São Mamede
in festa! ( Santa Maria de Vinha de Areosa)
Salamede vos alevede, São João vos coza o pão e Santa Maria
de Vinha de Areosa vos dê a extrema unção, que da minha parte, por uns tenho
muita consideração, por outros condescendência quando são imprecisos, (se essa
imprecisão não cheirar a má fé ou a desonestidade intelectual).
E, pelos que
restam, - NÃO.
Falo dos investigadores, por quem tenho um grande carinho dado
que são fonte onde vou beber muito (ou pelo menos algum) do meu conhecimento.
Tudo isto porque o meu amigo António Martins da Costa Viana, que sempre identificarei como o
filho daquele que me ensinou a ler, a escrever e a contar, o Professor Mário Viana, nos deu - a todos nós - um livro intitulado A FALAR DE SÃO MAMEDE.
Estive na apresentação do mesmo ali na sede
do Etnográfico e nem me dei ao trabalho de o ler exaustivamente. Tendo-o à mão,
era para o ir lendo!
Mas neste meio tempo o Zé
Viana, nosso comparte na luta pela conservação do nosso Baldio na esfera
comunitária, chamou-me a atenção para um pormenor que passo a relatar.
António Viana refere-se ao que por sua vez José Marques tinha escrito em “O CENSUAL DO CABIDO DE TUI PARA O
ARCEDIAGADO DA TERRA DE VINHA 1321” (Braga 1980). Obra de interesse
definitivo para se entender o que eram as TERRAS DE VINHA cuja divulgação se
deve precisamente a José Marques
insigne Historiador de Braga e professor, então, na Faculdade de Letras da
Universidade do Porto.
Aí escreveu José Marques que “ A capela actual (de São Mamede) é do Século XVII como se prova por
esta inscrição que se encontra no arco cruzeiro – “Este arco fez o Mestre Pedro António de Castro por sua devoção. Era de
1671” E que mais para o monte ainda se poderiam ver as ruínas da capela
anterior. (De notar que ainda hoje o sítio dessa Capela é conhecido pelo sítio
da Capela Velha.)
Acontece e como muito bem António Viana explica, que a actual Capela não é 1671 mas sim de 1875 conforme actas da Junta de Freguesia
de Areosa. Actas que relatam a localização da nova capela no Calvário de uma
Via Sacra que existiu desde a Capela Velha, conforme se pode confirmar pelas
marcas ainda existentes e por outras que foram soterradas pelas obras e pelo
entulho com que o piso do Adro foi elevado.
E o tal arco deveria então ter sido
reutilizado vindo da capela anterior, essa sim, então do século XVII - no desconhecimento de qualquer outra! Outra
imprecisão de José Marques foi
decerto ter lido Mestre Pedro… Quando deveria ter lido Mestre Pedreiro. Pormenor
esclarecido, desde logo, por António
Viana que mais tarde viria a ser confirmado por França Amaral. No entanto José
Marques remete essas informações para o Sr. P.e A. J. Baptista – pároco que foi na Facha - que segundo me consta reside, hoje,
para os lados de Barcelos.
Mas já a mesma informação tinha sido repisada numa publicação
coordenada por Alberto Antunes Abreu, tendo como colaborador José
da Cruz Lopes, entre outros, - publicação “1987-1988 DOIS ANOS DE PESQUISA
EM ARQUEOLOGIA MEDIEVAL E MODERNA”(Cadernos Vianenses - 1990) quando,
repetindo o que José Marques tinha
publicado, dão a Capela actual como sendo “apenas” de 1671 indicando a
existência de uma outra velha capela arruinada ao longe e num local remoto e
abandonado!
Ora o nosso Mestre
Pedreiro António de Castro nunca poderia ser o autor da nova Capela pela
simples razão de, provavelmente, ter morrido dois séculos antes desta ser
construída. ( Perguntem
ao França e ao Puga).
A única especulação que pode ser feita é supor que, antes da
Capela do nosso Mestre Pedreiro, tenha existido uma outra mais primitiva. Daí
que a parte “A capela abandonada evidencia ter tido duas fases de construção”
que se encontra no texto atrás citado é a única fala aproveitável de tão
sapiente pesquisa.
Estando o erro inicial justificado, desculpado até, já a sua
repetição posterior seria de evitar (o “copipeiste”
já tem uns anos) pois os
elementos justificativos sempre estiveram no sítio onde hoje estão. Bastava
consultar a Junta de Freguesia de Areosa, sem ser necessário subir a tão alto;
nem a José Marques, nem a São
Mamede.
Voltando ao primeiro parágrafo deste meu texto, do foguetório
da festa sobram as minhas assumidas sentimentais canas.
E os investigadores por
quem, repito, nutro muito carinho, que apanhem as que muito bem entenderem
apanhar!
lopesdareosa
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