Já me referi a este texto de Maria Manuela Couto Viana em
ROMANCE DO RAPAZ DE VELUDO
Uma despedida no meu pobre entender. Uma morte abstracta. Talvez de um tempo. Talvez do próprio tempo! É que e na última quadra, a autora confessa a sua dúvida.
"Minha noite de Ameaça
O meu punhal de ciúme,
Só não sei se foi o mar,
Se fui eu que o matara"
Mas se de um afogado da vida se tratasse, e tantos se enredaram no argaço, o Rapaz de Veludo poderia ser das Caxinas, de Caminha, ou mesmo de Carreço.
Francisco Enes Pereira, do lugar de Montedor, teve por sudário o crespelho do mar dos Açores.
Pedro Homem de Mello dedicou-lhe o seguinte texto:
FRANCISCO
"Trazia-nos o mar quando cantava...
Era seu canto a própria maresia!
Contudo, em sua boca, uma flor brava –
Rosa de carne – à terra, ainda o prendia.
Nos seus dedos, as sombras das gaivotas
Poisavam sem poisar...
Mastro perdido! Inverosímeis rotas
Que nunca mais hão-de recomeçar!
Seria frágil? Sim, porque era forte.
Seria bom? Não sei... mas era puro.
Tinha a beleza que anuncia a morte
Do lírio prematuro.
Quadril enxuto. E o peito? – Asas redondas
Com que se voa mais que se respira!
Corpo de efebo no cristal das ondas.
Em vez de vermes, algas de safira..."
Tinha vinte anos. Bem poderia ser o rapaz de veludo de Maria Manuela Couto Viana. Aliás os dois textos tresandam um ao outro. Esse sabor amargo que tanto aproximou os Poetas. Qual maior a admiração que tinham um pelo outro!
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