domingo, 22 de janeiro de 2023

A bilha de Alexandre O' Neill

 

A BILHA

 


1

 Bilha: forma que se casa

Com o meu coração,

A dar-me, simples, a asa,

Como um menino a mão!


Bilha que serve, na mesa,

e espera, sobre a toalha,

Que a gente sinta a beleza

de quem trabalha...

 

Bilha: donzela que dançou,

Dançou tanto de roda,

E na «pose» que me agrada,

De repente ficou!

 

2

Bilha só para ver...

Parece uma rapariga

Que ninguém quer,

A mostrar a barriga!

 

Bilha: mais bela por servir,

Por nem sempre conter,

por se poder

Partir...

 

Bilha que trabalha, que serve,

Que se enche e esvazia

Com a água e com a sede

De cada dia!


3

Serás, bilha, só a terna

Parede feminina

Entre o espaço que te cerca

E o espaço que te anima?

 

Mas da própria condição

de só deveres conter

Água para beber

Se forma o teu coração!

 

Tudo se passa no  “No Reino da Dinamarca”

No entanto e tendo em conta que além de surrealista o nosso Irlandês era um grande gozão provocador, julgo que se quereria referir a outra coisa...

( se é que não se quereria referir...mesmo para além do meu julgamento. Ver terceira quadra do item 1)





Sem comentários:

Enviar um comentário