quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O RAPAZ DA CAMISOLA VERDE

Poema e título de um livro de Pedro Homem de Mello


Viste-o encostado àquela coluna. 
Não vestia uma camisola verde. 
Tinha uma madeixa negra mas não usava boina. 
De marujo só os olhos.

- Se eram azuis, porque eram tristes?

- Procurariam coisas intangíveis?

O Amor?
A Alegria?
A Felicidade?

                                                A Partilha?

No entanto o perto era longe pela solidão do um. 
No entanto o longe era perto pela percepção do outro.
A distância não a seria senão e apenas a de meia dúzia de passos. Bastava um gesto. 
O atrevimento de uma palavra. 
Mas apenas o olhar ... só o olhar. 

Do lado de lá o esmagamento pelo espanto perante aquele instante a estourar de beleza. 

Intensidade quase insuportável. 

O peso da imagem vergava o olhar. 
Este levantava-se por intervalos medidos em relâmpagos.
Depois a viagem. Curta.
Depois não houve depois.
Depois e desde então, no entanto, não chegou a perder-se aquele que só tu puderas ter salvado.                                 Não!
Mas também nunca mais se encontrou.
Até àquele dia. E que dia!
Até àquela noite. E que noite!

Tone do Moleiro Novo

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