sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Areosa desapareceu do mapa (II)

 AREOSA desapareceu do mapa II

E também desapareceu da minha memória quando publiquei a primeira. Mas essa memória foi recentemente avivada pelo texto publicado no passado 14 de Agosto aqui na A AURORA DO LIMA, pelo Areosense Carlos Baptista.

AREOSA, uma freguesia oficialmente ignorada. Roubada, enganada, vilipendiada, enxovalhada…acrescentaria eu!

Roubada na água cuja história vem já do Espinheiro e do Fincão. Passou ao Real e Castanheira em S. Mamede. Depois à Chã das Cheiras. Depois ao Rio dos Ôlhos. Depois ao da Maganhão.

E mais recentemente na água que abastecia os fontanários. Roubada no seu território que com o testemunho da Câmara Municipal se podia (pode) desenhar ao metro, até onde o Campo d’Agonia batia no mar. 

Roubada na forma tentada, no monte, aforado ( pela Câmara em 1825) até à (antiga) Capela de Santa Luzia, mas que, por volta de 1880, um Presidente dessa mesma Câmara, resolveu atirar com ele para uns quinhentos metros mais a Norte.

Enganada aquando da sua “integração” em Viana. Passaram os Areosenses de aldeões a “cidadões” sem dar por ela e sem que Areosa afinal deixasse de ser rural. 

( “Como de repente deixei de ser labrego"! Publiquei então, 24 de Outubro de 1990, aqui na A AURORA DO LIMA).

Vilipendiada e enxovalhada num processo sobre os limites em que os seus testemunhos e documentos apresentados foram simplesmente desprezados em favor da “tese” do testemunho facilmente desmontável do “sempre foi assim desde tempos imemoriais!”

Enxovalhada por responsáveis autárquicos e outros colaboracionistas, que consideraram que o processo dos limites não tinha pés nem cabeça e que num fazia sentido!

Bem, AREOSA é de tal forma ignorada, também e até, porque desapareceu do mapa. Só se encontra identificada na Sede da Junta de Freguesia e no Apeadeiro. De resto já fui abordado por gente que vinda da França me perguntaram onde era Areosa, quando já se encontravam na EN13... em Areosa.

Mas há uma passagem imediatamente incompreensível a “…da maioria socialista em sintonia perfeita com o município…” até às “…divergências entre a junta e a câmara…”

Já que factualmente a coisa se deduz , basta observar como se estão a perfilar as listas para as eleições em Areosa, o que não se sabe é do miolo que a tal conduziu. Talvez se saiba um dia da sua extensão e da sua qualidade. Depende dos resultados das próximas eleições.

No entretanto sempre citarei António Martins da Costa Viana. “Já não há Areosenses. Há moradores em Areosa”. Mas também retenho as palavras de Carlos Baptista:

“Ignorar para ver se desaparece." – Areosa, Claro. “Conseguiram manchar o bom nome de Areosa e beliscar a dignidade de quem cá vive” “Areosa ficou congelada no tempo”- “Esta freguesia enorme e amputada” - “A freguesia eclipsou-se” “Areosa…vai sendo empurrada para os arrebaldes”“A inação …é uma traição à probidade do bom povo de Areosa”

O que quer dizer que ainda há Areosenses!!! 

E como sou desse tempo! 

Areosenses daqueles que cresceram alimentados pelo leite das vacas, quando havia vacas em Areosa. 

( O Ernesto ainda as tem! Mas já não tem as crianças à porta dos do Artilheiro no dia da Ascensão)


Areosa, 17 de Agosto de 2025 –

António Alves Barros Lopes

Nota: 

Este texto foi publicado na A AURORA DO LIMA de 18 de Agosto de 2025

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