Li, desta Professora Universitária, no JN, de 16 de março, repetir o que toda a gente assume;
Que o litoral foge ao interior. Ou seja, o interior foge para o litoral.
- Que coesão??? ...nem vê-la!
...citando Jorge Gaspar, quando este dizia:
" há o desenvolvimento pelo povoamento, mas em algumas áreas é preciso desenvolver despovoando"
Ao mesmo tempo e na mesma edição do JN pode confirmar-se essa realidade.
"Mais de metade do território está despovoado",
é o titulo.
E também aqui se pode ler o realce:
"Por seu turno, nos últimos 20 anos os portugueses têm-se concentrado no Litoral do continente..."
Ora já aqui o relato pode enganar o leitor. O "fenómeno" da litoralização nem é fenómeno, nem tem apenas 20 anos.
Já Correia da Cunha o previa, em 1973, em plena Assembleia Nacional.
No entanto a coisa acelerou precisamente no período das vacas gordas quando os fundos de coesão entre o interior e o litoral, de apoio ao mundo rural, estavam garantidos ao Cavaco pelo próprio Dellors.
Mas afinal os tais fundos de coesão não coesaram coisíssima nenhuma.
E já os censos de 1991 matematicavam o tal fenómeno. E o país possível que temos hoje é consequência da forja de então. Aliás temos muitos e bons apaniguados que tal testemunham.
Ainda hoje no CM o Senhor Gestor Luis Campos Ferreira publica:
"O que Cavaco fez foi reformar e transformar o país de uma forma irrepetivel"
(efectivamente não o vai repetir pois não vai ter segunda oportunidade)
E é tão interessante este texto que lhe dedicarei uns comentários, pois... "a grave crise de habitação em Portugal"... de que fala.....é no seu cerne, consequência da litoralização do país. Há casas a mais em Portugal em relação ás famílias recenseadas! Quem o diz são os Censos!
Há casas a mais onde há gente a menos. Faltam casas onde há gente a mais, precisamente onde já há construção a mais - no litoral. E a solução - que eu critico - agora encontrada para a crise da habitação é continuar a construir desalmadamente, onde se tem construído desalmadamente.
E voltando a Jorge Gaspar, (citado por Maria de Lurdes Rodrigues)
" há o desenvolvimento pelo povoamento, mas em algumas áreas é preciso desenvolver despovoando"
A segunda parte encerra um dos maiores equívocos dos nossos teóricos e já agora, práticos da nossa integração na CEE.
A passagem de uma sociedade rural para uma industrial, conduz á litoralização e concentração no meio urbano por diminuição humana no mundo rural. Passou-se em todo o universo dos países desenvolvidos. Porque a própria actividade agricola dispensa mão de obra á medida que se mecaniza e se racionaliza. Ou seja, à medida que também se desenvolve acompanhando esse progresso.
Mas aí a diminuição do pessoal no mundo rural e sua concentração nos espaços urbanos/industriais foi consequência do próprio progresso. O espaço rural não foi abandonado. - Vão à Bélgica, vão à Suíça, vão ao Luxemburgo, vão à Dinamarca, vão à Alemanha...
Em Portugal quiseram fazer do despovoamento a causa do progresso.
O que criaram foi uma visão distorcida do progresso.
O mundo rural, lá, acompanhou o desenvolvimento. Em Portugal o progresso significou o abandono e território carente de ser frequentado e cuidado.
Vão ver nos tais sítios da Europa, com que enchem os argumentos, isso se passa!
( E se quiseram uma explicação de cátedra, subam comigo ao monte de Areosa ou de Carreço que eu mostro-lhes a imagem de Portugal inteiro)
lopesdareosa
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