domingo, 29 de janeiro de 2023

José Saramago


Algures no Guadiana há uma ponte de José Saramago!

Mais que não fosse seria esta PONTE


"Vidraças que me separam 
Do vento fresco da tarde 
Num casulo de silêncio 
Onde os segredos e o ar 
São as traves duma ponte 
Que não paro de lançar 

Fica-se a ponte no espaço 
À espera de quem lá passe 
Que o motivo de ser ponte 
Se não pára a construção 
Vai muito mais a vontade 
De estarem onde não estão 

Vem a noite e o seu recado 
Sua negra natureza 
talvez a lua não falte 
Ou venha a chuva de estrelas 
Basta que o sono consinta 
A confiança de vê-las 

Amanhã o novo dia 
Se o merecer e me for dado 
Um outro pilar da ponte 
Cravado no fundo do mar 
Torna mais breve a distância 
Do que falta caminhar 

Há sempre um ponto de mira 
O mais comum horizonte 
Nunca as pontes lá chegaram 
Porque acaba o construtor 
Antes que a ponte se entronque 
Onde se acaba o transpor 

Sobre o vazio do mar 
Desfere o traço da ponte 
Vá na frente a construção 
Não perguntem de que serve 
Esta humana teimosia 
Que sobre a ponte se atreve 

Abro as vidraças por fim 
E todo o vento se esquece 
Nenhuma estrela caiu 
Nem a lua me ajudou 
Mas a ruiva madrugada 
Por trás da ponte aparece."



Mas as pontes têm pilares!

Pilares que no rios as suportam

Como esta no Guadiana segundo o meu amigo Alpuim!
















lopesdareosa no ano do centenário de José Saramago


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