Hoje é uma brincadeira para as Crianças. A tradição acabou. Hoje há a representação dessa tradição. E era mesmo uma coisa de adultos. Aos bandos as máscaras aterrorizavam os mais pequenos que não se atreviam a sair aos caminhos.
CONJUNTO ALEGRIA
E foi nos Bailes de Carnaval na Sociedade de Areosa que eu aprendi a dançar. Ao som do Conjunto Rio Lima do Minota, dos Lírios de Âncora e principalmente ao som do Conjunto Alegria do Joaquinzinho de Ancora e, por ser verdade, aqui vai uma fotografia desses tempos na Sociedade de Areosa. O Conjunto Alegria. O Toní no Saxofone. O Leonel - meu professor de Música no ciclo Preparatório - na Trompeta. O Mario Lagido ao Contrabaixo e o Sousa alfaiate na Bateria. O Joaquinzinho Pai no acordeão e no nosso lado direito o Quim de Ancora no tempo em que os homens são bonitos. Depois deu no Quim Barreiros.
Nesses tempos era costume levar para o baile um farnel de chouriço e presunto que se comia por detrás das cadeiras na Galeria. Ao Quim ainda tocou alguma coisa nesses tempos
Duas coisas; estou numa de youtube onde se descobrem certas preciosidades e quanto ao FOLCLORE estou como o Dr. Pedro - Quero lá saber do folclore ou dos folcloristas.
Principalmente daqueles que zurzem nos Ranchos que não coiso nem edecetra nem tal! Falam dos cordofones que eram e dos acordeões que não deveriam ser e disparates mais. Bem não vou cair no teorizar. Fica para os intelectuais. E quando os intelectuais se metem na tradição isso quer dizer que a tradição acabou. Disse isso ao Benjamim Enes Pereira que partiu o côco a rir. Tinha-o eu escrito acerca das concertinas por me meter nojo tanta erudição acerca de um instrumento que não o é, como se a entrada para o tal, nos dicionários, não fosse acordeão diatónico.
Isso é outra história que um dia contarei.
A descoberta no Youtube é do agrupamento (não lhe vou chamar Rancho estejam descansados) COMO ELAS CANTAM E DANÇAM EM PAÇOS DE BRANDÃO.
Reparem na tocata, no "tempo", nas rabecas, nas violas de arame, nos cavaquinhos, no bombo, em quem dança, naquela Polka Pastorinha, no traje e, principalmente, na precisão da voz de Maria Joana de Moura Ferreira-Alves (a Joaninha) para mim ( e não me vou matar por causa dos outros, não esperem) a mais límpida voz de todas as cantadeiras que até hoje ouvi.
Outro detalhe, vi-os tal e qual nos Festivais de Santa Marta de Portuzelo nos anos sessenta
Mera curiosidade. Pedro Homem de Mello apresentou-os diversas vezes no seu programa na RTP.
O tema A GRIPE já indicava que no solista da concertina estava alguém inconformado, rebelde e além do mais, perspicaz... Ver a CARTA DO OUTRO MUNDO.
Depois em 1973 sai um estouro. Num EP de 45 rotações da RAPOSÓDIA uma faixa inteira era preenchida por EU RECEBI UM CONVITE.
Do outro lado um espantoso O IMIGRANTE e o hilariante A GUERRA DOS FARRAPILHAS.
Com o DELFIM dos Arcos, o CARVALHAL da Ermida e o VILARINHO DE COVAS, Manuel Branco de Azevedo foi um dos primeiros a gravar a solo tocando e cantando. Do tempo do grande PETA.
Mas foi Manuel Branco de Azevedo que revolucionou a figura de tocador e cantador pela forma de tocar, pelo timbre da sua voz única e pelos temas provocatórios que lhe chegaram a a dar problemas com quem não entendia o atrevimento.
De qualquer forma o seu primeiro disco a solo foi determinante para que eu próprio tivesse aprendido a tocar concertina. O curioso é que sendo de Gondinhaços, Vila Verde esse disco intitulava-se CANTARES DE VILARINHO que afinal nada tinha a ver com o Vilarinho de Covas. Apenas a coincidência de haver lugares com o mesmo nome. Um em Gondinhaços Vila Verde, outro em Covas, Vila Nova de Cerveira.
E assim Manuel Branco de Azevedo com o Nelson de Covas foram os responsáveis pela doença!
Ora apenas uma vez na vida presenciei um desafio de Manuel Branco de Azevedo. Com o Delfim e mais dois cantadores, que perdi na memória, os quatro jogaram à sueca numa noite das Feiras Novas de Ponte de Lima, em 1973, alí na taverna dos da Botica de Romarigães.
Mais recentemente me encontrei com ele em Viana. Mas não me explicou porque é que deixou a concertina.
Emigrantes portugueses que abandonais vosso lar julgo que não é vaidade é talvez necessidade da situação melhorar
Mas porquê pensar assim nossa vida vai ter fim nós não somos infinito desde o princípio do mundo a morte deita pró fundo tanto os pobres como o rico
Não sei se me escutais deixais filhos deixais pais por tão dura e amarga esperança esta é a minho opinião talvez seja uma ilusão aquilo que chamais França
Mas de toda a amargura daquele tempo algo compensou. E a França não foi apenas ilusão. E a hoje chegados seria interessante contabilizar que por esse interior fora ainda há Portugal, graças ás pensões vindas da França!!!
Já agora. alguém o colocou no Youtube. Vale a pena recordar.
Este texto só aparentemente é que não terá nada a ver com o lirismo de Pedro Homem de Mello ou de Maria Manuela Couto Viana.
Dito de outra forma é ANÓNIO PEDRO que fala: "Ora a poesia da Serra d’Arga não tem nada com as palavras Nem com os montes nem com o lirismo fácilDe toda a poesia que por lá háA poesia da Serra d’Arga está no desejo de poesiaQue fica depois da gente lá ter idoVer dançar a Deolinda"
Ou de ouvir tocar a cantar o Nelson de Covas, ou ver, por cima do ombro, dois olhos atravessados, diria eu. Pois apesar do surrealista asseverar que nem sequer foi escrito nas Argas nem em S. Lourenço, ele conhecia todos os caminhos para lá chegar. Com o Dr. Pedro os partilhou assim como as suas gentes que tanto iam fazer a festa em Cabanas como em Moledo
O melhor é ficar com o Poeta.
A Heroína, Deolinda da Castelhana é a mesma do ADEUS de Pedro Homem de Mello. É a mesma de Maria Manuela Couto Viana no seu ROMANCE DO RAPAZ DE VELUDO.
"PROTOPOEMA DA SERRA D’ARGA
Sonhei ou bem alguém me contou
Que um diaEm San Lourenço da MontariaUma rã pediu a Deus para ser grande como um boiA rã foiDeus é que rebentouE ficaram pedras e pedras nos montes à conta da fábulaFicou aquele ar de coisa sossegada nas ruínas sensíveisFicou o desejo que se pega de deixar os dedos pelas arestas das fragasFicou a respiração ligeira do alívio do peso de cimaFicou um admirável vazio azul para crescerem castanheirosE ficou a capela como um inútil côncavo de virgemPara dançar à roda o estrapassado e o viraNa volta do San João d’Arga
Não sei se é bem assim em San Lourenço da MontariaSei que isto é mesmo assim em San Lourenço da MontariaO resto não tem importânciaO resto é que tem importância em San Lourenço da MontariaO resto é a DeolindaDança os amores que não teveTem o fôlego do hálito alheio que lhe faltou a amolecer a carneSeca como a da penedia O resto é o verde que sangra nos beiços grossos de apetecerem ortigasO resto são os machos as fêmeas e a paisagem é claroComo não podia deixar de serAs raízes das árvores à procura de merda na terra ressequidaOs bichos à procura dos bichos para fazerem mais bichosOu para comerem outros bichosOs tira-olhos as moscas as ovelhas de não pintarE o milho nos intervalos
Todas estas informações são muito mais poema do que parecemPorque a poesia não está naquilo que se dizMas naquilo que fica depois de se dizerOra a poesia da Serra d’Arga não tem nada com as palavrasNem com os montes nem com o lirismo fácilDe toda a poesia que por lá há
A poesia da Serra d’Arga está no desejo de poesiaQue fica depois da gente lá ter idoVer dançar a DeolindaDepois da gente lá ter caçado rãs no rioDepois da gente ter sacudido as varejeiras dos mendigosQue também foram à romaria
As varejeiras põem as larvas nos buracos da pele dos mendigosE da fermentaçãoNascem odores azedos padre-nossos e membros mutilados
É assim na Serra d’ArgaQuando canta DeolindaE vem gente de longe só para a ouvir cantar
Nesses dias as larvas vêem-se menosPois o trabalho que têm é andar por debaixo das pelesA prepararem-se para voar
Quanto aos mendigos é diferenteA sua maneira de aparecerUns nascem já mendigos com aleijões e com as rezas sabidasDo ventre mendigo maternoOutros é quando chupam o seio sujo das mãesQue apanham aquela voz rouca e as feridasOutros então é em consequência das moscas e das chagasQue vão à mendicidade
Não mo contou a DeolindaQue só conta de amoresE só dança de coresE só fala de floresA Deolinda
Mas sabe-se na serra que há uma tribo especial de mendigosQue para os criar bemLhes põem desde pequenos os pés na lama dos pauisRegando-os com o esterco dos outros
Enquanto ali estão a criar as membranas que valem a penaVão os mais velhos ensinando-lhes as orações do agradecimentoEles aprendemAo saberem tudoNasce de propósito um enxame de moscas para cada um
Todas as moscas que há no MinhoSe geraram nos mendigos ou para elesE é por isso que têm as patinhas frias e peganhosasQuando pousam em nósE é por isso que aquele zumbido de vai-vemDas moscas da Serra d’ArgaAinda lembra a mastigação de lamúrias pelas alminhas do PurgatórioEm San Lourenço da Montaria
Este poema não tem nada que ver com os outros poemasNem eu quero tirar conclusões com os poetas nos artigos de fundoNem eu quero dizer que sofri muito ou gozeiOu simplesmente achei uma maçadaOu sim mas não talvez quem deraViva Deus-Nosso-Senhor
Este poema é como as moscas e a DeolindaDe San Lourenço da MontariaE nem sequer lá foi escrito
Foi escrito conscienciosamente na minha secretáriaAntes de eu o passar à máquinaEtc. que não tenho tempo para mais explicações
É que eu estava a falar dos mendigos e das moscasE não disseContagiado pelo ar fino de San Lourenço da MontariaQue tudo é assim em todos os dias do anoMas aos sábados e nos dias de romariaOs mendigos e as moscas deles repartem-se melhorSão sempre maisE creio de propósitoSer na sexta-feira à noiteQue as mendigas parem aquela quantidade de mendigozinhosCom que se apresentam sempre no dia da caridade
Elas parem-nos pelo corpo todoPois a carneDe tão amolecida pelos vermesNão tem exigências especiaisE porque assim aconteceTodos os meninos nascidos deste modo têm aquele ar de coisa moleQue nunca foi apertada
Os mendigos fazem parte de todas as paisagens verdadeirasEm San Lourenço da MontariaAlém deles há a bosta dos boisOs padresO ar que é lindoOs pássaros que comem as formigasAlgumas casas às vezesOs homens e as mulheres
Por isso tudo ali parece ter sido feito de propósitoExactamente de propósitoExactamente para estar aliE é por isso que se tiram as fotografias
Por isso tudo ali é naturalmenteDuma grande crueldade naturalOs meninos apertam os olhos das trutasQue vêm da água do rioPara elas estrebucharem com as dores e mostrarem que ainda estão vivasOs homens beliscam o cu das mulheres para que elas se doamE percebam assim que lhes agradamOs animais comem-se uns aos outrosAs pessoas comem muito devagar os animais e o pãoE as árvores essasSorvem monstruosamente pelas raízes tudo o que podem apanhar
Assim acaba este poema da Serra d’ArgaOnde ontem vi rachar uma árvore e me deu um certo gozo aquiloParecia a queda dum regímenTudo muito assim mesmo lá em cimaE cá em baixo dois suados à machadada
Ao cair o barulho parecia o duma coisa muito dolorosaMas no buraco do sítio da árvoreNa mata de pinheiralO azul do céu emoldurado ainda era mais bonitoEm San Lourenço da Montaria" ANTÓNIO PEDRO. Moledo, Agosto de 1948
Afife por ser Afife Por ter o nome que tem não há terra como esta para amar e querer bem
Tantas vezes o disse Pedro Homem de Mello
Ao que a Ofélia das Cachenas lhe respondia (dizem)
Afife tem cinco letras Pedro cinco letras tem ai esta palavra Afife que com Pedro fica bem
Assim ou mais ou menos. Ora Afife não tem explicação. É porque é! Tão estranho o nome que não se sabe de onde vem. Eu tenho uma teoria, fruto da minha observação, que mais tarde assumirei.
E Afife por ser Afife e por tudo se encerrar no seu nome, mereceu de Pedro Homem de Mello esta homenagem:
AH! Esta palavra Afife! Volto a recordá-la atrás Lento moinho de vento feito de espaço e de tempo Quantas saudades me faz
Ó casa das mil janelas das mil noites estreladas berço de longas estradas poeta, fiei-me nelas
Ó abismo da lonjura reflexo de pradaria porque é que andei à procura daquilo que não havia
Era aquí. aqui sòmente que eu deveria ter ficado Afife de toda a gente que canta e dança a meu lado
Exagero de poetas dirão. Pois é! Mas que explicação terá encontrar no cemitério de Afife uma campa, por acaso um pouco ao lado da de Pedro Homem de Mello, onde se pode ler:
(Ele) AMAVA AFIFE
Que necessidade levou Vivian Hunter Lees a revelar aos passantes tal sentimento???
As Câmaras Municipais estão a colocar as aldeias às escuras, à noite, desligando as luzes para não gastarem energia. Há cinquenta/sessenta anos atrás as aldeias também não tinham electricidade, nem de noite nem de dia.
Leio nos jornais que a moda deste ano vai ser os espartilhos e os soutiens feitos de materiais duros como a corticite. Há cinquenta, sessenta anos atrás, as mulheres usavam espartilho.
Os responsáveis pela, segurança Rodoviária querem instituir a velocidade máxima nas localidades de 30 km/h. Era isso que acontecia há cinquenta/sessenta anos atrás, quando em vez de automóveis havia, carroças nas ruas. Já não estaremos muito longe desse futuro devido à escalada do preço do petróleo e falta de uma energia alternativa à escala mundial.
Também li que, devido ao aumento do preço do tabaco, já há muita gente que retomou o hábito de fumar o tabaco de enrolar, tal como era frequente há cinquenta/ sessenta anos atrás.
Devido à carestia dos transportes, já há muita gente, em Lisboa, a andar nos transportes públicos (foi o telejornal que o demonstrou, há dias). Tal e qual como antes, há cinquenta/sessenta anos atrás, quando as pessoas iam para o emprego de cacilheiro, de autocarro, eléctrico ou de comboio.
Por causa do desemprego e dos cortes que os nossos embriagados governantes estão a fazer, já se vêem pessoas a fazer hortas na periferia de Lisboa, produzindo couves, batatas, feijões e cebolas, nos cantinhos abandonados das urbanizações. Tal como faziam os seus pais e avós, há cinquenta/sessenta anos atrás. Se querem ganhar dinheiro no futuro comecem a comprar todas as parcelas de terreno de solo arável ao redor das grandes cidades porque os custos dos transportes e do encarecimento do combustível já está a provocar um encarecimento vertiginoso dos bens alimentares.
Aliás, retoma-se actualmente o conceito de “agricultura biológica” que se fazia há cinquenta/sessenta anos atrás, antes de surgir a praga dos adubos industriais. E andam por ai engenheiros a ensinar técnicas de compostagem que era o que se fazia, há cinquenta/sessenta anos, ao aproveitar resíduos orgânicos, chamava-se-lhe estrume.
Li num jornal diário e vi uma peça de noticiário da televisão, que as cabras estão a ser utilizadas para prevenir os incêndios florestais, mandando-as pastar para as florestas comer aquilo que, não sendo eliminado, constitui combustível propício à deflagração dos incêndios. Essa técnica era amplamente utilizada há cinquenta/sessenta anos atrás. Hoje para os combatermos temos uma protecção civil a gastar milhões e com um comandante a encher os bolsos com um saco azul, segundo as últimas notícias.
O mais interessante é que tudo isto está a acontecer em nome do futuro, recuperando aquilo que havia no passado.
Como lhe chamar? Processo? Progresso? Regresso? Ou retrocesso?
Unquote
MEU COMENTÁRIO
Brilhante! Tão brilhante que para mim é como OS LUSÍADAS. Só tenho pena de não ter sido eu a escrever este texto.
No entanto essa parte, a da "agricultura biológica" ( antigamente chamava-se lavoura) e a das "Hortas Urbanas" já as vejo (agora) defendidas por aqueles que destruíram essas mesmas práticas.
Destruiram a ruralidade - agora querem cabras no monte!
Destruíram a lavoura - agora querem a "agricultura biológica" que ao fim e ao cabo vem dar ao mesmo.
Enterraram solo arável debaixo de betão e cimento armado ( para a expansão das cidades, diziam) agora
defendem a "novidade" das "hortas urbanas".
Antigamente os artistas; trolhas, moços da cal, caiadores, estucadores, pintores, pedreiros, canteiros, metalúrgicos. íam para o trabalho de bicicleta. Depois toda a gente arranjou um chibante. Não sem que não se tivesse passado pelos motões, sashes, zundaps e floretes.
Agora é moda pretenderem que andemos de bicicleta!
É o Portugal dos reconvertidos que tem no Presidente a sua máxima expressão!
Discurso de segunda posse; tudo ao contrário do que praticou durante dez anos como Primeiro Ministro!
Tudo isto me faz pensar nos tempos que crescí usando ceroulas.
Na minha adolescência apareceram os trussus. Envergonhado lá seguí a moda. Envergonhado duas vezes. Era vergonha os outros aperceberem-se que ainda usava ceroulas.
Mais recentemente deu tudo em usar boxers que, afinal, são ceroulas.
Vá lá entender o mundo.
Nesta geografia o grande salto civilizacional foi dado pelas raparigas.
Antigamente para chegar ás nádegas tinha que se apartar as calcinhas.
Agora para chegar ás calcinhas tem que se apartar as nádegas.
TONE DO MOLEIRO NOVO
A ideia do título encontrei-a na página 3 da edição doi de 28 de Fevereiro de 2011.
No artigo OS BARRETOS, da autoria do Engenheiro Agrónomo José Martino, este manifestava que tinha saudades de António Barreto que, numa curta experiência ministerial à frente da Agricultura, tentara (?) pôr ordem na Reforma Agrária em curso ( no Alentejo, acrescento).
E também saudades de Álvaro Barreto que, como ministro da Agricultura durante os consulados de Cavaco Silva como primeiro Ministro, tinha sido o principal negociador em Bruxelas dos apoios comunitários que iriam culminar nos acordos da PAC cujo rosto foi Arlindo Cunha.
Depois de uma série de justificações defendeu nesse artigo que, não tendo sido brilhantes os últimos anos para a agricultura, que tinha chegado ao que chegou, por falta de uma política para as especificidades das agriculturas de Portugal, tinha a esperança numa próxima e certeira resposta e que esta dependeria do aparecimento de um misto de António Barreto e Alvaro Barreto para resolver a questão.
Também no PUBLICO o mesmo autor e já em 29 de Janeiro último, num texto a OLHAR PARA O FUTURO e dada a situação a que chegara a agricultura, aconselhava António Serrano a ouvir com urgência o "nosso " rosto da PAC, Arlindo Cunha.
Ora como a questão é OLHAR PARA O FUTURO só se entenderá o desejo do aparecimento de um misto de António e Alvaro Barreto para resolver a questão da nossa agricultura ou a audição de Arlindo Cunha "nosso" rosto da PAC, no sentido nos elucidarem sobre tanta asneira feita e seus porquês, dado que como figuras do PASSADO e pelas experiência havidas, nos poderão ajudar a decidir sobre o que não se deve fazer.
Isto porque
António Barreto para além de ser o coveiro da "Reforma Agrária" ( e não vou sequer classificar se bem ou se mal) nada mais adiantou à agricultura em Portugal. Sendo a tal reforma agrária confinada ao Alentejo, suas herdades e seus proprietários, António Barreto limitou-se a resolver o problema destes. E nada mais se notou além e no aquém Tejo muito menos ou mesmo nada.
Alvaro Barreto foi o coveiro definitivo ( com Arlindo Cunha) da Nossa Agricultura. Trocou-a por dinheiro a mando de Cavaco Silva, Presidente da Junta à data.
E nem sequer é (apenas) a minha opinião. Estou a citar por exemplo;
Mário Crespo- Ver JN de 27 de Julho de 2009
"As maiorias absolutas de Cavaco Silva e José Sócrates e a maioriazinha limiana de Guterres tiveram em comum o acesso a imensas verbas da Comunidade Europeia. Apesar disso esses governos deixaram legados que se traduzem nos terríveis números da insolvência. A maior responsabilidade vem da primeira maioria do PSD com aumentos eleitoralistas de ordenados do funcionalismo público que não foram suportados pelo crescimento da produtividade mas por verbas da CEE que deviam ter outro destino.
Eram dinheiros previstos no Tratado de Adesão assinado por Soares e Mota Pinto, para modernizar o sistema produtivo. Desfeito o Bloco Central, as dádivas comunitárias foram desaparecendo, desbaratadas por má administração e saque.
Foram montantes colossais os que Cavaco Silva mandou Álvaro Barreto negociar a Bruxelas, mandatando-o para abreviar os períodos de integração da economia nacional na CEE a troco de dinheiro. Sem prazos de salvaguarda para proteger áreas económicas críticas, ( muitos países comunitários ainda os detêm) Portugal enfrentou a competitividade brutal das economias mais desenvolvidas do Mundo"
Miguel de Sousa Tavares
Céu nublado Expresso Quinta feira, 13 de Maio de 2010
Quando entrámos na UE, o ministro das Finanças da altura, Ernâni Lopes, anunciou "acabou-se o fado!". Mas, estranhamente ou não, a mensagem produziu exactamente o efeito oposto: "Agora, o fado vai ser subsidiado por Bruxelas". E foi, Deus sabe que foi! Anos a fio, programa a programa, sector a sector. Na década do agora inimigo das grandes obras públicas, Cavaco Silva, construímos sem parar: auto-estradas e hospitais, escolas e tudo mais. "O país está dotado de infra-estruturas!", proclamou-se, triunfantemente. E, de facto, o país precisava. O problema é que, enquanto se dotava de infra-estruturas para servir a economia, o país vendia a economia, a troco de subsídios para abate e set-aside: vendemos assim a agricultura, as pescas, as minas, a marinha mercante, os portos, as indústrias que podiam vir a ser competitivas - ficámos com os têxteis e o fado. E, quando alguém, subitamente, perguntou "de que vamos viver no futuro?", sorriram, com ar complacente. Então, não era óbvia a resposta? Iríamos viver dos serviços, do turismo, da "sociedade de informação" e... de Bruxelas."
"Afinal, tudo o que eu aprendi sobre desenvolvimento ao longo dos anos de estudo e de leituras, estava errado. Em Portugal, depois do 25 de Abril e sobretudo depois de aderirmos “à Europa”, o desenvolvimento do interior passou por fecharam milhares de serviços como: Linhas de Caminho de Ferro e respectivas estações e apeadeiros; Postos de GNR; Correios; Quartéis Militares; Escolas; Centros de Saúde; Maternidades; Casas de Cantoneiros entre outros. Acabamos com a Agricultura, com as Pescas, com a Siderurgia, com as Indústrias dos Vidros, do Calçado e dos Têxteis e com a Industria Naval Pesada. Em troca de uns subsídios da Comunidade Europeia, foram abatidos barcos de pesca, abandonadas fábricas e explorações agrícolas. Centenas de Construções como Silos, Escolas, Estações de Caminho de Ferro, Edifícios Militares, Conventos, Palácios e outros, onde se instalavam os serviços encerrados, ficaram ao abandono e a desvalorizarem zonas anteriormente nobres das cidades e das vilas."
Mas se estes testemunhos forem suspeitos, aconselho a ler um artigo de Manuel Coelho dos Santos no JN de 30 de Abril de 1995 bem mais perto da cozinha dos acontecimentos.
Deste saliento: "Quando antecipamos em três anos a aberturas das fronteiras para os produtos agrícolas, em vez de tentarmos protelar por mais alguns anos essa liberalização o que se pretendeu foi a baixa da inflação ( também ninguém pensou no correspondente aumento défice externo)mesmo que à custa de um sector fundamental do país e receber por essa via mais uma centena de milhões de contos, que ninguém sabe onde foram parar. A nossa postura nas negociações com a União Europeia tem sido sempre a mesma com os resultados catastróficos que hoje melhor se evidenciam..."
Nesse artigo Manuel Coelho dos Santos referia-se à situação catastrófica e à desertificação para que o nosso mundo rural caminhava inexoràvelmente.
Isto em Abril 1995 e sem citar responsáveis. Se o fizesse decerto que não invocaria marcianos.
Chamar agora António Barreto, Álvaro Barreto e Arlindo Cunha só se fosse para testemunharem o que andaram a fazer, ajudando dessa forma a evitar a repetição das políticas de que eles mesmos foram responsáveis.
Da História que hoje é feita retenho o seguinte e cito:
" A função da Justiça (com Jota grande) não é procurar culpados."
Pergunto eu:
- Então de quem é?
- Do cidadão anónimo?
- Como?
- A correr, atrás dos suspeitos, com uma forquilha na mão???
O curioso é que depois de se fixar tal afirmação se afirme também que:
"Na origem da queda da travessia estiveram causas naturais entre as quais cinco cheias consecutivas no Inverno de 2001"
Ou seja; não sendo função da Justiça arranjar culpados, encontrou-os, e foram AS CAUSAS NATURAIS e não outros.
Quanto a isto, só tenho a dizer que estamos numa época muito democrática e institucional.
Se isto sucedesse no Condado Portucalense e o Conde fosse eu, haveria enforcamentos.
Mas como não estamos nessa época e sou apenas mais um cidadão no
meio do recenceamento, tenho, no entanto, (penso eu) a liberdade de
manifestar que:
Tendo todo o respeito por todos os; especialistas, juristas, economistas, capitalistas, ciclistas, contrabandistas e outros artistas, não os quereria para responsáveis pela Manutenção da minha empresa. No dia em que depois de um temporal, o pavilhão caísse, iriam dizer ao patrão que na origem da queda esteve a ventania depois de se saber que o tal pavilhão tinha "...estado ao abandono, fora de qualquer observação, fiscalização ou acompanhamento há mais de dez anos..."da parte desses mesmos responsáveis.
- Os Elementos da Natureza destruirão um dia (o que não se sabe é quando) a Muralha da China e as Pirâmides do Egipto se nunca se fizer manutenção às mesmas.
Segundo exercício
- Se não houvesse um programa sistemático de inspecções e manutenção da Torre Eifel, da Ponte de D. Luis e/ou da Ponte de Viana, estas, entregues ás CAUSAS NATURAIS, já teriam caído.
Castigo leve afinal dirão.
Pois é mas depois e sempre que apresentassem o trabalho pronto, mandava-o repetir.
Já que estamos em maré de dar de comer ao vivo, vou dar uma dica, eu que já tenho um curso de lavoura tirado na casa do Ernesto do Artilheiro.
Já toda a gente sabe que o gado cresce com o olhar do dono. É tudo uma questão psicológica!!!
O que pouca gente sabe é que para engordar o gado nada melhor que, todos os dias, de manhã cedo o dono deve esfregar os costados dos bichos com as sobras da noite. Esfregar bem e insistir até desfazer o penso, silo, palha, erva, ou seja lá o que for que seja utilizado na alimentação!
E ao mesmo tempo untar os cornos dos bovinos e caprinos e outros asinos que os tenham, com azeite.
A explicação científica para o fenómeno não a sei. Possivelmente haverá uma transferência de nutrientes por via cutânea.
Qualquer outra explicação deverá ser obtida junto do Padre Fontes em Vilar de Perdizes.
Se não visse não acreditava!
Na sequência do tema anterior sobre o Pico Tresmares e os Transvases. Do comentário de O Galaico e dos meus comentários sobre os animais que morreram de sede e de fome, no Alentejo em 2005, procurei, na NET, qualquer coisa com isso relacionada.
Deparei com o seguinte texto:
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Quote
"2005-06-22 Porcos alentejanos morrem à sede numa exploração do concelho de Arraiolos
As altas temperaturas e a falta de água fizeram ontem as primeiras vítimas entre animais das explorações pecuárias do distrito de Évora. Durante a madrugada morreram por desidratação 28 porcos de raça alentejana na Herdade da Loba, no concelho de Arraiolos, mas muitos mais poderão não resistir nesta e noutras propriedades da região nos próximos dias, uma vez que as reservas de água estão praticamente secas.
Nesta propriedade, situada em São Pedro da Gafanhoeira, existem ao longo dos 612 hectares várias reservas de água, mas apenas uma tem neste momento água em quantidade suficiente para abastecer as cerca de 2300 cabeças de gado (suínos, ovinos e bovinos) da exploração. “Só tem água para os próximos 15 dias diz José Fialho, proprietário destes animais, não escondia o desalento. “Os porcos, que já foram vistos pelos veterinários para se apurar a causa da morte, estavam gordos e valiam cerca de nove mil euros. É um enorme prejuízo, ainda para mais quando estamos todos endividados devido à falta de água e alimentação”, frisou ao nosso jornal este agricultor de 62 anos. ANIMAIS
Os 28 porcos que morreram na Herdade da Loba pertenciam a uma vara de 400. Ao todo, a exploração tem 1800 porcos de raça alentejana, 300 cabeças de gado ovino e 250 bovinos. À fome morreram nos últimos meses 27 vacas e cerca de 50 ovelhas.
COMENTÁRIO: A pesar da seca tornar as condições adversas, o numero de animais existente na herdade parece ser excessivo para a área da mesma, isto é caso os animais se alimentem apenas dos recursos existentes no local. Portanto leva a pensar que o agricultor não geriu bém a situação ao não desponibilizar alimentos e água suficientes para a quantidade de animais que possui."
Unquote
MEU COMENTÁRIO
Partindo da asserção global para o particular dos porcos, leva a pensar (vejam lá) que estes morreram à fome e à sede porque o desgraçado do agricultor não lhes disponibilizou alimentos nem lhes deu água suficientes!
Até aí chegava eu. E nem chegaria a pensar. Teria a certeza. Eu que não sou técnico.
Apenas moço da lavoura do Ernesto do Artilheiro! E foi ele que me ensinou que não
dando de comer e de beber aos porcos (porventura também os alentejanos) estes
morrem de fome e de sede!!! O que afinal acontece com qualquer outro gado. TONE DO MOLEIRO NOVO
O PICO TRESMARES fica algures na Cantábria. Quem me chamou a atenção para este lugar foi alguém de Santander. Talvez o Chema Ponte. Depois sobre este local li qualquer coisa de Rafael Gomez de Tudanca
Quanto ao Pico está tudo na Net.
Não muito distante do Mar Cantábrico, aí nascem três rios:
- O Nansa que depois de percorrer cerca de 50 kilómetros chega ao mar na Ria de Tina Menor
- O Hijar afluente do Ebro onde desagua despois de percorrer cerca de 30 Kilómetros.
- E o Pisuerga que percorrendo cerca de 300 kilómetros e já depois de Valladolid, chega ao Douro de que é confluente.
De salientar que o Ebro nasce em Fontibre, bem perto da nascente do Hijar ( dizem até que a fonte do Ebro não é mais que um "Ôlho marinho" de águas infiltradas do Hijar) e percorre 930 Kilómetros
até chegar ao Mediterâneo na provincia de Terragona. Tem uma bacia hidrográfica de 86 000 km2
Ebro em Fontibre
Assim se explica o nome de Pico Três Mares. Pelo Nansa dá água para o Cantábrico. Pelo Pisuerga e depois o Douro dá água para o Atlântico a oeste. Pelo Hijar dá água para o Mediterâneo através do Ebro percorrendo para Sueste 900 km depois da fonte estar apenas a 50 do mar Cantábrico
O Pico Três Mares é um local de culto dos cantábricos e de todos aqueles que por lá passaram e passam
Dos Cantábricos, um, Gerardo Diego, deixou o seguinte texto que se encontra gravado num monolito de um dos miradouros do Pico:
"Ni una gasa de niebla ni una lluvia o cellisca ni una dádiva de nieve
ni un borbollar de fuentes candorosa
dejo perderse. Madre soy de Iberia
que incesante en mi seno nace y dura.
A los tres mares que la ciñen, corren
-distintas y purísimas- mis aguas.
Al Ebro el Híjar, el Pisuerga al Duero
y el Nansa se despeña. Tres destinos:
Mediterráneo, Atlántico, Cantábrico.
Y mi cúspide eterna, bendiciendo
-vientos de Dios- España toda en torno.
Prostérnate en mi altar si eres hispano. Si de otras tierras, mira, admira y calla"
Ora acontece que nunca estive neste lugar. Mas apenas basta este texto para que me aperceba da grandiosidade do lugar e me comova.
Mas eu quero chegar a outro sítio bem mais prosaico.
É que reparando no Ebro e seus afluentes, este recebe águas de bacias situadas em lugares tão dispares como de Álava - Rio Bayas, como de Navarra - Rio Arga, ou como dos Pririnéus Catalães - Rio Segre,
Recebe águas de Castela-Leão- Rio Tirón, da Província de Sória - Rio Jalón, ou da Província de Teruel, Aragão - Rio Guadalop: ou do Rio Matarrana também de Aragão.
Resumindo; recebe águas da Cantábria , Castilla y León , País Basco , Castela-La Mancha , La Rioja , Navarra , Aragão , Catalunha (Andorra incluída) e Valência .
Ou seja a própria natureza não se inibiu de misturar biótipos ( É assim que se diz Faria amigo?) de lugares tão estranhos, num só rio.
Por cá houve (há?) uma discussão sobre a possibilidade de tranvases de água das bacias dos rios do norte para os rios do sul num caminho mais curto que o do Ebro.
Bem eu gostaria de mostrar aos entendidos a obra de transvase da bacia do Rio Pégo para a Bacia do Rio da Romenda que os de Areosa fizeram num tempo em que não havia ecologistas e outros ambientalistas a atrapalhar. E ninguém morreu!
Eu gostar gostava. Mas ninguém me liga e um dia a obra é atulhada e lá se vão os meus argumentos!
Já agora uma
curiosidade.
A Vaca Tudanca é uma raça autóctone da Cantábria lá prós lados do Pico Tres Mares.
No Cantábrico Tudanca é nome de gente. E de vacas que tiveram direito a um monumento
Cá, tínhamos as Galegas e depois as Holandesas, por cima das quais eu dormi enquanto solteiro.
Acabamos com elas sem honra nem glória!