1972, seis para sete de Setembro. Noite grande da Senhora da Peneda.
No seguinte dia nove sai esta noticia no jornal " República"
«PIRILAU», vida cortada…
Afife foi sobressalto na manhã de quinta-feira.
A sua
existência talvez se lhe parecesse já comprida.
Ou a própria
vida não lhe desse aquela satisfação espiritual, ideológica, intelectual ou
idealista que desejaria… Porque mais nada motivara a sua última atitude, a não
ser, precisamente a corajosa e comovedora conclusão de tudo feito na vida.
E nada mais da
vida… O seu requinte – ou elegância? – da última cena da existência deu-lhe uma
certa preocupação.
Um vigoroso e
repousante banho, um vestir de roupa domingueira, compra de corda nova,
colocação estudada no local seu preferido: o quintal.
Depois cartas,
muitas cartas para os amigos.
O destino de
utensílios pessoais. – “Quando morreres, Pirilau, não te esqueças de me deixar
isto… “ E «Pirilau» não se esqueceu.
Homem de Teatro
amava - o profundamente. Vivia o Teatro intensamente.
Ele era o homem
de tudo.
Ensaiava,
representava, escrevia, encenava… ELE ERA O TEATRO EM AFIFE.
Era o amador
que sabia dignificar o Teatro. Nunca usou fantasia na linguagem… Nunca teve
prosápia – tão própria dos medíocres. Era modesto. Naturalmente.
O que fazia por
Afife ou pelo Teatro era tão somente porque a chama íntima o impelia. Não
queria fantochadas.
Queria a
verdade. A singeleza. «Pirilau» era uma figura fora do mundo.
Tão simples e
tão cheio de nacos que definem o homem – por si e pela sociedade de que fazia
parte e queria enaltecida.
Afife terá um
dia de dizer quem foi Lúcio Amorim, «Pirilau». Porque falar em Afife, é
recordar «Pirilau».
Homem digno,
integro, raridade como amigo do amigo, leal e puro. Homem do Teatro, do povo
pelo povo, escolheu a sua última cena no palco da vida. Que descanse em Paz! "
JAC (José Cardoso???)
Naquele ano, apanhando-me eu de 128, fui a todas. Até à Senhora da Peneda. Lembro também que lá foi a Mariana e também o Zé Avelino que no regresso ao carro, já de madrugada, tiveram que aguardar o final de uns trabalhos para entrar no mesmo. Mas esta história não é para aqui ser contada.
Pela manhã descemos o Cubalhão, passando Melgaço, parámos em Monção.
- Encontraram esta manhã o PIRILAU na pereira de São João.
Foi a notícia que nos deu o Senhor Branco que então trabalhava no tribunal lá do sítio.
A esse acontecimento se referiria essa tal noticia do dia 9.
Passaram anos até que há cerca de uma dúzia voltei lá de novo com a saudosa Edna Holt. Essa ida está relatada em:
https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/09/louvai-o-senhor.html
Não quis acreditar no que tinha ouvido no Santuário. Passados anos e lembrando-me do episódio, já em Fevereiro de 2016, proclamei: LOUVAI O SENHOR NO SEU LUGAR SANTO
https://lopesdareosa.blogspot.com/2016/02/louvai-o-senhor-no-seu-lugar-santo.html
No ano seguinte, 2017, voltei à Peneda, acompanhado pelo meu amigo José Maria Barroso assistindo embasbacado aos acontecimentos que também relato nesse texto:
https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/09/louvai-o-senhor.html
Mas em 2017 não entrei no Templo.
Coisa que já em 2019 não aconteceu pelas circunstâncias que também relato em
https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/09/louvai-o-senhor.html
E já em pleno templo descarreguei, despropositadamente, a minha raiva e disso foi testemunha o nosso Saudoso António Viana que lá fora comigo e com o Ernesto Mina.
(Tive o cuidado de transmitir a minha surpresa aos responsáveis do Santuário.)
E quando cheguei cá abaixo lembrei-me da data da Peneda e do PIRILAU.
E tudo ficou plasmado no texto que publiquei no Outubro seguinte em
https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/10/os-caminhos-da-misericordia.html
e que repito hoje uma semana depois da PENEDA.
Os Caminhos da misericórdia
- O Pirilau -
Perdoa-me se entro no Teu templo
Os sinos deveriam dobrar só por ti. Não por mim!
No que acredito está nas palavras que não esqueço
Mas a Tua via sacra não tem preço
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