( Ou de como
o CAOP não é um documento fiável)
No ARCHIVO VIANENSE, de 1895, Figueiredo
da Guerra iniciou este seu trabalho
precisamente com Santa Maria de Vinha ( de Areosa). E não terá sido por acaso!
Logo na entrada escreveu:
“A
egreja de Vinea é sem dúvida alguma a mais antiga de todo o nosso extincto termo
de entre Âncora e Lima: a ella pertenciam as collações de Âncora e Villate.
Na sua terra ou districto estavam as Villas de Vinea ou Vinha, de
Figueiredo, da Foz e de Castro com varios casaes e herdades, estendendo os seus
limites desde de Além do Ribeiro de Victorino ou do Pégo ao do Ameal sobre a
Meadella, fechando no alto do monte Tarrujo ou Carregio, no penedo da Era ao
Norte do ermitério de S. Mamede, que também estava na sua dependência.“
- Onde é que Figueiredo da Guerra foi buscar que a terra da egreja de Vinea fechava aí “…no alto do monte Tarrujo ou Carregio, no penedo da Era ao Norte do ermitério de S. Mamede…” ?
- Será desconhecimento meu das fontes ou mais uma manifestação do enigmatismo de Figueiredo da Guerra do qual Almeida Fernandes se queixava? Solicito desde já que os entendidos venham em socorro da minha ignorância.
Isto vem a propósito de que o saudoso Dr. Luis Branco de
Outeiro, homem que, de generoso também,
resolveu elogiar-me, em Agosto de 2005
nas páginas desta AURORA DO LIMA. Tivéramos
um encontro numa tarde de sábado no bar do Carvalho, na praia de Afife. Naquele mesmo bar, que incomodando imenso na
arriba, foi recentemente desmantelado. Falámos de Areosa e de Outeiro. Falei
que éramos vizinhos de costas voltadas. De um texto por mim publicado na A
AURORA DO LIMA de Abril de 1997 dizendo isso mesmo. Perguntou-me
dos fundamentos desse texto dado que a cartografia oficial não dava Outeiro
confrontando com Areosa.
Afirmei então que
essa cartografia estava errada e convidei-o a subir
à Chão Grande. Lá chegados mostrei-lhe uma laje
nativa onde os
nossos antepassados tinham gravado um grande O e um grande A separados
por um valente traço.
Estas considerações levaram o Nosso Dr. Luiz Branco a
publicar então em 2005 nesta AURORA, esse tal texto em que mostrava um extracto da cartografia
errada solicitando a sua correcção e
invocando os meus “conhecimentos”. Ver
ilustração seguinte.
Ora esse extracto não
era mais que a cópia de uma qualquer brochura da divisão administrativa do Concelho
de Viana, realizada em cima da Carta
Administrativa de Portugal – O tal CA(O)P editada pela Comissão Nacional do
Ambiente, impressa no Instituto Hidrográfico em 1979, realizada pelo Eng. Agrónomo
e Geógrafo José Correia da Cunha, ( o tal que em 2 de Fevereiro de 1972 na Assembleia alertou para tudo o que iria acontecer a Portugal nas décadas seguintes!) errada neste
caso como presumivelmente em tantos outros.
Aliás a própria entidade responsável assume o caracter não
definitivo desse documento. Em Ofício datado de 12/05/2004, Refª.
1094/CIC-DEC/04 e dirigida ao Presidente da Junta de Freguesia de Areosa, O
INSTITUTO GEOGRÁFICO PORTUGUÊS manifestava “… devendo esta versão da CAOP ser
considerada como uma base de partida, sujeita a alterações sempre que sejam
detectadas incorrecções e/ou imprecisões.” aquando de uma reclamação
feita pela Autarquia de Areosa.
Quanto ao Penedo da Era nunca vi este monumento mencionado em
qualquer cartografia.
O que sei é que se encontra mencionado no livro da Comenda de
Carreço, numa Acta da Junta de Freguesia de Areosa e, indirectamente, na
remissão do foro dos Montados de Areosa. E não sei de onde é que dele veio o
conhecimento de Figueiredo da Guerra.
Mas há uma referência recente
ao mesmo. Antunes de Abreu na sua
História de Viana do Castelo logo de
início a pgs. 91, e depois a pgs. 149, 170 e 200 fez publicar ilustrações da
divisão de freguesias, quer expressa quer conjuntural, precisamente assentes nessa tal cartografia
errada. ( já Almeida Fernandes tinha apresentado em Como Nasceu Viana, pag. 71 , um hipótese de divisão de paróquias
que embora apresentando já Outeiro a confrontar com Vinha, está longe da chegada desta ao tal Penedo da Era! ( Ver ilustração abaixo.)
Mas e apesar disso e mesmo sem suporte de cartografia
credível, lê -se a Pgs. 129 da citada História de Viana do Castelo.
Ora, o texto
citado, mais não é o que Figueiredo da
Guerra escrevera antes, com duas novidades:
- A primeira
é a existência de “… outras… Villas…” ( Informação
que vem de Almeida Fernandes que não dizia apenas outras mas … muitas
outras…. Resta saber quais e
onde).
O facto de tanto Almeida Fernandes como Antunes Abreu falarem
do Penedo da Era e apresentarem
configurações erradas do contorno, ( que tem tudo a ver com o Penedo da Era) de Areosa (Vinha) leva a concluir que não conheciam a localização do Penedo da
Era. Quanto a Figueiredo da Guerra não disponho de informação para discernir.
Das leituras de França Amaral, tanto do Tombo do Couto de
Cabanas como do de Outeiro, Era virá de “Estrera” sitio na Chã da Carvalha
referenciado nos dois documentos.
Como estes monumentos (o castelo e o penedo) não estão
identificados na cartografia disponível, para todos aqueles que no terreno se
queiram inteirar onde fica o Penedo da Era, subam ao Monte Tarrúgio vão ter ao
sitio do Castelo Roqueiro, que encontrão o Penedo nas cercanias. Para quem conheça a localização do Penedo da Era, e não
saiba do Castelo, suba ao mesmo monte e
vá ter ao Penedo. Deve ser lá
perto!
Lopesdareosa, Novembro de 2014
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