terça-feira, 1 de março de 2011

PICO TRESMARES OU O TRANSVASE NATURAL

PICO TRÊS MARES



O PICO TRESMARES fica algures na Cantábria. Quem me chamou a atenção para este lugar foi alguém de Santander. Talvez o Chema Ponte. Depois sobre este local li qualquer coisa de Rafael Gomez de Tudanca
Quanto ao Pico está tudo na Net.
Não muito distante do Mar Cantábrico, aí nascem três rios:
 - O Nansa que depois de percorrer cerca de 50 kilómetros chega ao mar na Ria de Tina Menor
- O Hijar afluente do Ebro onde desagua despois de percorrer cerca de 30 Kilómetros.
- E o Pisuerga que percorrendo cerca de 300 kilómetros e já depois de Valladolid, chega ao Douro de que é confluente.
De salientar que o Ebro nasce em Fontibre, bem perto da nascente do Hijar ( dizem até que a fonte do Ebro não é mais que um "Ôlho marinho" de águas infiltradas do Hijar) e percorre 930 Kilómetros
até chegar ao Mediterâneo na provincia de Terragona. Tem uma bacia hidrográfica de 86 000 km2

Ebro em Fontibre
Ficheiro:Valle del Ebro.jpg
 Assim se explica o nome de Pico Três Mares. Pelo Nansa dá água para o Cantábrico. Pelo Pisuerga e depois o Douro dá  água para o Atlântico a oeste. Pelo Hijar dá água para o Mediterâneo através do Ebro percorrendo para Sueste 900 km depois da fonte estar apenas a 50 do mar Cantábrico

O Pico Três Mares é um local de culto dos cantábricos e de todos aqueles que por lá passaram e passam
Dos Cantábricos, um, Gerardo Diegodeixou o seguinte texto que se encontra gravado num monolito de um dos miradouros do Pico:

"Ni una gasa de niebla ni una lluvia
o cellisca ni una dádiva de nieve
ni un borbollar de fuentes candorosa
dejo perderse. Madre soy de Iberia
que incesante en mi seno nace y dura.
A los tres mares que la ciñen, corren
-distintas y purísimas- mis aguas.
Al Ebro el Híjar, el Pisuerga al Duero
y el Nansa se despeña. Tres destinos:
Mediterráneo, Atlántico, Cantábrico.
Y mi cúspide eterna, bendiciendo
-vientos de Dios- España toda en torno.
Prostérnate en mi altar si eres hispano.

Si de otras tierras, mira, admira y calla"

Ora acontece que nunca estive neste lugar. Mas apenas basta este texto para que me aperceba da grandiosidade do lugar e me  comova.
 Mas eu quero chegar a outro sítio bem mais prosaico.
É que reparando no Ebro e seus afluentes, este recebe águas de bacias situadas em lugares tão dispares como de Álava - Rio Bayas, como de Navarra - Rio Arga, ou como dos Pririnéus Catalães - Rio Segre,
Recebe águas de Castela-Leão- Rio Tirón, da Província de Sória - Rio Jalón, ou da Província de Teruel, Aragão - Rio Guadalop: ou do Rio Matarrana também de Aragão.
Resumindo; recebe águas da Cantábria , Castilla y León , País Basco , Castela-La Mancha , La Rioja , Navarra , Aragão , Catalunha (Andorra incluída) e Valência .
Ou seja a própria natureza não se inibiu de misturar biótipos ( É assim que se diz Faria amigo?) de lugares tão estranhos, num só rio.
Por cá houve (há?) uma discussão sobre a possibilidade de tranvases de água das bacias dos rios do norte para os rios do sul num caminho mais curto que o do Ebro.
Bem eu gostaria de mostrar aos entendidos a obra de transvase da bacia do Rio Pégo para a Bacia do Rio da Romenda que os de Areosa fizeram num tempo em que não havia ecologistas e outros ambientalistas a atrapalhar. E ninguém morreu!
Eu gostar gostava. Mas ninguém me liga e um dia a obra é atulhada e lá se vão os meus argumentos!

Já agora uma
curiosidade.

A Vaca Tudanca é uma raça autóctone da Cantábria lá prós lados do Pico Tres Mares.

No Cantábrico Tudanca é nome de gente. E de vacas que tiveram direito a um monumento

Cá, tínhamos as Galegas e depois as Holandesas, por  cima das quais eu dormi enquanto solteiro.
 Acabamos com elas sem honra nem glória!

Lopesdareosa

2 comentários:

  1. Sr. Lopes,

    Num país que sempre sugou a cultura, a história, o dinheiro, os genes, as pessoas e até a dignidade do Norte, só faltaria mesmo o sul vir-nos buscar mais uma coisa que temos e que eles desejam.

    A água.

    Não se preocupe que lisboa não precisa de transvases pois eles inundam Vilarinhos, arrasam ecossistemas, devastam paisagens para nos aproveitar a água com as barragens e os ventos com as eólicas.

    Posteriormente vendem-nos a energia mais cara mesmo que tenha sido a nossa terra a produzi-la.

    O sul já tem a capital, os tachos e os subsídios bem transviados. Só faltaria roubar-nos o sangue da terra. Aquele sangue transparente, fonte de vida, que fez do nosso canto o jardim mais verdejante de Portugal

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  2. Ao Galaico

    Até parece o Lopesdareosa a falar!

    Nem imagina os dossiers que tenho sobre a desertificação, a centralização em Lisboa, o despovoamento, a destruição da lavoura, o abandono e o despreso por tudo o que é rural.

    No entanto cortou-se-me o coração ao ver, no Verão, em 2005, no Alentejo, gado a comer pedras e a morrer à sede. Guardo também um arquivo sobre as notícias desses acontecimentos.

    Tudo consequência de nunca termos tido ninguèm á altura de olhar Portugal como um todo.

    Os poderes que levaram à concentração e ao centralismo ( eu diria ao concentracionismo) são os mesmos que, insistindo em más opções, deixam morrer à sede gado no Alentejo quando ao mesmo tempo que nosso verde é pasto de chamas!

    Compreendendo todos os seus ressentimentos, que afinal são os meus, não me repugnaria que o Douro abastecesse as bacias a sul sempre que tivesse água a mais. É apenas um problema técnico nada mais. E a isso me refiro no texto dedicado ao Pico Trêsmares.

    Mas gostaria também, como é evidente, que o que há a mais lá para o sul fosse mais bem repartido. Mas o que se sabe é que até as verbas que são destinadas à "Paisagem" ficam retidas lá pelas "Lisboas"

    Cmpts
    Barros
    Lopes

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