quinta-feira, 4 de junho de 2020

Cemitério de Afife

Logo à entrada somos recebidos por algumas estrofes de Pedro Homem de Mello.

Lá dentro encontraremos as pedras debaixo das quais estão  os restos daquele que nas últimas vontades manifestou o seu querer. 

- Enterrem os meus ossos em Afife!

Mas não só aí o cemitério de Afife  tresanda a Cabanas.

A todos os que lá estão e a todos os que o visitam faz companhia Ilda Gomes, uma das da Pôça. 


Morreu em Setembro de 1962. E para a eternidade PHM deixou numa memória aquilo que eu considero ser um dos mais belos textos alguma vez escritos na língua que eu falo e escrevo:



                                       SAUDADE

À memória da querida Ilda Gomes

Viver
É ver morrer os outros?
Triste
Corro o jardim sem cor e sem perfume
E tudo em redor, hoje, ainda persiste
Em vir o mar nos ecos de um queixume
Só as hortenses hoje são humanas
E nada mais nos fala. Nada mais
Havia sol nos bosques de Cabanas
Horas felizes de ontem, onde estais?
Pétalas claras que ela amava tanto
nunca outra flor pudera ser tão bela
Ao vê-las lembro o céu por tras do pranto
Azuis eram também os olhos dela.

P.H.M. 19/9/1962



Ilda Gomes morreu extactamente  um ano antes de eu chegar, de bicicleta, a Afife. 
Foi no dia da festa da Senhora da Lapa em 1963. 
E apenas publico isto dado que a Dinora e sua irmã Maria Rosa, que faleceu o ano passado, me deram permissão de tal.

lopesdareosa



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