sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

MARIA Do CARME KRUKENBERG

 Nasceu em Vigo. Morreu em Vigo.








                              Tão cerca do Rio Minho                         

Tão cerca de nós!

Dóenme os ollos
de mirar
como rube cada noite
a pedra,
de mirar
como rube o pranto
ao faiado dos días.
Dóenme os labres
de esperar
o milagre dos beizos
esquecidos;
de coidar
a ledicia dos despoboados
que enxendraron a terra.
Dóeme o sorriso amargurado
dos que foron gastando os soños
e amortallando as horas
sin un salaio de noxo.
Dóeme a vida
como unha ferida acoitelada,
como un anoitecer desleigado,
coma un cadaleito
cheo de rosas murchas.                                                                                                                         MCK

Tão cerca dos textos de Adelaide Graça

Revelação
Enquanto a nudez do espaço
passeia pelo chão da penumbra
o pequeníssimo momento sorri
no indizível da sensação
Busco o cheiro nas entranhas do teu sentir
onde me aninho ávida de ti
Espero-te... Na transparência da libido
para o ritual insaciável do amor
O ritmo da volúpia
A música alucinante dos sentidos
A arte refletida na harmonia do gesto
E... embriagada de ternura
unjo o corpo com o sémen do desejo
acariciando o fascínio consumado
A revelação do enigma.

Tão cerca das imagens de Adelaide Graça

ABRAÇAM-SE AS ÁGUAS

É só abrir a janela
e deixar entrar a Galiza
que mesmo em frente
se banha e se estende
do outro lado do mesmo Minho
É só abrir a janela
e deixar entrar Goián, Tomiño
o segredo da brisa
e o cheiro dos milheirais
É só abrir a janela
e ceifar a terra com o olhar
que se perde e se encontra
nas entranhas ancestrais
É só abrir a janela
e deixar entrar num trago
o manancial do tempo
o saber das gentes
os caminhos de Santiago
E as águas abraçam-se
bem lá ao fundo
do monte de Santa Tecla
As do rio e as do mar.




   

Tão cerca daquela quão tosca pintura de Adelaide Graça com o sinuoso silêncio azul  das águas e os gritos pieiros do Trega.



















- Que escondiche nos olhos? - Que gardasche nos beizos? ca faciana che brila como o canto do vento.

A noite baixa polo Miño adiante levando un feixe de soños agoreiros, o rio deixa un regueiro de tremores camiño da mareira que o desterra.

- Que escoitache na néboa? - Que arrepiou no teu peito? as estrelas baixaram a durmir no teu leito.

MCK

(Galiza, minha Galiza!)


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