terça-feira, 25 de novembro de 2014

CAOP

O   Penedo  da  Era

( Ou de como o CAOP não é um documento fiável)

No ARCHIVO VIANENSE, de 1895, Figueiredo  da Guerra iniciou este seu trabalho precisamente com Santa Maria de Vinha ( de Areosa).  E não terá sido por acaso!

Logo na entrada escreveu:

A egreja de Vinea é sem dúvida alguma a mais antiga de todo o nosso extincto termo de entre Âncora e Lima: a ella pertenciam as collações de Âncora e Villate.

Na sua terra ou districto estavam as Villas de Vinea ou Vinha, de Figueiredo, da Foz e de Castro com varios casaes e herdades, estendendo os seus limites desde de Além do Ribeiro de Victorino ou do Pégo ao do Ameal sobre a Meadella, fechando no alto do monte Tarrujo ou Carregio, no penedo da Era ao Norte do ermitério de S. Mamede, que também estava na sua dependência.“

 A análise de todo este parágrafo dará pano para mangas!  Fica para mais tarde. Centremo-nos por agora no Penedo da Era e seu conhecimento.

- Onde é que Figueiredo da Guerra foi buscar que a terra da egreja de Vinea fechava aí “…no alto do monte Tarrujo ou Carregio, no penedo da Era ao Norte do ermitério de S. Mamede…” ?

- Será desconhecimento meu das fontes ou mais uma manifestação do enigmatismo de Figueiredo da Guerra do qual Almeida Fernandes se queixava? Solicito desde já que os entendidos venham em socorro da minha ignorância.

Isto vem a propósito de que o saudoso Dr. Luis Branco de Outeiro,  homem que, de generoso também, resolveu  elogiar-me, em Agosto de 2005 nas páginas desta AURORA DO LIMA.  Tivéramos um encontro numa tarde de sábado no bar do Carvalho, na praia de Afife.  Naquele mesmo bar, que incomodando imenso na arriba, foi recentemente desmantelado. Falámos de Areosa e de Outeiro. Falei que éramos vizinhos de costas voltadas. De um texto por mim publicado na A AURORA DO LIMA de Abril de 1997 dizendo isso mesmo.   Perguntou-me dos fundamentos desse texto dado que a cartografia oficial não dava Outeiro confrontando com Areosa.

Afirmei  então  que  essa  cartografia estava errada  e convidei-o  a  subir à Chão Grande.  Lá chegados  mostrei-lhe  uma  laje  nativa  onde  os nossos antepassados tinham gravado um grande O e um grande A separados por um valente traço.
 
  - Não fui eu que fiz isto! – Disse acrescentando que os sinais correspondiam ao que estava escrito no tombo de Outeiro. Ao contrário do que mostrava a cartografia oficial, esta, com Carreço a confrontar com Outeiro, apresentava aquela freguesia com a forma de um trapézio, que a estar correcta, colocaria parte de S. Mamede em Carreço, o que seria um disparate. Aliás o Padre Enes Trigo, nos inícios do século dezanove,  no seu livro sobre a Comenda de Carreço, além de descrever  a fronteira com Areosa até ao Penedo da Era, tivera o cuidado de desenhar (ver imagem seguinte)  o contorno de Carreço que mais se parece com um triângulo de que com um trapézio.


Estas considerações levaram o Nosso Dr. Luiz Branco a publicar então em 2005 nesta AURORA, esse tal texto em  que mostrava um extracto da cartografia errada  solicitando a sua correcção e invocando os meus “conhecimentos”.  Ver ilustração seguinte.


Ora esse  extracto não era mais que a cópia de uma qualquer  brochura da divisão administrativa do Concelho de Viana, realizada em cima  da Carta Administrativa de Portugal – O tal CA(O)P editada pela Comissão Nacional do Ambiente, impressa no Instituto Hidrográfico em 1979, realizada pelo Eng. Agrónomo e Geógrafo José Correia da Cunha, ( o tal que em 2 de Fevereiro de 1972 na Assembleia  alertou para  tudo o que iria  acontecer a Portugal nas décadas seguintes!) errada neste caso como presumivelmente em tantos outros.
Aliás a própria entidade responsável assume o caracter não definitivo desse documento. Em Ofício datado de 12/05/2004, Refª. 1094/CIC-DEC/04 e dirigida ao Presidente da Junta de Freguesia de Areosa, O INSTITUTO GEOGRÁFICO PORTUGUÊS manifestava “… devendo esta versão da CAOP ser considerada como uma base de partida, sujeita a alterações sempre que sejam detectadas incorrecções e/ou imprecisões.” aquando de uma reclamação feita pela Autarquia de Areosa.
Quanto ao Penedo da Era nunca vi este monumento mencionado em qualquer cartografia.
O que sei é que se encontra mencionado no livro da Comenda de Carreço, numa Acta da Junta de Freguesia de Areosa e, indirectamente, na remissão do foro dos Montados de Areosa.  E não sei de onde é que dele veio o conhecimento de Figueiredo da Guerra.
Mas há uma referência recente  ao mesmo.  Antunes de Abreu na sua História de Viana do Castelo logo de início a pgs. 91, e depois a pgs. 149, 170 e 200 fez publicar ilustrações da divisão de freguesias, quer expressa quer conjuntural,  precisamente assentes nessa tal cartografia errada. ( já Almeida Fernandes tinha apresentado em Como Nasceu Viana, pag. 71 , um hipótese de divisão de paróquias que embora apresentando já Outeiro a confrontar com Vinha,  está longe da chegada desta ao tal Penedo da Era! ( Ver ilustração abaixo.)
 Mas e apesar disso e mesmo sem suporte de cartografia credível, lê -se a Pgs. 129  da citada História de Viana do Castelo.
 A Igreja de Santa Maria de Vinha era a mais antiga da faixa litoral entre Minho e Lima e englobava as colações de Âncora e Vilar (Riba) de Ancora. Este território incluía as "Villas"  de Vinea, Figueiredo, Foz e Crasto ( estas três últimas serão assento da Vila de Vianna) e outras até ao Castelo roqueiro Tarrúgio ( Sec XI -XII) no Penedo da era ( ao norte da Ermida de S. Mamede)”  Remetendo para  o que Almeida Fernandes escreveu na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, onde este, por sua vez, cita Figueiredo da Guerra, acerca de  Vinha de Areosa
Ora, o texto citado,  mais não é o que Figueiredo da Guerra escrevera antes, com duas novidades:
- A primeira é  a  existência de “… outras… Villas…” ( Informação que vem de Almeida Fernandes que não dizia apenas outras mas … muitas outras….  Resta saber quais e onde).
 -  A segunda é a existência de um Castelo Roqueiro ( Sec XI -XII) no Penedo da Era, que é uma novidade não só em relação ao texto de Figueiredo da Guerra como ao de  Almeida Fernandes.
O facto de tanto Almeida Fernandes como Antunes Abreu falarem do Penedo da Era e apresentarem configurações erradas do contorno, ( que tem tudo a ver com o Penedo da Era)  de Areosa (Vinha) leva a concluir  que não conheciam a localização do Penedo da Era. Quanto a Figueiredo da Guerra não disponho de informação para discernir.
Das leituras de França Amaral, tanto do Tombo do Couto de Cabanas como do de Outeiro, Era virá de “Estrera” sitio na Chã da Carvalha referenciado nos dois documentos.
Como estes monumentos (o castelo e o penedo) não estão identificados na cartografia disponível, para todos aqueles que no terreno se queiram inteirar onde fica o Penedo da Era, subam ao Monte Tarrúgio vão ter ao sitio do Castelo Roqueiro, que encontrão o Penedo nas cercanias. Para quem  conheça a localização do Penedo da Era, e não saiba do Castelo, suba ao mesmo monte e  vá ter ao  Penedo.               Deve ser lá perto!
Lopesdareosa,   Novembro  de 2014

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

FLOREIRAS ARTISTICAS

DO JN DE HOJE

"Um habitante de Guadramil, uma aldeia do Parque Natural de Montesinho, diz que se sente discriminado porque foi notificado pela câmara de Bragança para retirar as sanitas, bidés e autoclismos que tinha a servir de floreiras, no passeio junto a uma casa de que é proprietário naquela localidade." 

A fotografia também é do JN

ÓH!  Sr. José! 
Por amor de Deus!

Se fosse a Joana Vasconcelos seria convidado a expôr e teria um prémio!

Repare, o Sr. para além da vulgaridade de se chamar José ainda por cima é Silva, o que não abona!

Depois é de Guadramil sítio que nem os especialistas em agregações sabem o que é!

Além do mais não consta que o Sr. José, apesar de estar no perímetro do Parque Natural de Montesinho, seja espécie protegida!

Coragem Sr. José!

Quem não o compreende é porque não lhes cabe na cabeça que esses objectos também servem para colocar flores. Lá em casa, para lhes dar utilidade, não terão mais nada senão merda! 

Tone do Moleiro Novo!

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O CADASTRO


O  CADASTRO

Todos os anos, por esta altura, anuncia-se o início da chamada época dos incêndios. Porque isto, porque aquilo e porque todos as desculpas e justificativos  que se repetem, o monte arde!  Na  falta de limpezas a lei responsabiliza os proprietários. Mas há um entrave! Por falta de Cadastro não se conhecem esses mesmos!  Isto dizem os ministros da governança. Da deles não da minha, quero eu dizer! Coisa espantosa que me remete para os tempos do meu avô que, na penúria de ter abandonado  a certeza do  gesso  e a Galiza para acabar no estrume da  incerteza de lavrador em Areosa, não lhe chegava o dinheiro da vaca que vendia para a economia de um ano. Tinha nascido numa família de desgraçados, pensava e sentia eu!
E a coisa continua. Então não é que as Finanças só conheciam ( conhecem) um proprietário em todo o universo territorial nacional?!
- Precisamente o meu avô para quem lhe enviavam todos os anos a décima para pagamento. E continuam a enviar, para a respectiva herança, a factura do IMI.
Ora acontece que nessa factura constam precisamente quatro artigos do Monte, dos tais terrenos de que não se conhecem os proprietários. O meu avô é a excepção para mal dos pecados dele e dos seus herdeiros. E eu sou um deles! Nascí de facto no seio de uma família desgraçada. As autoridades  conhecem apenas um dos proprietário dos montados e esse é precisamente o meu avô. Azares da Vida!
Muito recentemente,  em Maio de  2013, foi Publicado um livro pela Fundação  Francisco Manuel dos Santos, O CADASTRO E A PROPRIEDADE   RÚSTICA EM PORTUGAL da autoria de Rodrigo Sarmento de Beires com a colaboração de João Gama Amaral e Paula Ribeiro que no seu prefácio tem este clarividente diagnóstico da pena do  Professor Luís Valente de Oliveira;
«A questão do cadastro da propriedade é um assunto complexo. Há algumas décadas tentou- se começar a fazê-lo, avançando do sul para o norte dando prioridade à área do macrofúndio. Os métodos então usados eram dispendiosos e morosos. Por isso, coberto cerca de um terço do País, faltou ânimo – leia- se o dinheiro e o tempo – para avançar para a parte mais difícil que é a do minifúndio em zonas de relevo acentuado. E, todavia, é nessa parte do território que os problemas ligados ao cadastro são mais ingentes.»
Ora isto é um espanto! Se não há cadastro (  o que em relação ao das sortes do meu avô, estas devem ser excepção)  façam-no, elaborem-no, executem-no.
E não me venham com a história do minifúndio, dos alcantilados e das dificuldades. Que eu saiba não foi por falta de cadastro em montados de  encosta que deixou de ser construída a IC a passar por terrenos dessa natureza, na Meadela, em Perre em, Outeiro, em Freixieiro de Soutelo e dalí até Gondarém. Para efeitos de projecto e de expropriações foi feito o levantamento topográfico do cadastro das propriedades afectadas. Tenho-o eu em casa sem mexer uma palheira!

O que quer dizer que quando há interesse, ou interesses, o cadastro é feito, tanto para abrir estradas com o para qualquer outra obra declarada de utilidade  pública. E não há memória que alguma tivesse deixada por fazer por falta de cadastro e por causa das  dificuldades de o realizar.
-  Será que o  Instituto Português de Cartografia e Cadastro também já foi extinto?
– Exigência da Troika?
Não haverá nos diversos organismos administrativos, geógrafos, topógrafos, engenheiros suficientes e habilitados para executar tal tarefa e em horário normal?  Recusariam a tarefa por não lhes pagarem ao fim do Mês?
Ou estarão os nossos gestores à espera de uma dotação dum qualquer PRODER  para entregar a empreitada aos privados?
Tenho a sensação que há por aí muita gente que fala por falar ou, melhor dizendo, que lhe dá jeito falar por falar.
E se não  houver outra explicação plausível  só peço aos meus leitores, condoídos com a minha desdita,  que me livrem da parvoíce, da palermice e da desfaçatez também. Que dos comunistas os livro eu!

Lopesdareosa,  Maio de 2014

quarta-feira, 30 de abril de 2014

AREOSENSES CASTREJOS OU CASTREJOS AREOSENSES


Areosenses  Castrejos  ou  Castrejos  Areosenses?

 

Cesse, nos anais, tudo o que consta! Afinal a última resistência à tentativa de Roma de correr com os Celtas dos seus redutos não foi na Armórica nem o Asterix o seu herói!

Afinal estavam todos enganados! A civilização castreja não desapareceu no tempo histórico onde os especialistas situam o abandono das Citânias, nem tão  pouco ficaram estas despovoadas no período apontado pelos historiadores.

E não é por isso que desce a minha consideração por Martins Sarmento por Simões Viana pelo Nosso (de Areosa) Abel Viana e outros, que com os seus estudos influenciaram os que os seguiram na matéria, historiadores, arqueólogos…, que sempre situam o declínio dos castros com a chegada dos romanos, mais coisa menos coisa.  A nossa Citânia teria sobrevivido até ao século V.

Estavam ( estão todos) enganados. E quem o afirma e firma no fim do texto é um leigo que por acaso falou com o Sr. Dr. Américo.

Acontece que pelo menos na Nossa Citânia ( digo Nossa por ser de Areosa), conhecida também de Santa Luzia, os descendentes daqueles que Martins Sarmento pressentia Lígures, chegaram até ao nosso tempo. Pois que ainda em 1957 e 1958 havia e nascia lá gente, coisa que os grandes investigadores desconhecem!

Ora por ter falado com o Sr. Dr. Américo este mostrou-me dois assentos de Baptismo na Igreja de Santa Maria de Vinha de Areosa onde consta que a 14 de Março de 1957 e 1 de Janeiro de 1958 nasceram, no sitio da Citânia em Areosa, dois varões dessas indomáveis raças, (Celtas ou Lígures tanto se me dá) um de nome José António e outro José Albano.

Ora acontece que para  além de ser uma  preciosidade histórica, esse acontecimento demonstra também que a Citânia é um sítio de Areosa. E era a este sítio que afinal eu queria chegar!

Abril de 2014

lopesdareosa

sexta-feira, 18 de abril de 2014

TAXAR A ENERGIA SOLAR

Um amigo meu enviou-me uma informação acerca de
 
 THE WORLD'S DUMBEST IDEA -
 TAXING THE SOLAR ENERGY
 
Ver em:
 
 
A ideia é minha!!!!!
 
Tenho que a escrever pois parece que vou ganhar dinheiro com isso!
 
Projecto  Chulice Cósmica
 
Memória Descritiva
 
- Instalar uma calote com janelinhas em volta do Sol.

- A abertura e fecho das janelinhas seria electro hidráulica comandadas por computador.
 
- Cada cidadão teria que fornecer as suas coordenadas à central.
 
- O dono do Sol só abriria a janelinha correspondente se o dito cidadão tivesse a conta da energia solar consumida em dia.
 
 - Os outros ficariam às escuras até regularizarem a situação.
 
Com só tenho a ideia vendo-a aos americanos dado que estes é que têm tecnologia pra levar a coisa à prática e, pelos vistos, já estão a implementar a logística administrativa!
 
Tone do Moleiro Novo
 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O NAUFRÁGIO DO CABO BLANCO

O NAUFRÁGIO DO CABO BLANCO






















Os mirones na arriba.

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O Cabo Blanco ainda direito mas já com pequenos barcos à Ilharga


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Barcos à volta do Cabo Blanco com um rebocador a BB Ré

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O Começo do fim do Cabo Blanco

Em 13  de Jullho de 1936, encalhou em Areosa, em frente de numa zona situada entre os Moinhos do Gandaral do Rio e do Gandaral da Gatinheira.

No COMÉRCIO DO PORTO do dia seguinte saía já a notícia do acontecimento.

( VER EM
http://naviosenavegadores.blogspot.pt/2011/08/historia-tragico-maritima-xxxii.html )

Já no dia 16 este mesmo jornal dava uma nota curiosa

"Tem sido uma romaria à praia da Areosa, para ver o vapor espanhol “Cabo Blanco“, encalhado na segunda-feira nos penhascos dos Moinhos. Como o barco trazia bom vinho, os sequiosos tem tomado boas «carraspanas», dando lugar a cenas picarescas!  Na Delegação Aduaneira estão-se arrecadando carga e utensílios de bordo. "
  
É dessa memória que vou falar. Não da minha como é óbvio pois então ainda não era nascido.
Trata-se em primeiro lugar da memória de Mário Viana meu professor na escola primaria. Testemunha dos acontecimentos seguintes ao naufrágio dos quais deixou as fotografias acima e que me foram cedidas pelo seu filho e e meu amigo António Viana.

Da memória de meus avós e meus pais que me contaram do regabofe que foi a correria  para apanhar os destroços que davam à praia. Dos pipos rebentados à pedrada e do vinho bebido pelos socos, dos canecos à cabeça pela veiga fora fugindo à Guarda que os derrubava à coronhada. Da banha carregada de qualquer forma. Das madeiras que deram bons portais. Do insucesso  dos tiros da Guarda em direcção ao mar para afugentar os barcos dos pescadores que se abeiravam vindo do Norte e do Sul e que carregavam o que queriam para desespero dos que estavam na praia que de tal eram impedidos pelas GNR e Guarda Fiscal.

Enfim histórias de que ainda hoje se encontram vestígios dado que o Senhor António Franco ( O Móca) adquiriu  a remoção do ferro e durante muito tempo manteve na penedia um guincho apropriado do que ainda restam os ferros. Pormenores de quem lá trabalhou como o David Caravela Sá Barbosa e Joaquim Jácome.

De um outro testemunha dos acontecimentos ouvi uma vertente mais sombria. O Barco levaria um carregamento logístico para as tropas de Franco a descarregar na Corunha. O Comandante do Cabo Blanco, apoiante do Governo legítimo de Espanha,  tê-lo-ia atirado contra a penedia de propósito. Tanto ele como o resto da tripulação teriam seguido para a Galiza onde pura e simplestmente teriam sido executados. Quem me contou isso foi o Senhor Abílio da Moça de Carreço, filho do Hidráulico e mais velho que a minha mãe. Coisas tenebrosas das quais não tenho confirmação.

O vapor "Cabo Blanco" encalhado na Areosa, Viana do Castelo 
Segue transcrição do jornal "O Comércio do Porto", de 14 de Julho de 1936 

Viana do Castelo, 13 - Ao norte da barra desta cidade, em frente à freguesia da Areosa, naufragou esta manhã o vapor espanhol “Cabo Blanco”, da companhia Vasco Andaluza, de Sevilha. Vinha de Huelva com destino a Vigo e trazia dois dias de viagem. Salvou-se a tripulação composta de 27 homens, que abandonaram o navio e sete passageiros. O capitão conserva-se a bordo. A carga compõe-se de barris de vinho, cascos de azeite, etc. Parte da tripulação ainda não abandonou o navio, que se considera perdido, procurando contudo salvá-lo.
Da companhia portuguesa «Radio Marconi», recebemos a seguinte informação, respeitante ao naufrágio:- Ontem, de manhã, as estações costeiras de Lisboa e de Leixões Rádio, desta companhia, interceptaram um sinal de S.O.S. lançado cerca das 6 horas BST, pelo vapor espanhol “Cabo Blanco”, anunciando que devido ao denso nevoeiro, tinha encalhado na Lat. 41º45’N e Long. 08º52’W, em Montedor ao sul de Vigo, pedindo assistência imediata de navios, especialmente de rebocadores.
Pelas 06,45 horas BST o rebocador holandês “Ganges“, informou-nos que seguia a toda a velocidade em direcção do navio sinistrado, informando nessa mesma ocasião, qual a sua posição obtida às 06,30 horas BST.
Também o vapor inglês “Highland Princess” informou, pelas 06,18 horas BST, que só em caso de extrema urgência é que se aproximaria daquele navio, a fim de proceder ao salvamento da tripulação, de contrário e em virtude de transportar passageiros e malas de correio continuaria viagem. Cerca das 12,30 horas BST, o vapor espanhol “Cabo Prior” comunicou estar já à vista do navio sinistrado, esperando auxiliá-lo dentro do espaço de meia hora. Segundo informações prestadas pelo próprio navio sinistrado, sabe-se que foram tentados todos os esforços pela respectiva tripulação para salvarem o navio tem resultado inúteis, continuando aqueles contudo, esperançados em o conseguir com a colaboração de rebocadores, cuja chegada era esperada dentro de algum tempo. Mais informaram que o navio estava já metendo água e se encontrava encalhado numa posição bastante critica e entre rochas. Não obstante, sentem-se bastante animados em virtude do mar estar muito calmo.
A estação de Leixões-Rádio continua mantendo comunicação directa com o navio sinistrado, assistindo-lhe em todos os casos requeridos por T.S.F.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 14 de Julho de 1936).

O naufrágio do “ Cabo Blanco”
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Viana do Castelo, 15 - Tem sido uma romaria à praia da Areosa, para ver o vapor espanhol “Cabo Blanco“, encalhado na segunda-feira nos penhascos dos Moinhos. Como o barco trazia bom vinho, os sequiosos tem tomado boas «carraspanas», dando lugar a cenas picarescas! Na Delegação Aduaneira estão-se arrecadando carga e utensílios de bordo.
O barco considera-se perdido, pois enfrangou na penedia e tem os porões inundados. Enquanto o mar se conservar calmo, poderá salvar-se alguma carga; mas a mais pequena ressaca obrigará a suspender quaisquer trabalhos de salvamento.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Julho de 1936).

Lopesdareosa

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Incitamento à biolência

Poderia o título destra crónica ser AULAS MAGNAS.

Uma foi no sítio. Onde Mário Soares se alembrou de alertar para o perigo da violência social em consequência do rumo que as coisas estão a tomar com as sucessivos ataques ao Estado Social da parte do governo cuja noção de equidade quanto aos tais sacrifícios necessários, só vislumbra ir ao fardamento dos sempre os mesmos.
 
Logo após, os muito diligentes branqueadores, solícitos eunucos, estrategicamente colocados fazedores de opinião, políticos e comentadores muito sociais democratas,  muito democratas cristãos se apressaram e apressuraram a acusar Mário Soares de defender a violência. Foram mais longe alguns! Que Mário Soares deveria ser levado a tribunal pelo crime de incitamento à violência!
 
Ironia das ironias. Dias depois numa  autêntica AULA MAGNA o Papa Francisco diz a mesma coisa e muito mais na exortação apostólica Evangelii Gaudium.
 
Será que os muito preocupados já citados irão levar o caso ao Tribunal Criminal Internacional acusando o Papa de actividades criminosas por incitamento à violência???

Eu, de vergonha, borraria a cara com merda!

Lopesdareosa mais conhecido por Tone do Moleiro Novo