ECOLOGIA À GALEGA
No dia 28 de Julho último, passava eu em Soutelo de Montes, ( Terra dos Cachafeiros) a caminho do Carvalhinho, na vizinha Galiza, me quedei no Rincon, meu conhecido de paragens anteriores, para tomar um
café.
(Aqui três imagens, duas do monumento aos Gaiteiros em Soutelo de Montes, outra dos próprios Cachafeiros na sua época.)
Na ocasião, já uma da tarde, vi no telejornal da TV Galega, uma reportagem sobre a colónia de gaivotas de que os de Vigo apresentavam diversas queixas quanto à quantidade daquelas, como do incómodo das sobras das ditas que maltratavam as pessoas, as roupas, os carros, os edifícios, Etc.
Diversos testemunhos foram ouvidos quanto ás causas da explosão "demográfica" de tais alados bichos, da facilidade de sustento, das quantidades de lixo espalhado à disposição dos mesmos e, principalmente, do modo de controlar tal "praga". A esta altura o "Pivot" do Telejornal informou que uma empresa da Corunha se tinha disponibilizado para fazer a recolha dos ovos das gaivotas nas épocas de nidificação e assim, controlar a multiplicação das mesmas.
Achei a ideia peregrina (não estivesse eu nos caminhos do Grande Apóstolo) e disso dei a saber ao castiço que me tinha atendido ao balcão.
E expliquei porquê!
É que, em Portugal, e desde tempos imemoriais, os de Peniche tinham por tradição ir aos ovos de gaivotas nas Ilhas Berlengas e dessa forma restringiam a capacidade de as gaivotas se reproduzirem. Ora aconteceu
que em determinada altura, as Berlengas foram consideradas Reserva Natural e a prática de recolha de ovos foi abandonada, se não mesmo proibida. Mesmo a deslocação às ilhas foi condicionada. Uma das consequências, também, mas não só por isso, foi o facto de a colónia das gaivotas ter aumentado de tal maneira que acabaram de se sobrepor a outras espécies como; airos; (uuria aalgae) lagartos (lacerda lépida), para além de causarem na região os mesmos problemas que se estavam a verificar em Vigo.
Ora aqui chegados é que poderemos entender o erro em que os nossos amigos galegos estão a incorrer.
É que, para controlar a expansão da colónia de gaivotas nas Berlengas, as autoridades não lhes foram roubar os ovos. Aliás pilhar os ovos às gaivotas seria um atentado ao instinto maternal das coitadinhas e ao seu inalienável direito de se reproduzirem. O que os portugueses fizeram foi deixá-las pôr os ovos à vontade.
Deixá-las nascer à vontade e depois envenenaram-nas.
Mas não foi com DDT, nem com hexóxido de arsénico, nem com cianeto de potássio, nem com remédio de escaravelho! Foi com DRC-1339 um avicida que afecta quase exclusivamente os larídios (gaivotas), sendo os seus efeitos noutras aves apenas sentidos pelos melros (turdus merula) e pelo estorninho-preto, (sturnus unicolor) inexistentes no local. Outra característica do tal DRC-1339 é que não afecta quem o aplica ou seja o Turdus Suturnus.
Ora como os meus caros leitores estão a ver, o envenenamento é um procedimento muito mais humano. Tanto mais que os bichos acabam por morrer de insuficiência renal ao fim de dois a três dias. Ou seja morrem à sede, que, como toda a gente pode entender, é muito melhor que morrer de um tiro, de aborto ou de uma estocada.
Como sou muito dado a estas coisas da natureza e também porque gosto muito dos galegos, vou ajudá-los na sua necessidade de extermínio das gaivotas. Como tenho em meu poder o recorte do jornal que dá notícia desse, mais um, dos portugueses para a evolução científica - no caso o aperfeiçoamento dos métodos do Hitler, neste caso aplicado às gaivotas-vou desse recorte enviar uma cópia ao Alcalde de Vigo. Não só o ajudo na ideia como lhe forneço o nome dos responsáveis portugueses que estão invocados na notícia, com quem eventualmente poderá contactar para mais pormenores técnicos.
Enfim! Mais um contributo do Lopes de Areosa ( para além da muinheira minhota) para o estreitamento das relações Luso-Galaicas.
António Alves Barros Lopes
NOTA DE HOJE
Lembrei-me de uma coisa.
Cuidado que ainda matam o Fernão Capelo.
foto de Paulo Jorge A.C.Pereira
em http://olhares.aeiou.pt/fernao_capelo_gaivota_foto825971.html
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