sexta-feira, 8 de julho de 2011

VENHA A NÓS O VOSSO 13º MÊS COM A BENÇÃO DA SANTA MADRE IGREJA

Eu quando nasci chorei
eu disso me estou lembrado
e ouvir minha mãe dizendo
chora filho desgraçado!

Na altura e para além da choradeira, não entendi aquela do desgraçado!
Pouco depois fizeram de mim cristão num ritual evocando São João Baptista, um dos meus ídolos de sempre. Daí que nunca me queixei de ter sido submetido a tal banho sem ser tido nem achado!
Acho até transcendente o significado de tal acto.
Depois e desde os meus seis anos até aos doze, tentaram fazer de mim católico apostólico romano.
O problema foi quando aquela capacidade de raciocínio que, aquele Deus de que me falavam, me deu, começou a funcionar.
Por essa altura comecei a duvidar. Se o meu pensamento é uma dádiva de Deus, por que é que não ia lá muito com as pregações dos homens que falavam em seu nome?
Pensei! Pensei! Pensei!
E cheguei à conclusão que afinal era um problema de homens e não de Deus nem de Cristo.
E deixei de frequentar a missa que não o Templo que a todos pertence!
Ouvi muitos sermões como aquele do encontro na procissão do Senhor dos Passos em Vilar de Mouros que me fez chorar! - O que faz uma mãe por um filho para vê-lo assim!

Vem isto a propósito do que o nosso Cardeal Policarpo opinou nesta semana
ver http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/corte-de-subsidio-de-natal-e-uma-medida-equilibrada-diz-cardeal-patriarca_1501755

"O cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, considerou esta quarta-feira que o corte anunciado pelo Governo no subsídio de Natal é uma medida equilibrada porque não atinge os portugueses com menores rendimentos nem discrimina ninguém. “Esta proposta tem o cuidado de não atingir as pessoas com rendimento mínimo. Quem recebia muito paga muito e quem recebia pouco paga pouco, não há discriminações”, defendendo que os portugueses devem apoiar o novo Governo para que seja possível «recuperar» o país."

Espantoso!
Onde é que está a universalidade da doutrina da Igreja?
Não saberão os seus dignitários que cortes no 13º mês só atingem quem trabalha???
Onde está a solidariedade cristã quando, ficando de fora  quem vive do negócio, quem vive da renda, quem vive dos juros, quem vive dos interesses de capital, da finança em geral, se consegue afirmar que não há discriminações e que a medida é equilibrada? 
- Só porque  esta proposta tem o cuidado de não atingir as pessoas com rendimento mínimo?
- Onde se situará o esforço dos outros que ganhando muito mais ficam de fora apenas porque os seus rendimentos não vêm do trabalho? 
Se os políticos só sabem ir ao fardamento a quem vive de um salário o que é que  a doutrina social da igreja tem a ver com isso?
- Não será mais universal?
- Então porque é que os dignitários da igreja não se distanciam dessas práticas tão pouco cristãs?
- Que Cristo será esse de que falam que afinal veio a este mundo só para redimir meia dúzia?
- Será que Cristo não toca a todos?
- Onde está a matriz maioritàriamente cristã e católica da nossa identidade cultural e religiosa, que tão jeito dá invocar quando convém???

É por essas e por outras que não vou à Missa. Melhor dizendo, é por essas e por outras que não vou a essa missa.

E nem Deus nem Cristo têm  algo a ver com isso.

Finalmente percebo por que é que minha mãe me disse ao nascer CHORA FILHO DESGRAÇADO!

Ela, já conhecedora do mundo, sabia por isso o que é que eu teria que aturar na vida!

Também percebo porque é que o nosso Lúcio, em Afife conhecido PIRILAU, tantas vezes dizia:

- É tudo uma tristeza!
- Só tenho medo de não morrer!

De facto, com esta circunstância, a eternidade seria demasiado dolorosa.

Por isso se matou!

Lopesdareosa

1 comentário:

  1. Boa noite,
    Desde já as minhas desculpas.
    Ao clicar no símbolo do FB para partilhar aparece automaticamente o nome e a origem do texto. Achei que estava devidamende identificado daí não ter voltado a escrever o autor (ver foto)
    Espero que aceite as minhas desculpas e acredite que partilhei o texto por o achar muito bom e não para me "apoderar" dele

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