Pedi à noite não a sombra e a Lua
Nem as palavras trémulas do vento
como quem pede o próprio pensamento
Pedi-lhe carne, carne ardente e nua.
O que pedi não foi a expressão langue
De sofredoras almas silenciosas.
Ah! não! o que pedi, pedia rosas...
Ah! não! o que pedi, pedia sangue...
Pedi-lhe a madressilva junto à fonte.
E, mais adiante, o aroma dos pinheiros.
Pedi-lhe, firmes, pálidos inteiros
Dois ombros de marfim, por horizonte.
Pedi-lhe amor... Pedi-lhe de mãos postas,
Que tudo me trouxesse. Tudo ou nada.
Pedi-lhe a minha mão, ressuscitada
No vinco, longo e azul, das tuas costas.
Este texto a que Pedro Homem de Mello chamou NOCTURNO foi publicado no seu OS POETAS IGNORADOS de 1957.
Aquilo que dele escorre nem a minha desfaçatez intelectual se atreve a assumir classificando-o.
Deixo esse trabalho a todos aqueles que consideram Pedro Homem de Mello um poeta menor.
Ás tantas e por isso mesmo, não se darão a tais canseiras.
Mas, lá está!
Razão tinha Ele para tal título!
LOPESDAREOSA
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