quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO

( OLHOS AZUIS IGUAIS AOS MEUS)

Meu Deus, meu Deus!
Olhos azuis iguais aos meus

Tive um gesto
Demandou-me palavras

Meu Deus, meu Deus!
Olhos azuis iguais aos meus

Mas não vê as palavras
nos olhos azuis iguais aos seus?

Meu Deus, meu Deus!
Olhos azuis iguais aos meus

                           ( E deixou-me ali, em sangue, esvaído)

Mas antes de morrer
ainda tive tempo de murmurar

Adeus, Adeus
Olhos azuis iguais aos meus.


Tone do Moleiro Novo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

SRI LANKA

Ou Ceilão ou Taprobana.

Um dia aterrei em Colombo e o meu espanto misturou-se com a minha comoção.
Disse-lhes que era português, olharam para mim como se fosse um deus. Disse-lhes chamar-me António, olharam para mim como se fosse o Santo. Santo que tem direito a igreja e a nichos pelas paredes diante dos quais toda aquela gente se inclina e toca com as mãos.

Depois aquele olhar humilde em que a cabeça balouça, não sei se para nos ouvir ou se para nos encantar!

Silvas, Pereiras, Fernandos, Fonsecas, gente que parecia conhecer-me de há longo tempo.
Fiquei no Hotel Galadari, mesmo ao lado do palácio do governo.
Pela primeira vez vi e ouvi a música Baila que afinal foi levada para lá pelos portugueses. Pelo meio ficam os passeos e puyas colombianos, mapalé afro/colombiano, o funaná de Santiago ou a marrabenta moçambicana.

http://www.youtube.com/watch?v=6QrbJpIzQYM&feature=related
Aqui quem canta chama-se Fernando

Mas o artista agora é Desmond Silva
http://www.youtube.com/watch?v=JlLv6cDBgMc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=N7IvjkS8ZTM
E reparem bem nos traços dos Silvas que ele traz na cara!

Há mulheres e esta chama-se Corrine Almeida
http://www.youtube.com/watch?v=9nG4d67R8mY&feature=related

A música também é conhecida por Baila Kaffrinha.

Uma referência já que por cá nunca a ouvi nos circuitos da dita World Music.

Pode ser que um dia os meus amigos d'Orfeu de Águeda os tragam cá!


Lopesdareosa

BAILA KAFFRINHA

Ver
http://lopesdareosa.blogspot.com/2011/12/sri-lanka.html

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ISABEL PESSÔA-LOPES PASSOU POR CÁ

Sabendo-me em  Afife (Dupla dádiva divina, pois sou de Areosa e resido em Afife, sendo esta o meu coração a outra é o meu sangue), recebi de Isabel Pessôa-Lopes a seguinte mensagem:


"Reparei agora que se encontra em Afife e gostaria de consigo partilhar que também por aí passei aquando da minha "MEGA-Epopeia" (to say the least... ;- ) no dia 1 de Setembro !
Depois de ter saído do Farol de V. R. Sto António no dia 23 de Julho, completara nesse mesmíssimo dia a extensa Linha da Raia... e estava de volta ao Mar !
Almoçara em Caminha... e também ficara encantada com Moledo...
Vinha da praia de Âncora e ao chegar a Afife atravessei a estrada principal para ir tomar 1 galão e uns donuts... na estação de serviço.
Falei com a menina da cx e depois fui ao micro-mercado (da D. Catarina?) ao lado do Restaurante. Abasteci-me de mantimentos para o improviso de jantar+peq. almoço (vendeu-me o último pão), atravessei a linha de comboio e de novo a estrada principal e continuei pelos caminhos de terra.
Era dia de caça... e os caçadores+seus cães 'ladraram-me' para (com +segurança das balas) prosseguir... pelo milheiral (então mais alto do que eu - com uma mochila às costas...) pelo que, ao pôr-do-sol e "entre tanto mato", perdi várias vezes o meu destino de meu horizonte visual... mas assim que o Sol se pôs, acendeu-se a luz do Farol de Montedor - minha morada privilegiada para mais uma pernoita de fadiga :-)

Acredite, há dias cansativamente belos..."

Unquote

Meus comentários:

Passou por cá sem ser notada. De Nuno Ferreira tenho uma referência. O meu amigo Ernesto do Paço de Carrêço interceptou-o na sua passagem.

Em Afife a Isabel, quando atravessou a linha, foi ter ao mercadinho da MARIANA que tem o mesmo nome do Restaurante, da mesma gente afinal! O tal restaurante dos roteiros e do robalo nas algas!

Mas antes passou, tinha que passar, o Rio de Cabanas, aquele mesmo rio que passa pela magnólia e  tantas vezes viu Pedro Homem de Mello, escrever na sua varanda e dançar e cantar nas suas margens.

Depois no caminho para o Farol de Montedor terá perdido visitar o Forte de Paçô, igual ao do Cão mas num recanto de praia menos agreste.

No caminho para Viana, ao passar em Areosa, passou o Rio do Pégo, mais importante para mim que o Amazonas, que não conheço e também porque foi lá que aprendi a nadar!

Por fim pode estar certa que acredito que há dias cansativamente belos. Tanto que nem penso nisso no meu dia a dia!

Por este pequeno pedaço de terra percorrida, escondem-se da nossa indiferença, fazendo cegos nossos olhos distraídos, lugares, auroras e poentes tão belos que, decerto condescendentemente, vão observando o nosso  mesquinho alheamento.
E digo Santa Trega, monte galego que do seu alto é capaz de descrever passo a passo o caminho da Isabel desde a foz do Minho até Montedor. Aqui entre pedras e mato espreitam-se os poentes que fazem com que o mar da dor arda. Também há a veiga; Afife, Carrêço, Areosa e do Calvo, de onde tudo isto se avista, fico a pensar no esforço de gerações e gerações para que, aquilo que ainda não foi estragado, chegasse aos meus olhos. Para lá disto o Mar sempre o Mar. Tanto o da Senhora da Bonança como o da Senhora da Agonia. É o mesmo!

Nómadas?
- Apenas quem,  sem destino ou com algum, que, vá lá saber-se porquê, resolveu percorrer o mundo a pé, sem fazer contas ao cansaço, passou à nossa porta.
Talvez à procura do belo que nós e outros não vemos ou nos recusamos a dar por ela!

Cumprimentos
Lopesdareosa

domingo, 4 de dezembro de 2011

AMÁLIA RODRIGUES E CUCO SANCHES

OU A CONTINUAÇÃO DO FADO COM MARIACHI.

Dos tempos de ouro da canção Mexicana os compositores de "corridos" faziam corridas a ver quem criava a melhor canção. Depois os "Charros", todos eles, a repetiam a ver quem a cantava mais bem.
Havia os autores que também cantavam. Desses José Alfredo Jimenez e Cuco Sanchez.

De Cuco Sanchez dois temas, um FALLASTE CORAZÓN -
 http://www.youtube.com/watch?v=baPb_VspRAU
http://www.youtube.com/watch?v=baPb_VspRAU&feature=related

A mesma coisa por ELVIRA QUINTANA
http://www.youtube.com/watch?v=El2M9-W8MFU&feature=related

Comparem com a versão de Amália
http://www.youtube.com/watch?v=dENtcLFqlOk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=6I8EQtBAwP0&feature=related


e o outro

Grítenme Piedras del Campo -  Cuco Sanches
http://www.youtube.com/watch?v=fSKFpj-zbRg&feature=related


A mesma coisa  na voz de Amália!
http://www.youtube.com/watch?v=enlPLaY_tzs


Barros Lopes
Afife

sábado, 3 de dezembro de 2011

GORRIONCILLO PETCHO AMARILLO

Era minha intenção colar aqui dois vídeos.
Um da Amália a cantar Gorrioncillo Petcho Amarillo e outro de Miguel Aceves Mejia interpretando o mesmo tema. Isto para mostrar a tal ligação do Fado aos Mariachis.

http://www.youtube.com/watch?v=yJjw5Or4XUc&feature=related  - Amália

http://www.youtube.com/watch?v=3P8ajObPQhg&feature=related  - Miguel Aceves Mejia

Como o raio da maquineta não me deixa ficam os respectivos links para o Youtube.
É para realçar a espantosa capacidade que Amália tinha de cambiar de ambiente.

Já agora se forem a
http://www.youtube.com/watch?v=REBZ63xiorQ&feature=related  - desta vez é a de António Aguilar

e digam lá se Amália não se batia com os melhores!

( Gorrioncillo Petcho Amarillo de Tomás Mendez Sosa)
Barros Lopes
Afife

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

FADO E MARIACHI

Por estes dias não se fala de outra coisa. O Fado - Património mundial.
Mas poucos noticiam que não só o Fado foi proclamado!
Foi e foi com
. Os grupos Mariachis, do México,
- A peregrinação a um santuário inca do Peru;
- O Yaokwa rirual dos enawenê-nawê, povo indígena brasileiro de Mato Grosso.
- O saber dos xamãs de Yuruparí, na Amazônia colombiana;
- Um ritual agrícola de replantação de arroz que se realiza em Hiroshima, no Japão;
- Uma procissão de cavaleiros que se realiza na República Tcheca;
 - E  um  teatro tradicional de sombras chinês.

Particularizando o caso dos Mariachis Mexicanos, é interessante falar no cruzamento destes com o Fado.
E teríamos que coleccionar as digressões de Amália pelo México cantando rancheras. Surpreendentemente
não encontrei no Youtube, vídeos dessas actuações.
Mas ficaram outros testemunhos.
Amália no México, conheceu decerto Pedro Infante, Jorge Negrete, Miguel Aceves Mejia e Pedro Vargas.
Pedro Vargas aliás que tinha no seu repertório precisamente a LISBOA ANTIGA. Tê-la-há escutado na voz de Amália.

Vamos agora comparar com o original de Amélia. Como o raio do sistema não carrega mais um vídeo vou dar a volta ao sistema e abrir novo texto. Até já! Mas se clicar aqui vai lá ter!

O curioso é que todos os grupos de música tradicional mexicana que, ano sim ano não, vêm ao Festival Internacional de Folclore emViana do Castelo, todos eles, tocam LISBOA ANTIGA e sabem do que se trata!

Barros Lopes
Afife

domingo, 20 de novembro de 2011

ISABEL PESSÔA-LOPES e NUNO FERREIRA





Estas duas figuras de quem, na net, lhes roubei a imagem, têm uma coisa em comum.

Ambos, sem utilizarem isso como figura de estilo, puseram os pés ao caminho e percorreram Portugal.

Ou seja, fizeram aquilo que eu faria se me pudesse ausentar, do meu arraial, por períodos longos.

Uma foi e vai contando a sua experiência. O outro escreveu um livro -  PORTUGAL A PÉ.

Muito gostaria que tanto a Isabel como o Nuno, se algum dia este sítio virem, me enviassem a resposta a uma pergunta muito simples que, depois desse percorrido, lhes coloco agora:

- Acham que os nossos governantes têm alguma noção do que Portugal seja????

TONE DO MOLEIRO NOVO

NOTA POSTERIOR (já em 22 de Novembro)
De Isabel Pessôa-Lopes recebi a seguinte resposta que vai aqui posta dado que não consigo explicar como diabo não posso comentar os comentários, dificuldade que afinal impediu a autora de se expressar por essa mesma via. Milagres ao contrário. Pelos vistos!

Caríssimo António Lopes:

Resido no estrangeiro desde 1991 mas do que SEMPRE fui lendo/registando à distância...
e agora escutado/conversado/apreendido OLHOS NOS OLHOS,
de povoação em (des)povoação, com centenas de 'ilustres desconhecid@s' (i.e. noss@s conterrâne@s),
uma coisa é certa
:
faria toda a diferença (para melhor!) se @s nosso@s governantes eleitos por 'Ecce Povo' fossem (também) percorrer/observar Portugal (in situ e de viva voz) ... nem que de limusine aí se deslocassem (!) pois prefiro acreditar que tanta negligência governativa se deva a mera ignorância/desconhecimento (facilmente reparável)
e não a incompetência profissional (eleitoralmente cobrável) ou a estupidez pura e simples (dificilmente contornável ou tão pouco aceitável) !!

Mais acrescento que
se algum dia na vida as Pessoas se candidatarem a posições de governância para SERVIREM o país onde nasceram então SIM, interromperei quaisquer das minhas aventuras para lhes CONFIAR o meu voto na urna.


Bem Haja por suas palavras ainda que (advirto) sómente os serões d'Inverno à lareira com @s Amig@s/Familiares me permitirão contar/partilhar VERDADEIRAMENTE o que reflecti/vivenciei ao percorrer a pé e em 80 dias os (Mundos que existem ao longo dos) Pontos Fronteiríços Marítimos (Fortes/Faróis/Cabos de Mar) Terrestres (Castelos/Fortalezas/Linha da Raia) de Portugal Continental ! ;-)

ISABEL PESSÔA-LOPES

postscriptum:
Recomendo a leitura do Livro de Nuno Ferreira (lançamento: Dez 2011)
http://www.rdj.pt/portugalape/
e das suas Crónicas (que tanto me animaram aquando da minha Mega-Maratona)
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=2247
bem como a sua Crónica a respeito do meu 'solo'
http://www.cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=4051

UNQUOTE

Quanto ao comentário de Nuno Ferreira só tenho duas coisas a dizer.

- TAMBÉM  EU!
- TAMBÉM  EU!

Lopesdareosa

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

TOTORE CHESSA

Encontrei-o em Arsèguel.

Na actuação de Totore em palco estive sentado à sua beira.

Ouvi e vi pela primeira vez como se toca o organetto na Sardenha.

Tinha casado nesse ano e ofereceu a todos, no almoço, vinho do seu casamento.

Tocava uma Castagnari. Deixou que eu pegasse nela. Afinal igualzinha ás nossas concertinas na afinação.

A música é que é diferente.

Fica aqui a sua arte que me pôs de boca aberta então.





 
Tone do Moleiro Novo muito pequeno face ao mundo.

domingo, 6 de novembro de 2011

MÉXICO LINDO E QUERIDO

ALMA MEXICANA


Das Rancheras, dos Corridos, das intermináveis mañanitas, das canciones que cantabam sempre um qualquer desprendido voluntário para matar ou morrer, por uma causa, por uma revolução, por uma traição, por uma discusão de cantina no meio de parrandas e borracheras.

Mataram Zapata. Mataram Villa. Fuzilaram Argumedo. Domesticaram a revolução. Já se foram ao Campo Santo os que a cantavam. Negrete, Infante, Aguilar, Mejia e outros.

Ficou o perfume das cavalgadas.

E ficou o cheiro a pólvora. Não só o da balacera em dias de celebração da independência!

Para que não se olvidassem os bons velhos tempos da revolução, dos charros, das cananas atravessadas na cintura ou no peito, os nossos irmãos mexicanos arranjaram outro motivo  para continuar a saga das guitarras que choram à meia noite, dos violinos que choram igual, das trompetas que gritam e das caixas que imitam as ráfagas das metralletas.

Porque sempre choraram a cantar e cantam a chorar, tinham que arranjar um motivo. Continuam a matar-se uns aos outros, agora por causa do narcotráfico.  Os sítios são os mesmos. Tijuana. Sinaloa, Chihuahua. Durango do Romance de Bob Dilan.

Pelo meio, metralhados, ficam os protagonistas. Criminosos perante a lei,  heróis na lenda, cantados por outros tantos famosos por isso mesmo.

No descritivo da tragédia há uma certa semelhança com os nossos trovadores de feira que não há muito tempo cantavam por aí, ou pelas esquinas, as desgraças próprias ou alheias, distribuindo a troco de uma migalha o impresso da história contada.

Hoje o que se vende são CDs que com outras modernas tecnologias vão dando bom dinheiro a quem disso vive e à custa de situações que a outros, mais directamente afectados, só dão lágrimas e sofrimento.

No entanto fica sempre aquela facilidade singela e quase comovente que a alma mexicana tem em transmitir sentimentos.

Aqui neste corrido LA VIDA DE CHUY E MAURICIO,  El Potro de Sinaloa segue e acaba a narrativa de uma forma exemplar e bem mexicana.

Si en vida fuimos alegres

brindemos por los recuerdos



Vai assim:

 


Estado de Sinaloa

fue en el rancho de El Chilar

nacieron Chuy y Mauricio

no imaginen es verdad

haya entre cerros y arroyos

sembraban pa cosechar.


Los invadia la pobreza

sufrimientos mas y mas

la luna en la madrugada

los miraban caminar

el sol llegaba y se iba

como los hacia sudar.



Para cerrar la jornada

la lluvia debia empapar

sombrero ropa y huaraches

se tenian que reventar

pisando lodo entre montes

y el frio se lucia mas.



Parecia manto de estrellas

el que la noche alumbraba

testigos de Chuy y Mauricio

que muy tristes se marchaban

despues los vi por Tijuana

 y tambien por Ensenada.



El Chilar se encuentra triste

porque ya no regresaron

Ajoya y El Platanar

La Caña y todos los ranchos

y el puente de San Ignacio

ya jamas los ha mirado.



Llegaron a california

con Alvaro trabajaron

el destino y un traidor

sus ilusiones truncaran

hay un corrido que cuenta

el desenlace del drama.

 
 

Fue en un carro de la Chrysler

un automóvil 300.

Se subió Chuy y Mauricio

felices y muy contentos.

Cómo iban a imaginarse

que los bajarían ya muertos.



Fueron 400 libras

de mota que habían soltado,

qué jugada del destino

miren cómo les pagaron.

Le dieron raite al contrario

y les pagó con balazos.



En el asiento de atrás

ya la muerte iba planeando,

quedarse con el dinero

y decidió asesinarlos.

Chuy quedó al lado derecho

y Mauricio al otro lado.


Otra tumba en San Ignacio

y dos familias llorando.

Faltan dos admiradores

a Canelos de Durango.

En bromas y borracheras,

Alvaro los ha extrañado.



Rancho El Chilar, Sinaloa

ya no volverás a verlos.

Que toquen Vida Mafiosa

el grupo de Los Canelos

Si en vida fuimos alegres

brindemos por los recuerdos.


http://www.youtube.com/watch?v=a0ZibvwIHTU

http://www.youtube.com/watch?v=wOGU3rv4yNc



VIVA MÉXICO E O YOUTUBE TAMBÉM

Tone do Moleiro Novo

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

VILARINHO DA FURNA

É Vilarinho da Furna!

Não é Vilarinho das Furnas!

Arre Pôrra Que é Demais, para não dizer asneiras.

E se não estão convencidos perguntem aos Gonçalves, aos Barrosos, aos Verdegos, aos Canedas, aos Fechas, aos d'Outeiro, aos Martins, aos Trigos, aos Cortinhas...

Leiam Torga.
Leiam Jorge Dias
Leiam Manuel de Azevedo Antunes

E acabem de uma vez por todas com a invenção de Vilarinho das Furnas!


Tone do Moleiro Novo

domingo, 16 de outubro de 2011

SE A BELEZA FOSSE CALDO!



A tigela estaria aqui! E lá dentro a música, a presença, a interpretação, as palavras, o vestido, o oboé, (ou será fagote? corne inglês?), a quase penca do nariz, Marlene Dietrich Jeanne Moreau, meio por meio.





Mas é a Glenn Close em

http://www.youtube.com/watch?v=vufO2FZY6XQ


Está na minha colecção de pérolas encontradas no Youtube

Lopesdareosa

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS URBANO!

Podia ser escrito por mim em qualquer altura. É uma afirmação que não paga imposto nem direitos de autor.
Não disse dessa forma mas de uma outra parecida.
Portugal é um país fisicament  rural, governado por iluminados de mentalidade urbana.- Foi o que eu disse.
Ver http://lopesdareosa.blogspot.com/2011/06/ministerio-da-agricultura-ambiente-mar.html

Mas porque poderia muito bem ter sido dito por outra pessoa, procurei!
E encontrei.
Quem o afirmou, em 21 de Julho de 2011, foi Amândio Torres, presidente da Comissão Nacional de Coordenação do Combate à Desertificação. Mais disse que:
"Noventa e seis por cento do país é rural, composto por áreas de floresta, espaços silvestres e áreas agrícolas". No entanto, "a política nacional incide sobretudo nos quatro por cento da área urbana".
Deixando uma  sugestão que se prendia  com os Planos Diretores Municipais (PDM), porque considerava que:
"têm de deixar de ser um  instrumento para a gestão urbana e passar a ser um instrumento para a gestão rural".

Ver http://diarioagrario.blogspot.com/2011/07/alteracoes-climaticas-estao-deixar.html
e
http://www.tvi24.iol.pt/ambiente/desertificacao-clima-alteracoes-climaticas-portugal-rural-tvi24/1268041-4070.html

Esta mesma afirmação deu um texto no Blog
http://inovacaoeinclusao.blogspot.com/2011/08/portugal-nao-e-um-pais-urbano.html
Colocado por Frederico Lucas

Enfim é bom saber-se que  teimoso não sou só eu!

Lopesdareosa

terça-feira, 11 de outubro de 2011

VANDERUCU

Vem referido no texto anterior.
Fica em Espanha lá prós lados de Málaga.

Quem estiver interessado pode dizer que vai a Torremolinos e depois, como quem não quer a coisa, dá uma saltada até lá!

(TAMENDUCU, outro sítio onde o vento faz a curva, fica em Marrocos)
Lopesdareosa
Afife

ONDE O VENTO FAZ A CURVA

É muito longe mas pode ser bem perto!
O meu amigo Óscar, do Vale do Âncora, disse-me que fica para os lados de dentro. Em Santo Emilião.
Entre a Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho.
Cá por mim é em Areosa. mais precisamente em Além-do-Rio. Pelo lado do Sul da Casa do Moleiro Novo, no Covelo, construíram um prédio de quatro andares. O vento Norte lá bate e deriva. Só espero que um dia venha a suceder ao do Coutinho quando este for abaixo. A Câmara é a mesma!

Este texto está em construção.
Aceitam-se informações sobre outros locais onde o vento faz a curva.
(Serão inúteis as dicas sobre os quintos do caralho mais velho,  cú de judas, fim do mundo, lá onde os mouros guardam a inteligência, côna da mãe joana, cascos de caralho, Fonte Seca, Limites de Vanderucu e outros, pois estes toda a gente conhece)   


Tone do Moleiro Novo
Areosa

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

GUARIN























Este é um sombrero voltiao, típico colombiano. O mesmo tipo do que usa o Egídio Cuadrado ao lado de Shakira. (Ver http://lopesdareosa.blogspot.com/2011/09/shakira-e-o-acordeonero.html )
E é por isso que Guarin festejou com um parecido o seu segundo golo contra o Marítimo na época passada.
Tal e qual o sombrero, Guarin é também Colombiano!

LOPESDAREOSA

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

LA GOTA FRIA

LOURENÇO MORALES e EMILIANO ZULETA

1

Já que estamos em maré de Vallenato, agora, com a Net, há informação que chegue. No entanto certos pormenores são tanto mais surpreendentes quanto se pode conjugar essa mesma informação.
Vallenato vem de Valldupar uma cidade Colombiana na Província de César nas fraldas da Serra Nevada tendo a Oeste o Mar Caribe e a Este o lago de Maracaibo e o golfo da Venezuela. E já surpreendente é o facto de por lá terem adoptado o acordion diatónico exactamente da mesma forma que nós adoptamos a concertina que, para nós, é a mesma coisa. Mal acomparado poder-se-ía dizer que Valledupar é a Ponte de Lima lá do sítio. E lá nasceu um tipo de música a que chamam Vallenato. É um símbolo Colombiano. É tão importante que todos os anos se realiza, nos fins de Abril, um Festival de Música Vallenata onde se enfrentam os melhores acordeoneros.
Eles próprios dizem AQUI NASCEM LAS CANCIONES.

Tocadores, accordeoneros, pelas festas e romarias e outras parrandas entram em despique tanto na música como no canto. Cultivam o "desafio" a que chamam "Piquerias". Todo esse ambiente campesino está tão arreigado que de uma autêntica cultura se trata. E o confronto e a procura da excelência entrou na lenda e contam que um dia um tal Francisco "El hombre" tocador exímio e melhor cantador, enfrentou o próprio diabo que numa noite quis competir com ele na melhor música, na melhor canção. E Francisco "El hombre" levou a melhor sobre o diabo cantando o credo ao revés. É espantosa a semelhamça com a  o "imaginário" da nossa tradição pois que os nossos cantadores ao desafio enfrentam sempre um parceiro, talvez o diabo, que tenta levar-lhes a palma. No que  o nosso herói sabe trocar as voltas ao dito cujo e ficar por cima. Tantas vezes ví isso acontecer com o Delfim.
Ora a lenda de Francisco "El Hombre" está tão no cerne daquela gente que o próprio Gabriel Garcia Marques a ela se referiu no seu "Cem anos de Solidão".
Simbolizando todos os acordeonero tem a figura no entanto correspondência a alguma factualidade dado que muitos a identificam com personagens reais como Francisco Mascote ou principalmente com Francisco Rada, este, que teria sido  um dos primeiros acordeoneros nos primórdios do aparecimento deste estilo de música.
Os tempos foram passando e a figura do tocador foi-se enraizando nesse ambiente rural. E lá como cá foram surgindo os grandes tocadores e cantadores, ídolos de todos os zés das pinguinhas locais. Até que por volta de 1938 se enfrentavam por aquelas bandas dois "mestres" nessas artes. Um chamava-se Emiliano Zuleta, o outro Lourenço Morales. Qualquer coisa parecida com o velho Cachadinha e o Nelson de Covas. Certo dia, em Urumita, na festa lá do sítio, deveria aparecer o tal Lourenço Morales como era costume. No entanto este ao saber que lá estaria Emiliano Zuleta deu uma desculpa esfarrapara e não apareceu na festa.
( A verdade dos acontecimentos não é esta e está contada pelos próprios no último vídeo deste texto.)
Emiliano Zuleta compôs então a "Gota Fria" tema espantoso que fazendo metáfora com o fenómeno metereológico e castigo de criminosos, retratou de tal maneira o comportamento de Morales que se tornou, aliado a uma música inconfundível, como que um segundo hino da Colômbia e vai assim:

Acordate Moralito de aquel día
que estuviste en Urumita y no quisiste hacer parranda
Te fuiste de mañanita sería de la misma rabia
Te fuiste de mañanita sería de la misma rabia


En mis notas soy extenso
a mi nadie me corrige
En mis notas soy extenso
a mi nadie me corrige
para tocar con Lorenzo
mañana sábado, dia de la Virgen
para tocar con Lorenzo
mañana sábado, dia de la Virgen


Me lleva él o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina
Me lleva él o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina
Ay ! Morales a mi no me lleva
porque no me da la gana
Moralito a mi no me lleva
porque no me da la gana


Que cultura, que cultura va a tener
un indio chumeca como Lorenzo Morales
que cultura va a tener
si nació en los cardonales
que cultura va a tener
si nació en los cardonales


Me lleva él o me lo llevo yo...


Morales mienta a mi mama
solamente pa' ofender;
Morales mienta a mi mama
solamente pa' ofender,
para que él también se ofenda,


... ahora le miento la de él,


para que él también se ofenda,


... ahora le miento la de él.


Me lleva él o me lo llevo yo...


Yo tengo un recado grosero
para Lorenzo Miguel
Yo tengo un recado grosero
para Lorenzo Miguel
que él me trató de embustero a mi
si más embustero es él
que él me trató de embustero
si más embustero es él


Hey jefa eso me lo llevo
pa' que se acabe la vaina
me lleva él o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina
Ay ! Morales a mi no me lleva
porque no me da la gana
Moralito a mi no me lleva
porque no me da la gana


Me le dicen me le dicen a Morales
que estuviste en Urumita y nada hubo
por eso es que a mi me dicen
que fue miedo que me tuvo
como que lo puyé duro
cuando  tuvo que salirse

Me le dice me le dicen a Morales
que abandone el acordeón por siete meses
que Emiliano lo abandona un año largo
y conmigo Moralito pierde siempre
y lo digo alante de la gente
pa´que se ponga más bravo



Moralito, Moralito se creia
que él a mi, que él a mi me iba a ganar
y cuando me oyó tocar
le cayo la gota fría,
y cuando me oyó cantar
le cayo la gota fría.
al cabo él la compartía
y el tiro le salió mal
al cabo él la compartía
el tiro le salió mal ...

Depois dessa epopeia o tema teve um sucesso  de tal ordem que, durante dezenas de anos foi cantado e gravado por outras tantas dezenas de intérpretes. Mesmo aquí em Portugal, quando na rua encontrávamos aqueles grupos andinos era certo e sabido de tocariam o GOTA FRIA. Ouvi esse tema nas ruas de Viana e no Porto.
Até que em 1993, Carlos Vives, um meio baladeiro/meio roqueiro e actor de telenovelas, lançou um CD intitulado "Clássicos da Província" interpretando entre outros temas de diversos acordeoneros Vallenatos, uma versão estilizada da GOTA FRIA que fez sucesso nas discotecas de todo o mundo.
O próprio Júlio Eglésias tem uma versão do tema que não passa de um decalque da  de Carlos Vives.

E agora vem o tal milagre do you tube.
É que alguém lá colocou o próprio EMILIANO ZULETA a tocar a sua GOTA FRIA
http://www.youtube.com/watch?v=zsobg5OqQJo

Mas mais espantoso ainda é que mais recentemente alguém promoveu um encontro entre Zuleta e Morales deixando o mesmo para a posteridade num documento tanto histórico como comovente. Emiliano Zuleta morreu em 2005. Lourenço Morales, este ano em Agosto
http://www.youtube.com/watch?v=G4iJnAJTGgY&feature=related

Por fim e para quem se dê à pachorra, é reparar como estes dois tocavam el acordeon. Muito longe do sofisticado das versões comerciais mas num estilo inimitável porque único.

Outra preciosidade!
A história da GOTA FRIA contada pelos próprios intervenientes. Pormenor inimaginável. Testemunham que se deslocavam em animales ou seja de burro e o próprio vídeo mostra um exemplo.
Igual aos tempos em que o Nelson de Covas se deslocava na sua jóquina sempre tocando!
http://www.youtube.com/watch?v=CtWVpEMe7vg&feature=related


LOPESDAREOSA
(Com um grande abraço ao António Rivas Padilla que me abriu os olhos para o Vallenato. Também para todo os acordeoneros colombianos que possam ler estas linhas com a promessa de que, um dia, irei ás festas da Virgem do Rosário)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SHAKIRA E O ACORDEONERO



Afinal o que é que faz Shakira com um tocador de "concertina" a seu lado???

Pois é!
A questão é que o tal tocador se chama Egidio Cuadrado. É colombiano, foi Rei do Vallenato em Valledupar em 1973 na categoria de aficcionado e em 1985 na categoria de profissional.

Toca num acordeon Honner Corona II (e III) igualzinho aos nossos. Há mais de vinte anos que acompanha Carlos Vives.

A diferença é que nós tocamos Viras, Chulas e Canas Verdes. Na Colombia tocam Puyas, Merengues, Cumbias e Passeos.
Se quizerem ver e ouvir a diferença vão ao vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=MWlhkUlY0Cg

(e reparem na diferença da técnica do tocador.)

Trata-se de uma interpretação, com Carlos Vives, da Gota Fria de Emiliano Zuleta num festival, em Letícia,
em Julho de 2008  "Libérenlos ya" de apoio a todos os sequestrados.


Quem já  ouviu e viu  a música tradicional colombiana tocada e dançada pelos da "província" e tem notícias de Barranquilha, compreende de onde veio e porque é que Shakira é Shakira!

LOPESDAREOSA

domingo, 11 de setembro de 2011

PONTE DE LIMA

PONTE DE LIMA



Adeus Ó ponte de Lima
Adeus Largo de Camões
Foi aqui que se encontraram
Os nossos dois corações

Adeus Ó ponte de Lima
Adeus largo de Camões
Adeus tigela de Vinho
Adeus prato de rojões

Quem não foi às Feiras Novas de Ponte?

Não há festas como as da Nossa Senhora das Feiras Novas. Lá dizia o meu amigo Camelo.

Quem não passou as noites de Sábado, de Domingo e de Segunda no Largo de Camões?

Quem não sentiu sortilégio do fogo e da música das orquestras Galegas?

Quem não sentiu a magia dessas noites que parecem ter menos horas ?

Quem não viveu os cambiantes que apenas se podem encontrar numa noite de romaria no Alto Minho?

Eu uma vez fui a Ponte. Dei comigo na alameda junto ao Rio.
Lembrei-me duma quadra da autoria do meu amigo Mário Caldeira Pedra também ele do Lima apaixonado.



“Se o Lima Secasse um dia
como fonte que morreu
outro rio correria
dos olhos que Deus me deu”


RIO LIMA

Meu amor para te ver
eu subi o Rio Lima
ao som desta concertina
até ao amanhecer
eu ao Rio fui beber
aquilo que não sabia
e senti que ficaria
mais vazio desde então
de luto o meu coração
se o Lima secasse um dia

mas sem contar, de repente
( no Outono o frio já corta)
numa carícia já morta
tu me deste um beijo ausente
e a terra confidente
debaixo de mim tremeu
tu disseste o que eu
se pudera não ouvira
que o teu amor acabara
como fonte que morreu

Perguntei então e eu?
que vou fazer ao que eu sinto
vou fechá-lo num recinto
à espera que tudo acabe?
que mais cedo ou que mais tarde
disseste que assim seria
que eu também te esqueceria
disseste na despedida
que ainda na minha vida
outro rio correria

Mas o Rio é sempre igual
nem sequer as pedras mudam
e sempre que as águas subam
me há-de lembrar afinal
pra meu bem ou pra meu mal
tudo o que me aconteceu
enfim o lugar que é teu
ficará no pensamento
e verás constrangimento
nos olhos que Deus me deu

(Publicado na A AURORA DO LIMA em 21-12-83)

Lopesdareosa

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

MAR DE GONTINHÃES, MAR DE ÂNCORA, MAR DE AFIFE, MAR DE CARREÇO, MAR DE AREOSA.

MAR DE GONTINHÃES *

p10100381
Naquele ano o acaso do momento fez-nos contemplar a procissão, das Festas de Nossa Senhora da Bonança, ao mar. Os barcos saíram do Portinho dirigiram-se à Foz do Minho. Foram a Caminha tomar conta da imagem de Santa Maria da Ínsua. Engrossados pelos de Caminha.


Passaram a  Ínsua e rumaram ao Sul. 









Voltaram ao Portinho junto ao Forte da Lagarteira e em frente ao ZÉ VIANEZ.


À nossa frente

o Mar, de inveja da côr das tuas lágrimas, vinha morrer no areal mesmo alí ao pé de nós e, num milagre antecipado de Nossa Senhora da Bonança, aquietava-se até ao horizonte.

Num derradeiro assomo inundou os meus olhos. Mas entendi então a razão de tal sossego. O Mar quis aperceber-se das tuas palavras.

-  Que se passa?

         -  Nada que a música não resolva!
                                                                ( respondí)

               - Nada que a poesia não resolva!
                                                                ( deste de troco)
                     
E talvez! ( esqueci-me de dizer)


    Afinal o Mar é sempre o mesmo!

Lopesdareosa