O RUI BARROS
Com quem compartilhei alguns pedaços da minha adolescência.
Fazia observações que deixavam a minha incompreensão atrapalhada.
Mais tarde apercebi-me da gravidade da situação que desde há muito germinava.
O Rui passou-se para o outro lado de si mesmo.
Para o outro lado de todos nós.
Quem se lembra das gravações antigas do Rancho de Afife tem ainda nos ouvidos a canção do Rui.
Meu coração anda triste
porque foi abandonado
É triste, meu Deus é triste
Amar e não ser amado
Ao que os companheiros respondiam no desenleio dos tempos despreocupados.
- Chora! Chora!
E a mim que se me dá!
- Ó tim tim ora vira vira!
- Ó tim tim ora vira lá
Ironia das ironias. Na tragédia, nem os coros gregos conseguiriam melhor!
Em cima, na Senhora da Cabeça, em Freixieiro, nos finais dos anos sessenta. Encostado ao pinheiro, o Aires da Mariana. À sua direita o Rui Barros. Na frente o Matias de Âncora ou seja, o Vasco da Sereia. O outro, eu, que era assim e já tinha dificuldade em respirar pelo nariz.
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