quinta-feira, 18 de abril de 2024

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa

(Parte II) - Publicada na edição da A AURORA DO LIMA de 18 de Abril de 2024.

(A primeira parte foi publicada na edição de A AURORA DO LIMA de 4 de Abril de 2024)

Onde expliquei que, não publicando nos CADERNOS VIANENSES, nem na Revista do CER, nem no FALAR DE VIANA e assumindo que nem tão pouco poderia ombrear com a qualidade dos textos e seus autores, tenho publicado  regularmente - há mais de 40 anos - na A AURORA DO LIMA, refúgio dos humildes. O que não queria dizer que não lesse essas edições referenciadas .

E porque as leio, isso dá-me ensejo a tecer os meus comentários que precisamente têm sido publicados na A AURORA DO LIMA. Alguns referenciados na Parte I deste texto.

E o titulo de agora acontece por mais recentemente ter lido no FALAR DE VIANA de 2022 em que Cruz Lopes volta a contar a história do Campo d’Agonia (pg. 95 e seguintes), repisando aquela da “Antiga Quinta de Monserrate.”

Mas vai mais longe referindo-se a uma tal alameda de choupos fronteira ao casario piscatório poente da Ribeira desde o cais de pesca (do Castelo) até à tal quinta ao longo o arruamento antigo de Nossa Senhora de Monserrate de continuidade com a estrada Real de Viana a Caminha, arruamento de entrada/saída de Viana para norte. Remetendo para a Planta urbana de 1867 em que essa tal alameda arborizada é aí evidente e bem representada. (Figura 3 constante na pag. 91 )

Acontece que a legenda dessa mesma figura 3 se presta a diversas confusões. A essa tal planta urbana ( a que afinal é um excerto da Planta Porto e Barra de Viana do Castelo de 1867 atribuída a Vasconcelos &; Ferreira) que serve de base dessa figura, foi posteriormente completada com as obras projectadas em 1905 conforme publicação de Adolfo Loureiro. Como curiosidade mostra o ramal de CF para a doca mas que afinal não foi assim realizado.

Mas essa infografia não testemunha qualquer arruamento no trajecto referido por Cruz Lopes, mas sim EN nº 4 (duas vezes). Mais; já ou ainda em 1868/1969, na Carta Cadastral da cidade de Vianna do Castelo, não consta, aí, qualquer arruamento mas sim Estrada de Caminha. Isto desde o largo Infante D. Henrique até à Cancela de Areosa passando pelo Campo d’Agonia.

E o curioso é que o próprio Cruz Lopes sabe que muito mais antiga que “o arruamento antigo de Nossa Senhora de Monserrate” era a “Estrada de Caminha a Vianna” pois a isso se refere no FALAR DE VIANA de 2013 (pg. 76) remetendo aí para a cartografia  hidrográfica do século XIX – (1864).

Mas o crisma não se queda por aqui! Na pg. 97, Cruz Lopes apresenta uma planta do Castelo da Barra da Vila de Vianna (1794) de Aufdiener, onde nas costas de S. Roque e da Senhora d’Agonia aparece o "Caminho da Arioza." As inovações de Rua de Nossa   Senhora da Conceição e Rua Amélia de Morais, vierem depois! 

Mas esse tal caminho não mereceu qualquer referência a Cruz Lopes Coisa surpreendente tendo em conta o seu acerto  quando cita G.K. Chesterton (1874-1936), escritor…

“o mundo moderno tem como principal objectivo simplificar o que quer que seja destruindo quase tudo.”

Exactamente o que acontece. A destruição, pouco a pouco, da memória contribuindo assim para que a narrativa histórica seja substituída por uma mais moderna.

Coisa surpreendente para o que mais à frente Cruz Lopes escreve:

"Para que a nossa memória humana perdure e não se apague releve-se a função remota e militar do supracitado morro…" 

...quando se refere ao Morro da Forca perto do Local da Senhora d’Agonia. Assim e por reflexo, vou dar uma dica a Cruz Lopes.

- Para que a nossa memória humana perdure e não se apague definitivamente, releve-se a função remota… e rural do Campo d’Agonia, não só recordando as vacas do Freixo, do Lopes e do Sousa mas também as do Zé do Reguinho, lavrador de Areosa, que ía, ele e os filhos que ainda estão vivos, pastar as vacas, pelas década de 70/80, tanto ao Campo d’Agonia como no Campo do Castelo!

Invoca Cruz Lopes, no fim do seu texto, a sua condição de morador nas redondezas para justificar os seus conhecimento sobre as mesmas.

Ainda bem que isso acontece pois permitiu-lhe no FALAR DE VIANA de 2015 pag. 67 seculo XIX, localizar “O «Chamado Campo de Nª Srª d’Ágonia na cartografia hidrográfica do século XIX era aberto ao mar sem casario…” precisando assim o local do limite da Villa de Viana testemunhado pela Câmara de Vianna segundo acta da Reunião da Câmara de Vianna de 14 de Abril de 1846.

Da mesma forma que lhe permitirá precisar o extremo da Villa de Viana pois segundo a Acta da reunião de 19 de Maio de 1832 a Câmara de Vianna se propunha localizar aí, um novo matadouro …entre a Fonte do Castelo, o muro da tapada dos herdeiros de   Gonçalo de Barros Lima e o cais do Rapelho…

Ficará decerto para uma próxima oportunidade!

Areosa, 5 de Abril de 2024

António Alves Barros Lopes

Imagem 1

A Estrada de Caminha n’A Planta Cadastral de Vianna do Castello. Século dezanove


Imagem 2

Caminho d’Arioza n’A Tal Planta de Aufdiener


Imagem 3

EN -14 no Extrato da tal Planta em 1905 conforme publicação de Adolfo Loureiro.

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