quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

I WILL MAKE YOU BROOCHES

"I will make you brooches, and toys for your delight.
Of bird-song at morning and star-shine at night
I will make a palace fit for you and me
Of green days in forests and blue days at sea.
I will make my kitchen, and you shall keep your room.
Where white flows the river and bright blows the broom,
And you shall wash your linen and keep your body white
In rainfall at morning and dewfall at night.


And this shall be for music when no one else is near,
The fine song for singing, the rare song to hear!
          That only I remember, that only you admire,
          Of the broad road that stretches and the roadside fire."
Robert Louis Stevenson


Na minha adolescência conheci, na praia de Afife, uma filha da velha Albion. Aquela Rosa de Inglaterra  tinha tanto de esguia como de intelectual. Introduziu-me na poesia anglo saxónica assim como em outros recantos da sua geografia intelectual. Falou-me de Yats, de Edgar Alan Poe, de Lord Byron, de Milton, Óscar Wild e, surpresa minha, de Robert  Louis Stevenson que eu já conhecia da ILHA DO TESOURO e do MEDICO E O MONSTRO (dos tempos em que a Carrinha da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian parava junto ao Mirante em Areosa) e não como poeta.
Como nessa vertente eu era um ignorante ela propôs-se a recitar-me um texto deste autor que se chamava
I will make you brooches
Ora por essa altura o meu incipiente inglês já dava para compreender
( julgava eu!)  algumas frases e disse-lhe.

- Está bem. Anda lá com isso!
         ( All right. Go on with that. Pois a desgraçada não percebia português.)

Iniciou a minha amiga a sua performance ( foneticamente pafómance. Não se esqueçam que se trata de inglês) e lá foi por ali fora até ao fim do texto já em monossílabos recitado, para mim incompreensíveis, em que entravam muitos emes e muitos us ( (algum dialecto, slung, cockney ou inglês arcaico). Afinal seria Escocesa, pensei eu. Sempre teatralizando a exposição com gestos e trejeitos perfeitamente ajustados à musicalidade e ritmo da sua interpretação.

- Qual é o moral da história perguntarão os leitores.

E perguntariam muito bem pois a história de moral não teve nada.
O certo é que me apercebi que o raio da língua inglesa  (e já agora da Inglesa pois quem falou foi ela) também é muito traiçoeira.

A partir desse encontro e sempre que me cruzei com uma Inglesa repetia mesma pergunta:

- Sabes de cor aquele texto de Stevenson….?

Tone do Moleiro Novo

Sem comentários:

Enviar um comentário