quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O Marco Fascista

Carta aberta ao Nosso Padre Quintas 

Ver publicada na A Aurora do Lima em 24 de Outubro de 2019

https://www.auroradolima.com/opiniao/tambem-poderia-ser-o-marco-fascista/

Em primeiro lugar, devo esclarecer que este “Nosso” se refere a Vinha de Areosa. O Padre Quintas, embora de Lanheses, é o Nosso Padre Quintas por adopção.
Chegou-me ás mãos um livro intitulado CELEBRANDO CINQUENTA ANOS DE CAMINHADA – PARÓQUIA DO SENHOR DO SOCORRO (Celebração também noticiado aqui na AURORA), livro esse editado em Maio deste ano da autoria e coordenação de Manuel Torres Lima, Martinho Martins Cerqueira e José Miguelote de Castro Monteiro. Nesse livro e a partir da página 77, se encontra um texto da autoria de Pe. Manuel Correia Quintas, que contém uma informação deveras interessante para Santa Maria de Vinha de Areosa. Que segue:
“Uns baptizavam-se do la-do de lá e outros do lado de cá, uns eram sepultados no cemitério de Areosa e outros o cemitério municipal; e, então, quando chegava a visita pascal, a situação agudizava-se com o desembaraço do Abade da Matriz a visitar o Hotel de Santa Luzia, deixando para mim, a dez metros de distância as habitações dos senhores José Leite e Levi dos Santos Reigota. Era um visitador para ricos e outro para pobres. E, tudo, isto também porque civilmente não dando a “bota com a perdigota”, um marco fascista colocado na berma da estrada (que ainda lá se encontra) não recebia a continência de ninguém. A vida ensinou-me que a história é mestra da vida e testemunha dos tempos. Mas. o tal marco lá colocado sem qualquer fundamento histórico, lá continua a fazer má figura porque , até que o seja, não é mestre de nada nem testemunha de porra nenhuma.”
Referindo-se a um marco existente na berma poente da EN13 um pouco a Norte da Bomba de Gasolina.
Permita-me aqui, Padre Manuel Correia Quintas, que acrescente duas falas de Fernandes Moreira (esse modesto investigador alvo de algum desdém numa audiência, na qual ele FM, não estava presente, e a que eu assisti. Isto dentro no tal processo administrativo que Areosa moveu para defender os seus limites e no qual como sabe e aqui na AURORA também, fui testemunha).
Uma desses falas que se encontra na CAMINIANA 1985 acerca do Mosteiro de Vila Mou; – “A história faz-se com documentos. Tanto o subjectivismo puro como o experimentalismo dos acontecimentos repugna à própria natureza da história.” E outra nos CADERNOS VIANENSES, 2010, acerca do CARAMURU – “Faltam os documentos. E como sabemos, sem eles, não é possível construir a história”. Quanto a mim, nesse processo, ao ser ouvido foi-me perguntado se existia e/ou se a Autarquia de Areosa tinha conhecimento ou sabia da existência de tal marcação. A pergunta era redundante pois o que estava em causa não era o conhecimento desses tais marcos mas sim a sua justificação. E como se desconhecem documentos que justifiquem tal marcação daí o processo!
A existência desse tal marco, a que o Padre Quintas se refere, deveria ser justificada pela Câmara de Viana do Castelo. A Câmara é a herdeira, usufrutuária e guardiã do património municipal criado pelo Bolonhês. E deveria ser a primeira a saber e dar notícia da pobra e seu perímetro. De notar que, tal marco tem, de um lado, um A referente a Areosa e do outro lado, um VC referente a Viana do Castelo. Assim não se compreende que a CMVC não tenha sido chamada ao tal processo para justificar tal marcação. Tanto mais que esse marco, Padre Quintas, está referenciado num traçado do limite em causa que a CMVC enviou em 1996 à Junta de Freguesia de Areosa em protocolo. Posteriormente a autarquia Areosense solicitou os documentos em que se baseara esse traçado. E em 2001 a CMVC envia à JFA um conjunto de documentos, uns inconclusivos e outros contraditórios até, sem nos mesmos justificar, quem, quando, como e porquê do traçado, em geral e desse marco, em particular.
Um outro pormenor importante é verificar que no conjunto de documentos fornecidos pelo Arquivo Municipal e enviados pela CMVC, não constam os seguintes existentes nesse mesmo Arquivo. A saber:
– Acta da Reunião da Câmara de Viana de 19 de Maio de 1832. Neste documento se pode verificar que então a Câmara tinha a intenção de construir um novo matadouro … “no extremo da Vila”… passando “… a mesma Câmara a demarcar o sítio que fica entre a Fonte do Castelo, o muro da Tapada dos Herdeiros de Gonçalo Barros de Lima e o Cais do Rapelho…” seguindo a acta a estabelecer as dimensões desse novo matadouro, assim como as distâncias em palmos do mesmo ao muro, tudo em palmos e tomando como referência a sua (do muro) esquina começando a contar de Sul para Norte
– Acta da Reunião da Câ-mara de Viana de 14 de Abril de 1846. Neste documento consta a deliberação da Câmara de Viana sobre os limites da Vila, informação que tinha que fornecer à Comissão dos Impostos do Governo Civil, cujo texto é inequívoco a fls. 116v: – Que os limites d’esta Vila são: “Pelo Nascente o regato de S. Vicente que infina com a Freguesia da Meadela, e pelo Norte os montados das mesma freguesia e da Areosa athé á Cancela sobre a Estrada, em seguida ao Campo d’Agonia, junto à Praia do Mar;…” Onde a Câmara confirma, mas agora de uma forma discursivamente mais precisa, o local onde o Limite da Vila de Viana chega ao Mar. Pois poderia argumentar-se que a referência ao “…extremo da Vila…” fosse suficientemente vago e assim pôr em causa o limite sugerido por tal expressão.
– Minuta da Acta da Câmara da Reunião de 18 de Setembro de 1913 que relata a intenção de construir um novo Matadouro em prédios na Veiga de Figueiredo, também denominada de “Areosa”   ( no entanto envia o extracto da Acta da reunião de 4 de Novembro de 1921 onde localiza o edifício do matadouro à Veiga-de-Figueiredo onde – convenientemente – já não consta a referência à Veiga de Areosa).
E uma das perguntas que se pode fazer é sobre afinal quando foi colocado esse tal marco. Dado nele estar gravado VC se pode chegar à conclusão que tenha sido colocado já depois de D. Maria II. Mas nesses tais documentos e no protocolo do envio consta uma outra informação curiosa.
Uma troca de correspondência em 1940 entre a CMVC e a JFA na qual a Câmara não invoca qualquer conhecimento desse marco.                                                                                                     (Antes pelo contrário – diz que os de Areosa é que sabem onde são os limites!!!).
Mais informando que depois de pesquisar os livros das actas da Câmara desde 1943 a 1946 essas pesquisas apesar de exaustivas e demoradas se tinham revelado inconclusivas. De então, 1946, para cá, foi o que se sabe.
O que quer dizer Padre Manuel Correia Quintas que, até prova em contrário, tenho que lhe dar razão:

– O marco é mesmo um MARCO FASCISTA!
Muito atento (mas não desobrigado até uma próxima missiva pois a coisa não acaba aqui) sou:

Lopes d´Areosa

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O NOME DAS COISAS

Acho o tema tão interessante que a ele volto!

E lembro agora O NOME DA ROSA, aquele livro espantoso do já falecido italiano Humberto Eco.

De reparar que não lhe chamou O NOME DAS ROSAS!      

Da mesma forma vou optar por outro título


O NOME DA COISA

Tudo e porque encontrei, na publicidade, um cartaz envergonhado ali para os lados de Monção!


Mas não muito longe, em Pias mais precisamente, há uma gente que não está com tantos pruridos urbanóides.


E chama a COISA pelo nome.
E como o nome das coisas, dizem, sempre tem a ver com a COISA propriamente dita, eu sempre também direi que sim!

E a História que me contam é que sempre a história se pode comparar com uma FÓDA!

Quando se compra o anho, o bicho é tão caro, que pagá-lo é uma fóda!

Quando se amanha e cozinha o anho, o processo é tão trabalhoso e tão afadigado que os (as) cozinheiros (as)  comparam  a empreitada a uma fóda!

E que quando se come a coisa é tão  boa que sabe a fóda!

Da minha parte encontrei na COISA um manifesto da existência de DEUS.

Quando pela primeira vez a comi, achei a COISA tão divinal que cheguei à conclusão que só poderia ter sido inventada
por uma divindade!

( Como é evidente a coisa a que me estou a referir é                           AO CORDEIRO À MODA DE MONÇÃO!)

tone do moleiro novo

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Dinamarca

Copenhague
ver https://www.a-r-c.dk/amager-bakke

Na capital da Dinamarca construíram uma incineradora capaz de "comer" 400 000 toneladas de lixo por ano!



Transforma lixo em  energia térmica


Tanto o tecto, como uma das ilhargas, foi projectado para ser uma "ladeira" onde se pratica Ski


Cá pela Nossa Terra o lixo vai para os aterros -  aquele que não fica por aí a poluir! 

E os Bê Tê Ús dos resíduos florestais aquecem os tomates de São Pedro.

Mas tudo bem. Os descendentes dos Vikings são uns burros do carallo! 

- Nós é que somos inteligentes!

E se dubidam perguntem ao cão ( se o tiveram) lá em casa.

tone do moleiro novo

sábado, 5 de outubro de 2019

Os Caminhos da misericórdia


Dedicatória a Lúcio Amorim de Afife. 

- O Pirilau -  

Um Extraterrestre no meio do triste quotidiano 


A Tua via sacra é o meu  exemplo
Mas perdoa-me  se entro  no  Teu  templo
E não me ajoelho
Doem-me as rótulas do meu entendimento
Para acreditar já me sinto velho
- E a idade? -  Senhor, a  idade
São toneladas em cima dos ossos
E aquele corvo negro não é fatalidade

Grandes, grandes  são os pecados. Os nossos!
E os Teus? – Porquê tanto sofrimento?
Tanta mentira Senhor – e em Teu nome!!!

Perdoa-me se entro no Teu templo
Onde  o peso das pedras é enorme
Mas  não acredito no que ouço
(E não há esmolas para oferecer dentro do meu bolso)

Os  sinos deveriam dobrar só por ti. Não por mim!
Que eu não mereço

No que acredito está nas  palavras que não esqueço
Só tenho medo de não morrer ( já dizia o Lúcio Amorim)
Ser condenado a vaguear como Caím
Contar até ao fim do tempo as contas do meu terço

Mas a Tua via sacra não tem preço
Percorres os caminhos da misericórdia
Mesmo assim
Sem direito a soldo ou piedade

Acompanhar-te-hão os homens de boa vontade
e outros tantos como o Lúcio Amorim.

- Afinal quem se salva nesta selva de enganos?
- Os humanos não! E é isso que somos; apenas humanos.


























Legenda
Salvador Dali, Jim Caviesel,  e São João da Cruz