quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Morreu o António Barreiros

 É tão fácil respeitar os mortos! 

Basta um choro pungente das carpideiras do costume.

Basta que lhes mijem em cima da campa como o fazia aquela que chorava pelo sítio em que, pelo morto, sentia mais saudades!




Morreu o Barreiros ali do Chão de Vinha. Tinha 102 anos. Uma universidade portanto. Os nossos respeitos a quem, para além da reforma, tanto tempo viveu amarrado ao volante do seu carocha.

- Mas quem o respeitou em vida???

O Tribunal de Braga não!

E o Senhor António Barreiros do alto dos seus noventa e tal anos foi testemunhar que:

- Areosa ia até à Capela de S. Roque.

- Que era aí perto que existia o posto ande se pagava para entrar em Viana.

- Que como proprietário e lavrador na veiga de Areosa a veiga era contínua até entre quelhas sem nunca se aperceber de qualquer marco ou  limite entre Entre Quelhas e Camboelas.

- Que os De Areosa quando se deslocavam a Viana esgotar as fossas da Ribeira montavam o caixão da jorda no carro de vacas saíam depois do Jantar e tinham que esperar pela meia noite para entrar na Cidade. Eram barrados entre a Gnr e São Roque e tinham que esperar que a Senhora d'Agonia tangesse as tais 12 pancadas necessárias para  a permissão. 

(assim de cabeça num testemunho que deve ainda existir pois foi gravado.)

O mesmo o disseram a Maria da Lifonsa e o já falecido Luis Ruas, assim como O David Caravela e o Maria Irene Gonçalves 

Mas perguntem ainda à Maria de Inácio ali no Châo de Vinha cujo testemunho foi inexplicavelmente dispensado no tal processo.

- Mas sabem como foi classificado este testemunho pelo Tribunal Administrativo de Braga??? - Vou transcrever textualmente.

Que todos esses testemunhos o tinham sido como  "alegadamente" dados! Particularizando:

" Também revelaram-se nítidas incongruências e inconsistências nos seus depoimentos quando mencionaram que carros de bois alegadamente iam fazer as descargas das fossas das casas de Viana e traziam os dejectos para os terrenos de Cultivo de Areosa (onde alegadamente eram espalhados) levando em contrapartida por parte dos habitantes de Areosa géneros alimentícios galinhas e e cetera. Razão pela qual não merecem qualquer credibilidade por parte deste Tribunal."

Já agora também testemunharam que eram barrados entre a Gnr e São Roque e tinham que esperar que a Senhora d'Agonia tangesse as tais 12 pancadas necessárias para  a permissão de entrada na Cidade. 

Ora a palavra o tal "Alegadamente" é utilizada na qualificação do testemunho dos de Areosa quatro vezes acompanhadas por outras expressões .

"Incongruente contraditória com nítidas discrepâncias e repleto de notórias inconsistências"

E a decisão do Tribunal ainda se refere embora truncadamente ao teor do testemunho dos de Areosa.

No entanto sem o fazer em relação ao testemunho dos de Monserrate e em parte nenhuma classifica esse testemunho como "Alegadamente"

Acontece assim que o testemunho do Senhor António Barreiros            ( assim como das outras testemunhas) não mereceu qualquer credibilidade por parte do Tribunal. Porventura ainda seriam necessárias outras testemunhas para confirmar os testemunhos dados alegadamente.

Bem lá no fundo das nossas malévolas interpretações as testemunhas de Areosa só foram ao tribunal tentar aldrabar a justiça!

No entanto nada de novidade houve nos testemunhos de Areosa pois no processo constam documentos do século XVIII e IXI que comprovam esses testemunhos.
Ao contrário da parte contrária que não exibiu um documento de fosse a justificar o tal limite do CAOP que Alegadamente 

" não veio estabelecer ex novo os limites referidos...tendo-se limitado a recolher aqueles limites que desde tempos imomoriais foram os limites entre a Fregueseia de Areosa e a Fregueisa de Monsserrate!"

- E então que é feito dos documentos que demonstram o contrário e que fazem parte do Processo???

Bem quanto ao nosso António Barreiros e a sua (e a dos outros) idoneidade vou parafrasear o nosso conterrâneo Carlos Baptista.

“Conseguiram manchar o bom nome de Areosa e beliscar a dignidade de quem cá vive”