Ciganos verdes ciganos Deixai-me com minha crença Os pecados têm vinte anos Os remorsos têm oitenta Pedro Homem de Mello
Ciganos livres ciganos
Quando as crenças são enganos
E a fé já não aguenta
quando perto dos oitenta
já estão à espera os remorsos
que fazem doer os ossos
Hérnias de todo o cansaço
saudades daquele regaço
Apertos de miocárdio
Castelos de duro aço,
com portões de puro sárdio
Fechei-os
Enchi-os
Cheios
De impuro fel
Sem ter maço nem cinzel
Talvez tivera tido alguém
Que me tivesse também
Quando olhei tinha partido
Talvez tivesse querido
E a perdição do sentido
Perdi-o nessas derrotas
Te peço se não te importas
Não me perguntes por mim
Não me lembres o passado
Mau, pecador, vinte anos, ruim.
Num quero ser mortificado assim
Pois as cinzas do meu fim
e as chamas do passado
Caminham sempre ao meu lado
Não me perguntes por mim
Não me lembres o passado
Tone do Moleiro Novo
Com as minhas homenagens a Mariana Homem de Mello e Helena Enes Pereira, testemunha viva da Ínclita Geração de Montedor.
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