sábado, 7 de agosto de 2021

Citânia de Santa Luzia versão 7 de Agosto de 2021

 

Citânia de Santa Luzia.

Texto revisto em 7 de Agosto de 2021.

O original foi publicado em 20 de Novembro de 2020 no MINHO DIGITAL

Nesta versão é acrescentado o testemunho do Padre João Tomás da Costa em 12 de outubro de 1929 no Jornal “Noticias de Viana”

 

Padre Quintas.

No seguimento do Marco Fascista, que a AURORA DO LIMA publicou em 24 de Outubro de 2019 ( bons velhos tempos) venho hoje com um dado novo acerca daquele local, agora entaipado, de que o Templo ao Sagrado Coração de Jesus é vizinho – A Citânia.

Naquele tal processo a que então me referi – a questão levantada no TAB por Areosa em relação ao limite com Viana-  presenciei, numa audiência, o testemunho de José da Cruz Lopes que a dada altura ouvi nas suas declarações em relação à fronteira entre Areosa, Monserrate e Santa Maria Maior: (cito de memória!)

Que se questionava porque é que tinha sido traçado um vértice comum. E não tinha sido  o topo norte da Citânia de Santa Luzia. Porque a Citânia de Santa Luzia  era  o berço da cidade. Era o berço da Urbe que  tínhamos hoje. A citânia era um povoação antiga e era ocupada por vianenses pessoas mesmo de Viana. Quando estávamos a fazer o país vivia lá gente.  

Defendia assim, Cruz Lopes que, por isso,  Viana deveria confrontar com Areosa pelo Norte da Citânia dado esta ter sido o berço da Cidade e por isso pertencia ao seu “distrito”.

A pergunta que faço de imediato  é  se a Citânia não terá sido o berço também da Paróquia de Vinha.

A pergunta que faço é se Viana for a herdeira da Citânia onde colocar Vinha na linha de sucessão se a Igreja de Vinha já levava três séculos de história quando Viana (1258) apareceu?

Ouçamos ALMEIDA FERNANDES no seu escrito “OS CULTOS OVINIENSES”, Meadela 1 de Agosto de 1962 que em relação a 1258,

A Vila de Vinea era uma pocessão da Catedral de tuy…desde havia mais de 3 séculos pois foi em 930 que o Rei de Leão Afonso IV em escambo lhe concedeu esta vila…”  

E por isso pergunto

- Há quantos anos já era Vinha de (Areosa) uma identidade histórica quando em 1258 Afonso III deu foral a Viana?

-  A quem pertenciam Adro, Castro e Figueiredo antes do Foral???

– E antes de S. Salvador?

Mas já  nas MEMÓRIAS PAROQUIAIS de 1758 (  e não foi Areosa que apelou a este documento no tal Processo)  

– O Pároco de Vinha de Areosa, Caetano Ventura, responde ao inquérito;

“ É  (Vinha de Areosa) antiquíssima e lhe podemos dar a mesma fundação na opinião mais provável e segura que os escritores nas suas corografias asignan à notável Vila de Vianna pois aquela cidade célebre de Santa Luzia onde a dita Santa tem a sua ermida a sua maior parte  constituída pela Serra em que aparecem vestígios de povoação discorrendo do sul para o Norte hé e sempre foi distrito desta freguesia de Areoza.”

Em 1895 no ARCHIVO VIANENSE, FIGUEIREDO DA GUERRA referiu-se, no seguinte texto,  à antiguidade da Igreja de Vinna em relação aquilo que um dia viria a ser Viana

A egreja de Vinea é sem dúvida alguma a mais antiga de todo o nosso extincto termo de entre Âncora e Lima: a ella pertenciam as collações de Âncora e Villate.Na sua terra ou districto estavam as Villas de Vinea ou Vinha, de Figueiredo, da Foz e de Castro…”

 Em 12 de Outubro de 1929, no “Noticias de Viana” o Padre João Tomás da Costa, informava em carta dirigida ao Director desse jornal, invocando o aforamento do Monte…

( que diz ter pelo nascente 4247 varas até à Capela de Santa Luzia) 

  aos moradores de Areosa, de 1825  assim como a remissão desse foro em 1922.

 Inicio de citação                                                                                                                                      “Por estes documentos qualquer pessoa pode com segurança vêr que o local,onde assenta a Cidade Velha, é pertença da Freguesia de Areosa; e que o tal usufruto e administração que a Câmara outorgou como se diz, é nulo no que se refere à Cidade Velha, que está dentro da freguesia de Areosa, em monte da mesma freguesia, em terreno de que ela era enfiteuta e, como tal senhora do usufruto e administração do mesmo (Art. 1673 do C. Civil) e hoje senhora do Dominio directo.” Fim de citação

 

Depois e em 1930, FG, no Notícias de Viana, volta ao assunto

 

 “A vila da Vinha do Séc X, a velha paróquia a que pertenciam as ruinas de Santa Luzia, chama-se ainda hoje, Santa maria de Vinha de Areosa, e desta freguesia se desmembraram, no tempo de D. Sancho I as terras que da Foz do Lima se estendiam até ao ribeiro do Ameal, na Abelheira e criada então freguesia sufragânea, com sede na Igreja velha das Almas… ( S. Salvador decerto)

 

Mas vejamos tempos ainda mais recentes. Simões Viana in  Cidade-Vélha. “Santa Luzia”. 2:13 (Jun. 1941), p. 3. Escreveu que

“O espaço ocupado pela Cidade-Velha na parte mais elevada da montanha voltada ao Sul, atingia toda a Bouça-do-Lebre, bouça onde foi edificado o Hotel e seus anexos, todo o espaço ocupado pelo Parque, e ainda, pelos terrenos onde estão situados o depósito da água, e Restaurante Palace. (…)”

 

- Que Bouça era essa?

– Nada menos que a Bouça de Santa Luzia situada em Areosa e que  foi adquirida a diversos proprietários  Areosenses  pela  Comissão dos Melhoramentos do Monte de Santa Luzia na passagem dos século XIX para o Século XX

Mais recentemente ainda podemos ler de ABEL VIANA, quase nado e muito criado em Areosa, o que no seu trabalho com MANUEL DE SOUSA OLIVEIRA, “Cidade Velha” de Santa Luzia (Viana do Castelo), in Revista de Guimarães, LXIV. Guimarães, 1954, logo a abrir diz:

“Cidade Velha” lhe chamam os vianenses na suposição de que elas representam a origem da actual cidade. Directa sucessora esta não o é evidentemente…”

E mais à frente escreve na pag. 18 dessa obra:

“ Decorreram dezenas de anos. O tojo, a carrasca, o silvado, as mimosas foram invadindo as ruinas. Sobre estas foi-se criando novamente uma camada de terra vegetal. O terreno pertencia à freguesia de Areosa. O mato era sorteado, tinha dono e roço periódico, não sendo raro andarem por ali, algumas cabras e gado a pasto.”

Se isto não bastasse podemos ainda ver o que ALMEIDA FERNANDES escreveu sobre o assunto nos CADERNOS VIANENSES em 1980 sobre a Cidade Velha ( Areosa) e sobre o topónimo Citânia (Areosa):

Finalmente o topónimo Citânia, substituído, ás vezes, por Cidade Velha (de Santa Luzia) em razão de se julgar que a “Cidade” de que aí há os restos de muros e casas foi a antiga Viana” (49)  

Aqui chegado AF faz esta chamada para em rodapé remetendo para um inventor do século XVII: (49)

“Esta Viana es la vieja cuyas ruynas parecen en lo alto de uno monte al Norte” Etc. - Sandoval in  Anteguedad de Tuy (1620) – Rematando AF com um rotundo – CLARO QUE NÃO!.                

( Almeida Fernandes que em COMO NASCEU VIANA reconheceu a justeza de Figueiredo da Guerra quando este  fez a ligação de Vinha com Ovínea)

Em 1985, na CAMINIANA, já FERNANDES MOREIRA publica um trabalho sobre um documento de 1068 de Frei Ordonho Eris, sobre a fundação do Mosteiro de S. Salvador da Torre que viera substituir o de Villa Mou.

Esse documento dá noticia de que…

 “ As três vilas que ocupavam a maior parte do actual território de Viana e integravam a paróquia de Vinea, isto é Figueiredo , Castro e Foz”,

pertenciam ao Mosteiro de Vila Mou. Acrescentando Fernandes Moreira uma outra fala esclarecedora:

“Uma curiosidade revelada pelo mesmo documento: Viana ainda não aparece como uma unidade territorial, nem mesmo como paróquia, a seu respeito são citadas três vilas: Figueiredo, Foz e Castro.”

Ou seja Já Vinea era paróquia muito antes de Viana ser  Viana!

E mais recentemente Lourenço Alves em “REFLEXÕES SOBRE A VIDA” 2003 pgn  71 e seguintes:

“Terra antiquíssima ( Talvez a mais antiga de Viana e arredores, pelo menos documentalmente) Areosa, ou Ovínia, como é conhecida através de documentos verídicos a partir do século VI…”

 Mais adiante:    

“…a freguesia de Areosa… …bem pode reivindicar o título de Vila, como tem feito outras terras menos favorecidas demograficamente. Aliás se isso tentar, não faz mais do  que restaurar uma velha tradição com mais que um milénio de existência, segundo a qual Areosa foi Vila, couto e sede de um arcediagado, ou arciprestado da Sé de Tuy que abrangia grande parte da terra de S. Martinho ( que compreendia todas as freguesias do Lima e quase todas as freguesias do concelho de Ponte de Lima) e todas as freguesias da Terra de Caminha.

E adiante

“Quase todos os cronistas, que referem a fundação da vila de Viana da Foz do Lima, pretendem encontrar as suas origens na Citânia que lhe fica a norte. Contudo esquecem-se de que, antes das vilas que formaram este velho burgo( Átrio, Castro e Figueiredo) existia uma vila – Ovínia – que, certamente teve início na velha citânia, onde no tempo dos Suevos aparece uma paróquia rural (pagus Ovínia) integrada na Sé de Tuy”

Mais recentemente, Antunes Abreu, no inicio da  sua História de Viana do Castelo Pgs. 129  

“A Igreja de Santa Maria de Vinha era a mais antiga da faixa litoral entre Minho e Lima e englobava as colações de Âncora e Vilar (Riba) de Ancora. Este território incluía as "Villas"  de Vinea, Figueiredo, Foz e Crasto ( estas três últimas serão assento da Vila de Vianna) e outras até ao Castelo roqueiro Tarrúgio ( Sec XI -XII) no Penedo da era ( ao norte da Ermida de S. Mamede)” 

Remetendo para  o que Almeida Fernandes escreveu na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, onde este, por sua vez, cita Figueiredo da Guerra, acerca de  Vinha de Areosa.

Isto  para não falar que os de São Mamede são ainda hoje os últimos descendentes da Citânia que não abandonaram o monte.

– E onde é que eles estão???

– Em S. Mamede  - Areosa.

E para não falar nos castrejos que nasceram em 1958/59  no sítio da Citânia, Freguesia  de Areosa. E para não falar nas sortes localizadas na Citânia, como a dos do Coutinho, que se esfumaram por milagre de Santa Luzia. E é de perguntar se tais memórias perduram na Vila da mesma forma que perduram em Areosa.

E Padre Manuel Correia Quintas!

– Não lhe vou dar nenhum recado que não o saiba. Decerto conhece todos estes autores citados e também FRANÇA AMARAL que recentemente escreveu sobre PAGUS OVÌNEA no FALAR DE VIANA  de 2014.

Mas se não conhecer Almeida Fernandes veja o elogio que Alberto Antunes de Abreu lhe faz no início da  MEADELA HISTÓRICA, 1994 e em ENSAIOS I PARA A HISTÓRIA DE VIANA DO CASTELO (2004) a pg. 33.

Por último, como sabe, a figura de Cristo marcou a humanidade de tal ordem que  ficou como referência para a sua História – AC (Antes de Cristo) e DC (Depois de Cristo). A partir de agora e ao que à Citânia, dita de Santa Luzia, diz respeito,  a sua História vai ficar repartida por AJC e DJC dado que ao cessar tudo o que os antigos professores nos contam, já as arengas dos modernos inventores despontam.

Novembro de 2020 Lopes d’Areosa. Revisto em 7 de Agosto de 2021

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Quero ir contigo a Marte

 


Quero ir contigo a Marte

Daremos a volta a Vénus

Alcançar por esperar-te

Os Céus

Ou mesmo os Infernos.


tone do moleiro novo

(Que raio de mania esta do rimanço. E a wikipédia sempre serve para  alguma coisa)

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Citações

Embirro com os prosapianos que, para alardear sapiência...citam! 

E já vi um tal Voltaire (um burguês  com pouco respeito pelos mortos!) citado, sem piedade nem dó quer pelos mortos como pelos vivos.

"Aos vivos, deve-se o respeito. Aos mortos, apenas a verdade!"

Dizem que disse! 

Este gajo afinal não teria sido assim tão importante nem, consequentemente, será assim tão citável muito embora, dizem, que teria estado no embrião da Revolução Russa (ou seria na Chinesa???)

Se deitassem sentido ao borrabotas do tone do moleiro novo verificariam que o de Areosa é muito mais universal do que o da terra dos galos! (Ver nota)

- Assim perguntaria se essa coisa da verdade não me será devida enquanto andar      no meio dos vivos???

- Quer dizer que alguém vai esperar que eu morra para assumir a verdade???

-- EH! EH! 

Muito me vou rir de certos historiadores de meia tigela se não lhes sobreviver!!!

Nota de rodamão
Prefiro

Deve-se o respeito e  a verdade, tanto aos mortos como aos vivos!

Ganhei ao Voltaire