é também apresentado em anexo um levantamento de Armando Coelho –
Levantamento/Registo das estruturas da Cividade Âncora/Afife mas onde afinal de
contas as estruturas representadas estão todas em Afife!!!.)
Ou seja meterem a Cividade de Afife num caldeirão mais vasto sem
particularmente a cartografar.
Não sei qual o fundamento de tal perímetro.
Será que foi encontrada uma
outra CIVIDADE em Âncora?
Quanto a mim e embora seja de uma aldeia cheia de Fontes…
Sou de uma aldeia que tem um rio delas! Sou de uma aldeia que até tinha
uma Fonte Seca – e que agora estão todas ou quase todas.
Sou de uma aldeia que tem uma casa delas! E tendo eu aprendido a ler escrever e a
contar na escola do Fontes, … não sou
fonte de conhecimento, mas sim consumidor
do mesmo.
E de Âncora conheço pouco. A Lage, a Gelfa, o Forte, a Aspra e
o Cê ali perto!
Assim só peço, para meu enriquecimento cultural, que alguém me leve a Santa Maria de Âncora e me mostre onde é que se encontram lá estruturas como as que foram encontradas em Afife!
Nota importante. Este
texto não seria possível:
- Sem os
elementos da fala de Martins Sarmento obtidos nos documentos do Museu em
Guimarães.
- Sem a consulta ao imenso repositório
histórico do França que, também vidente, me colocou em contacto com o abade Âncora, Manuel José
Gonçalves
- Sem as memórias de Abel Viana e seu
sobrinho António
- Sem o
precioso auxilio de Afonso do Paço e do seu primo Ernesto que para tudo e em qualquer situação tem
sempre mais uma informação a acrescentar.
- Sem
falar com a Junta de Freguesia de Afife.
- Sem
falar com o pessoal do NAIAA, da APCA e da Rádio Popular de Afife.
– E sem o
Horácio que me guiou na labiríntica
tarefa de localizar as páginas certas no imbricado sítio do Património.
Anexos
As ruinas “levantadas” por Armando Coelho estão representadas na quadricula (27-1) (5-3) da Carta à escala de 1/2000 DE 1986 executada pela ESTEREOFOTO para a DGOT e Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Âncora na parte superior à linha Azul. Afife
no lado inferior à linha Azul sendo a linha azul o limite de Afife com
Âncora transposto do extracto constante
nos anexos “Elementos relevantes I e II”
do respectivo processo do Património:
Acima a delimitação da “Cividade” constante no processo à qual sobrepus
a delimitação das freguesias. Âncora na parte superior à linha Azul.
|
NOTA FINAL
Mas Abel Viana não se limita a deixar passar o erro na localização da CIVIDADE de AFIFE constante na bibliografia arqueológica que invoca. Ele próprio e nesse mesmo texto seu comete um outro erro esse sem qualquer explicação.
Situa o lugar da Lagarteira, (pequena póvoa de
Pescadores, que deu origem á actual Vila Praia de Âncora,) em Santa Maria de Âncora!!!
Em
primeiro lugar Âncora é na Margem esquerda do Rio Âncora. Lagarteira sempre foi
na margem direita do rio Âncora .
Lagarteira era um lugar da antiga paróquia de
Santa Marinha de Gontinhães
hoje Vila Praia de Âncora! Gontinhães paróquia, essa sim antecessora da actual
Vila.
Afife, Dezembro de 2020
António Alves Barros Lopes
O Romance da Serra d'Arga
De lá de cima, esta quadra tantas vezes repetida, repetida...
Abaixa t'ó Serra d'Arga Eu quero ver São Lourenço quero ver o meu amor Quero l'acenar c'o lenço.
E já em 1942 Pedro Homem de Mello lhe deu outra dimensão...
Meu amor! por que te escondes lá por detrás da Serra d'Arga? por que te foste esconder na terra de São Lourenço e nem me deixaste um lenço Nem por mor de te acenar Meu amor quando em ti penso Nem sei o que hei-de pensar
Porque puseste a montanha
entre as nossas duas vidas? ...
Etc...
E também os de Santa Marta, no regresso de Santa Bárbara, a seguir a São João, cantavam no todos me querem...
Digo adeus à Serra d'Arga Digo adeus a São Lourenço só não digo adeus a ti porque sabes o que eu penso
Mas afinal entre mim e o meu amor a natureza tinha dramàticamente colocado uma muralha.
E vou agora segredar-lhe um pensamento meu para solucionar a situação... ( deste é que o meu amor não sabia!)
Amor
Vou dizer-te em que mais penso vou dar uma volta a isso o cabelo do toutiço já cai de tanto pensar
E há um aroma no ar num é urze nem é lama vem da ideia, dessa chama essa minha pretensão que do adro de São João eu enxergue São Lourenço
(Interesseiro este parecer como à frente se vai ver)
E para mostrar o meu lenço se naquele mesmo sítio se garimparem o lítio e o azimute der certo São Lourenço estará perto do outro lado da Serra Escavem pedras e terra A serra virá abaixo
e sabem o qu'é q'eu acho? que num era má a ideia que naquela linda aldeia onde o meu amor lá mora nunca mais se esconderia ond'inda s'esconde agora
a saudade acabaria
nunca mais eu pediria à Serra que se baixasse ninguém perderia a face e do adro de São João eu veria São Lourenço
Amor! - Verias meu lenço... ...sem eu gastar um tostão.
Nota de rodamão
Depois disto tenho no prelo o NOVO CANCIONEIRO DA SERRA D'ARGA.
Estou em dúvida se o publique!
Inda os das Argas me farão o que Herodes fez a São João a pedido da bailarina!
tone do moleiro novo
Estou a pensar que muita invenção se tem dito sobre as concertinas assim por nós chamadas e não se sabe porquê!
No entanto chegamos a uma época que não é necessário inventar pois está tudo inventado.
E Explicado!
Ver
http://zoraweb.com/first-accordion-world-cyrill-demian-and-sons
lopesdareosa