AS MULHERES
DA MINHA ALDEIA!
Vem isto a
propósito da recente iniciativa do PÚBLICO em editar, em 15 fascículos, a
obra de Maria Lamas "As mulheres do meu país".
Publicada também em fascículos entre 1948 e 1950,
consultando uma segunda edição (2002 da editora CAMINHO) desta mesma obra, que
aqui não vou salientar o valor por demais já elogiado, encontrei na página 57
uma alusão a Areosa, não falando de Areosa.
A fotografia atribuída a Aureliano Carneiro apresenta duas mulheres a lavrar numa veiga que eu diria ser já a de São Sebastião. Essas
mulheres que, pelo sorriso da que segura a soga, eu identifico como sendo
da Casa d'Andrel (alguém que me corrija) corresponde ou deu origem a
um postal colorido posto então em circulação. Esta imagem constou no pano de
boca do palco da Sociedade.
Mas não
pondo em causa o valor da obra, este tipo de publicações enferma de uma falha
estrutural: Não identifica as pessoas retratadas. Pecha dos entendidos que se
servem de gente que é gente como meros objectos em cima dos quais nos
arremessam a sua sapiência, Outro sim a própria sapiência que informa
neste caso tratar-se de:
"
Camponesas minhotas da beira-mar lavrando uma veiga em Carreço. Ao fundo a
serra de Agrichousa",
(segundo a
legenda na obra citada)
Em primeiro lugar as camponesas minhotas poderiam ser
de muitos sítios à beira mar mas no caso são de Areosa. Aliás a edição do Postal
diz isso mesmo. Em segundo lugar a veiga não é em Carreço; é em Areosa e é isso
que diz o tal postal. Em terceiro lugar ao fundo não está a serra de
Agrichousa! Porque Agrichousa é em Afife, não se avista do local. Não existe
como serra, quanto muito terá o monte à volta com seu nome.
Lá ao fundo o que se vê é o encontro (ou divisão) do
Monte da Paradela com o da Penedeira, "frecha" aberta pelo Rio do
Pégo. E lá por cima, mais longe, o alto da Porqueira já em Carreço. E se
dúvidas houvesse lá está a frente da Sociedade de Instrução e Recreio
Areosense, em construção.
No entanto, para a posteridade, vai ficar o que está
escrito na obra de Maria Lamas e não estas minhas observações.
António Alves Barros Lopes
Areosa, 8 de Agosto de 2023
A primeira imagem não foi publicada. Nela consta a legenda citada no texto. A página constante é a 57 e não a 47. Erro meu no texto publicado na AURORA.
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