quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Bazucas Vitaminas e outras vacinas

                                                                                                                                                  

Basucas, vitaminas e outras vacinas. 

PRR Consulta publica!

Temos ouvisto, nestes últmo dias, uma série de declarações muito bonitas acerca do nosso futuro. 

Um ministro – do Planeamento - fala em convergência

Um outro –das Finanças- fala em crescimento sustentável e socialmente inclusivo. 

Tudo acompanhado ou a sublinhar uma série de Planos a serem financiados por uns tais catorze mil milhões de euros - 14 vezes dez à nona, 14 000 000 000, provenientes duma árvore das patacas chamada CEE.

Acontece que esperando dinheiro não faltam planos;

Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica.

Estratégica Portugal 2030

Plano de Recuperação e Resiliência

Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território

Plano Nacional de Energia e Clima

Programa de Valorização do Interior

Programa Nacional de Investimentos

Plano de Acção para a Transição Digital

Plano Turismo + Sustentável

Plano Nacional de Alojamento Urgente e Temporário

Etc.

Cuja coordenação  justifica, de facto,  a existência de um Ministro do Planeamento.

Resta saber qual o plano que se segue.

O problema é se os planos vão consolidar no terreno os seus conceitos.

Por exemplo; 

Falam de sustentabilidade.

Ora este generoso conceito assenta num princípio muito simples;

Não devemos, na nossa geração, consumir e/ou hipotecar os recursos das gerações vindouras. Ou seja, se a natureza criar mil árvores por ano  não devemos cortar mil e uma nesse período. Ou seja, se os oceanos gerarem mil peixes por ano não devemos consumir mil e um nesse período. Toda a gente entende estes princípios. É a velha história das semanadas. A da frente deve ver sempre o resto da detrás.

O que eu não entendo é que agora virou moda acrescentar a palavra sustentável a qualquer projecto ou actividade que se pretende financiar quando afinal esse projecto é exactamente igual àquele que seria mesmo sem essa adjectivação.     

Por  outras palavras:       

      ...  basta acrescentar a qualquer projecto a palavra sustentável e…                                          Já Está!

Assim é anedótico falar de Turismo Sustentável.

– Porquê sustentável.

Se o turismo é uma actividade que nada produz e que vai revender aquilo que compra…

- Como pode garantir a sustentabilidade seja do que for se não tem superintendência            sobre os seus fornecedores?

Ver

TURISMO E SUSTENTABILIDADE NA REGIÃO DO ALGARVE

repositorio.iscte-iul.pt › Master_Pedro_Vicente_Coelho

PDF

de PMV Coelho · ‎2018 · ‎Artigos relacionados

com uma competitividade sustentável, do setor turístico do Algarve, ... Os stakeholders entrevistados no âmbito deste projeto foram unânimes em relação.

 

A crise recente crise demonstra a falácia.

– Se não aparecem os turistas, o Turismo sustenta-se de quê? 

- Se a actividade fosse sustentável como se justificaria toda esta gente agora a             contorcer-se???

Ou seja, no limite, nenhuma actividade é sustentável se depender de factores exógenos a si própria.

Só conheço uma actividade que funciona em circuito fechado e por isso sustentável ou melhor - auto sustentável – A agricultura e seus periféricos Sivicultura, apicultura etc.                    

Ou seja…a LAVOURA.

Nem a mineração escapa. Os filões disto ou daquilo são finitos e mesmo que se descubra ouro este não se reproduz.

Depois há aqueles conceitos 

Convergência, Coesão Social e territorial, Crescimento socialmente inclusivo.

- Mas será que os objectivos concretos desses planos vão conseguir isso?

Vejamos dois exemplos socorrendo-me da página seguinte da RR

Onde e quanto vai Portugal gastar a sua parte da "bazuca ...

rr.sapo.pt › 2021/02/16 › pais › noticia

há 5 dias — Para os cuidados de saúde primários vão mais de 500 milhões de ... a construção de uma nova linha que ligue a Casa da Música a Santo ...                                                                                                                                                                                             

"2 – Habitação 1633 milhões (+ 1 149 milhões de empréstimo)"

- Como se compreende?

www.idealista.pt › imobiliario › habitacao › 2020/11/09

Portugal tem 730 mil casas vazias e abandonadas — idealista ...

1.      

09/11/2020 — Portugal tem 730 mil casas vazias e abandonadas ... Porto, Algarve, Évora e nas restantes capitais de distrito que há mais casas devolutas.

 - Se Portugal tem casas a mais porque  é que vão ser gastos 2 882 milhões de euros em       mais casas.???

Em primeiro lugar; 

- Não deveria ser gasto em mais construções mas sim em recuperação do parque                 habitacional existente. ??

Depois o que vai acontecer é que vão continuar a a construir no litoral atafulhado já de casario. 

E vai mais uma vez deixado para trás o  interior com aldeias e aldeias despovoadas.

 "10 – Mobilidade sustentável – 1032 milhões (+ 300 milhões em empréstimos)

- Sabem para onde???

“Para o Metro de Lisboa vão 304 milhões e para o do Porto estão previstos 299 milhões para a construção de uma nova linha que ligue a Casa da Música a Santo Ovídio. Estão ainda previstos 250 milhões para a construção de uma linha de metro ligeiro de superfície entre Loures e Odivelas. E quase 100 milhões para a compra de 325 autocarros e 4 barcos “limpos”, ou seja não poluentes.”

Há que “sustentar” a mobilidade no Porto e em Lisboa. 

A mobilidade de  Vimieiro fica para as pernas dos autóctones.

Aqui chegados porque não a reabilitação da Linha do Tua ou a

 Ligação da Linha do Douro até Barca de Alva.

Mas isso não consta da lista de...

7 – infraestruturas – 833 milhões

Nesta área, está prevista a criação de um novo modelo de “áreas de acolhimento empresarial” e uma série de melhorias nas redes viárias, muitas das quais com o objetivo de eliminar travessias urbanas, de forma a reduzir tempos de percurso e aligeirar custos de contexto às empresas.

·         Ligação ao IP3 dos Concelhos a sul;

·         EN14. Interface Rodoferroviário da Trofa / Santana, incluindo nova ponte sobre o Rio Ave;

·         EN14. - Maia (Nó do Jumbo) / Interface Rodoferroviário da Trofa);

 N4. Variante da Atalaia;

·         IC35. Penafiel (EN15) / Rans;

·         IC35. Rans / Entre-os Rios; ▪ IC35. Sever do Vouga / IP5 (A25);

·         IP2. Variante nascente de Évora; ▪ Ligação de Baião a Ponte de Ermida;

·         Eixo Rodoviário Aveiro – Águeda;

·         EN344. km 67+800 a km 75+520 – Pampilhosa da Serra;

·         EN125. Variante a Olhão;

·         IC2 (EN1). Meirinhas (km 136,700) /Pombal (KM 148,500);

·         IP8 (EN121). Ferreira do Alentejo /Beja, incluindo Variante a Beringel;

·         IP8 (EN259). Sta. Margarida do Sado /Ferreira do Alentejo, incluindo Variante de Figueira de Cavaleiros;

·         IP8(A26). Aumento de Capacidade na ligação entre Sines e a A2;

·         Variante à EN211 - Quintã / Mesquinhata.


  Que mais uma vez privilegia o litoral!

Ou seja; a tal

Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica. Generosamente elaborada pelo angolano de nascimento, António Costa e Silva, ( que me surpreendeu numa entrevista de deu na RTP), trata-se afinal de uma listagem de tudo em que há que investir e em qualquer  parte sem que haja um enquadramento estratégico de aproveitar esta oportunidade para corrigir o grande desequilíbrio territorial e também social de que Portugal enferma entre o interior e o litoral.

Ou seja

Os novos fundos de coesão vão ser utilizados da mesma forma e pelos mesmos intervenientes dos anteriores Pelos habituais utilizadores dos subsídios e pelas instituições tecnicamente mais preparadas para essa habilitação com parte de leão do Próprio Estado que vai aproveitar a oportunidade de financiar a sua própria actividade,  vertentes e projectos  que corresponderiam ao OGE.

Acontece que mais uma vez o interior vai ficar de fora.

Existem apoios para fixação de empresas e indivíduos nas regiões mais despovoadas. Mas esta actitude, circunstancionalmente na moda, não resolve a ocupação do terreno em centenas se não milhares de aldeias abandonadas por esse pais fora.

As empresas vão para a sede de concelhos, não ocupam o território. 

Podem quanto muito aumentar a concentração de gente nesses espaços urbanos.

E os incentivos propostos dependem do eventual aparecimento pontual de algum ou alguns candidatos e não de uma estratégia concertada. Ver:                                                                                                                                                                                            

″Queremos 80% dos jovens agricultores em territórios de ...

www.dinheirovivo.pt › empresas › queremos-80-dos-jo...

 19/09/2020 — "Queremos 80% dos jovens agricultores em territórios de baixa densidade" ... de transição da Política Agrícola Comum (PAC) seja aprovado e com isso ... de discriminação positiva dos projetos dos jovens e territórios de baixa ... Diz ainda Costa Silva que “o interior necessita de um novo impulso de ...

                                                                                                                                             Em relação a essa renovação geracional, para a meta a que querem dos jovens que se venham a instalar na agricultura 80% escolham territórios de baixa densidade, não basta a espera de que alguém se candidate

Terá que haver uma acção mais directa e prioritária do Estado e não um objectivo afinal inferior aos restantes.

Só por si esse desiderato teria que ser sujeito a um autêntico “Plano Marshal” num tratamento de choque que também promoveria o alívio da pressão demográfica sobre o  litoral e contribuiria para resolver a tal falta de habitações.

E só uma actividade consegue ser consequente na sua sustentabilidade e ao mesmo tempo ocupacional do Território 

- A AGRICULTURA.

Este PRR não vai adiantar nada a:

- Assimetrias regionais

- Coesão territorial e Coesão social

- Descongestionamento das áreas metropolitanas e do litoral

- Desenvolvimento do interior, (que não se pode fazer com a simultânea retirada de serviços essenciais)

Um sério contributo para resolver todas estas questões chama-se RURALIDADE. Conceito e vivência que hoje é destruída por decreto.

- Onde está a Agricultura tradicional?

– Cujo descalabro definitivo coincidiu com a nossa entrada na CEE.?!

Idem Idem aspas aspas quanto à Agricultura familiar.

Quanto à Ruralidade,  

- Para quando a instalação no Alto Minho de uma unidade de aproveitamento de biomassa?

Exige-se ( e multa-se no incumprimento) que os montes sejam limpos.

                                                                                          - Mas para onde vai o restolho???

- Quererão que seja comido pelos proprietários???

- Ninguém reparou ainda que a massa vegetal excedente  que o monte produz, nos dias de hoje, em que a lavoura tradicional se encontra  destroçada, não tem destino?

- Ninguém reparou que as propriedades não são limpas pois que isso não é rentável para ninguém.

- Ninguém reparou que esses excedentes vão ser afinal eliminados pelos grandes incêndios, de que são potenciadores?

- E a energia libertada quando isso acontece para onde vai???

- Sem melhor aproveitamento… - vai aquecer os colhões de São Pedro!

- Ninguém reparou que se gasta dinheiro a combater esses incêndios potenciados por uma massa vegetal cuja energia assim se desperdiça???

Nota Final

Ora Portugal não é um país Urbano.

É um país Rural governado por uma elite com mentalidade urbana

– Burguesa por consequência!

Textos de apoio

https://porquenaovotoemcavaco.blogspot.com/2020/11/nuno-banza.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/06/ministerio-da-agricultura-ambiente-mar.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/10/portugal-nao-e-um-pais-urbano.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2012/03/veigas-e-leiras.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2012/03/seca.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2012/11/para-onde-vao-as-vacas.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2012/12/os-estigmas-que-nos-afastaram-do-mar-e.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2013/06/a-agricultura-de-cavaco-parte-i-o-mundo.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2015/11/acabar-com-ruralidade-por-decreto.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2016/03/goncalo-ribeiro-telles.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2017/10/fogos-florestais-fatima-fado-futebol.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2010/09/ordenamento-da-floresta-quem-foi-que.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2010/10/recandidaturas.htm                                                                                                                                                                                                                                                                             https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/03/os-barretes.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/03/processo-progresso-regresso-retrocesso.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/05/fantastico-melga.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/06/ah-agricultura.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/06/cavaco-o-agricultor.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/06/de-quem-e-culpa.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2018/05/as-zifs-e-agricultura-tradicional.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2019/01/antonio-vicente-marques.html

https://lopesdareosa.blogspot.com/2011/03/ha-lavradores-e-ha-agricultores.html

 

António Alves Barros Lopes

Rua do Covelo 71 Além-do-Rio Areosa

4900-697 – Viana do Castelo

NIF 163 552 134

Texto enviado ao Ministério do Planeamento por alturas e ainda no período útil da participação públida do Tal PRR que como vai ser apresentado à pressa na tal CEE nada vai adiantar para a sua elaboração. 

Este período é apenas um pró forma. 

Mas fica para a história quando daqui a dez anos ou mais anos se concluir que os problemas estruturais do País estão na mesma!



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