sábado, 19 de março de 2011

MANUEL BRANCO DE AZEVEDO

Já fazia estragos na Estúrdia.
O tema A GRIPE já indicava que no solista da concertina estava alguém inconformado, rebelde e além do mais, perspicaz... Ver a CARTA DO OUTRO MUNDO.
Depois em 1973 sai um estouro. Num EP de 45 rotações da RAPOSÓDIA uma faixa inteira era preenchida por EU RECEBI UM CONVITE.
Do outro lado um espantoso O IMIGRANTE e o hilariante A GUERRA DOS FARRAPILHAS.
Com o DELFIM dos Arcos, o CARVALHAL da Ermida e o VILARINHO DE COVAS, Manuel Branco de Azevedo foi um dos primeiros a gravar a solo tocando e cantando. Do tempo do grande PETA.
Mas foi Manuel Branco de Azevedo que revolucionou a figura de tocador e cantador pela forma de tocar, pelo timbre da sua voz única e pelos temas provocatórios que lhe chegaram a a dar problemas com quem não entendia o atrevimento.
De qualquer forma o seu primeiro disco a solo foi determinante para que eu próprio tivesse aprendido a tocar concertina. O curioso é que sendo de Gondinhaços, Vila Verde esse disco intitulava-se CANTARES DE VILARINHO que afinal nada tinha a ver com o Vilarinho de Covas. Apenas a coincidência de haver lugares com o mesmo nome. Um em Gondinhaços Vila Verde, outro em Covas, Vila Nova de Cerveira. 

E assim Manuel Branco de Azevedo com o Nelson de Covas foram os responsáveis pela doença!

Ora apenas uma vez na vida presenciei um desafio de Manuel Branco de Azevedo. Com o Delfim e mais dois cantadores, que perdi na memória, os quatro jogaram à sueca numa noite das Feiras Novas de Ponte de Lima,  em 1973, alí na taverna dos da Botica de Romarigães.

Mais recentemente me encontrei com ele em Viana. Mas não me explicou porque é que deixou a concertina.
Mas talvez o compreenda!

O IMIGRANTE de Manuel Branco de Azevedo

Emigrantes portugueses
que abandonais vosso lar
julgo que não é vaidade
é talvez  necessidade
da situação melhorar

Mas porquê pensar assim
nossa vida vai ter fim
nós não somos infinito
desde o princípio do mundo
a morte deita pró fundo
tanto os pobres como o rico

Não sei se me escutais
deixais filhos deixais pais
por tão dura e amarga esperança
esta é a minho opinião
talvez seja uma ilusão
aquilo que chamais França

Mas de toda a amargura daquele tempo algo compensou. E a França não foi apenas ilusão. E a hoje chegados seria interessante contabilizar que por esse interior fora ainda há Portugal, graças ás pensões vindas da França!!!

Já agora. alguém o colocou no Youtube. Vale a pena recordar.
LOPESDAREOSA

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