quinta-feira, 13 de março de 2025

A Canção de Viana (Com castelo)

 A CANÇÃO DE VIANA ( Com castelo)

A CANÇÃO DE VIANA ( Sem castelo) foi publicada na "A Aurora do Lima" de 23 de Janeiro de 2025. 

A CANÇÃO DE VIANA ( Com Castelo) vai agora mas sempre baseada   no texto de Pedro Homem de Mello como aparece no seu PECADO de 1942 quando, por último, proclama que:                     "A minha terra é Viana... acrescenta, acabando 

"Ai este sol que me abrasa

E estas sombras que me assustam!"

Acontece assim que Pedro Homem de Melo nunca se refere a Viana do Castelo. Fala em Viana, simplesmente aliás, no cantado e decantado “Havemos de ir a Viana!"                                                      E daí o “sem Castelo” da  minha crónica anterior. 

No entanto e  já em 1975, Pedro Homem de Mello no seu PEDRO , aparece a CANÇÃO DE VIANA com mais esta quadra. 

“minha terra é Viana 

(Não sei de berço mais belo) 

Minha terra é Vi-Ana 

 é Vi-Ana do Castelo!”

em que parece  referir-se a Viana com castelo!

- Mas então porque  é que PHM no livro PEDRO de 1975, acrescenta o texto com aquela última quadra, referindo ter visto a tal Ana do Castelo que nada teria a ver com o "amargo"  final do texto constante no PECADO?

 No final deste texto tentarei dar uma resposta.

No entretanto e desde 1942 muita e boa gente se tem pronunciado sobre sobre Viana e o tal toponímico castelo. Mais recentemente esse assunto foi abordado pelas intervenções de Hermano Saraiva no seu programa HORIZONTES DA MEMÓRIA no ano 2000.

Ver https://www.youtube.com/watch?v=mebvGdhj9IQ

e ver https://www.youtube.com/watch?v=1iDB8O-M85w

"Senhores tele-espectadores o nosso programa de hoje é em Viana. Eu sinto sempre vontade de dizer simplesmente, Viana. Acho que não é preciso mais nada.

Estamos em Viana. Se o coração não me engana hei-de voltar a Viana. Toda a gente sabe o que é Viana! Mas oficialmente no Diário do Governo e tal mudaram-lhe o nome e agora chamam-lhe Viana do Castelo, nome que me custa a repetir porque é um nome ao arrepio da história. É um nome às avessas da verdade. 

Esta é a Viana sem castelo. É a Viana do Povo. É a Viana dos Mareantes, dos Pescadores. Dos Homens que foram até longe, faziam negócio. Não tem castelo nem alcaide nem  senhor nem Porta da Traição. Esta é que é história verdadeira da fundação de  Viana"

E em 

https://www.youtube.com/watch?v=68B33Gm-wOc&t=103s

“Estou em Viana do Alentejo que há duas Vianas. Esta Viana do Baixo Alentejo. Viana de A par de Alvito. Viana da Grande Planície. E lá em cima a Viana da foz do Lima, a Viana do Mar aqui mais modernamente chamaram-lhe Viana do Castelo. Castelo que lá não há!”

O curioso é que já em 1992, Mário Soares, em missiva de agradecimento ao apoio à sua visita a Viana se tenha dirigido à Edilidade desta forma e não necessitando de algum castelo para o fazer. 

“Dirijo-me a V. Exª para lhe agradecer a forma afetuosa e simpática como fui recebido em Viana, por ocasião da minha recente estadia nesse Distrito. Julgo, na verdade, que o apoio e o empenhamento que V. Exª e a Câmara Municipal de Viana….”

Acontece assim que por vontade de Nossa Senhora Maria a segunda, lá teve Viana que levar com um castelo em cima. Mas já os republicanos de 1910 não andariam muito agradados com a Rainha e sua afronta de 1848, pois que muito embora a Cidade lhe devesse essa condição não tardaram, como num desagravo, em retirá-la         ( a Rainha) do Campo do Forno crismando (outra vez) a Praça como sendo da República. 

(Coisa parecida com o que que se passaria mais tarde. Depois de 74 tudo o que era do Salazar passou a ser do 25 de Abril.) 

Mas os republicanos de agora que defendem o castelo de Viana não entregaram (ainda) as chaves da Praça à Rainha como o Malaquias fez com as chaves do Forte de Santiago da Barra. Talvez um dia, alertado por este meu texto, algum esbirro de Dona Maria o faça.

E o mais extraordinário da situação é que nos dias de hoje em qualquer publicação corrente e subscrita pelo Município, o castelo de Viana não aparece. (Para decepção da cabralzada).

Para proclamar que VIANA É AMOR e FALAR DE VIANA nem o próprio Município necessita de castelos.










E dizem que o Branco Morais perdeu a Câmara para o atacante, por ter querido tirar o castelo a Viana. 

Mas o Branco Morais não descobriu pólvora nenhuma.                    Já Almeida Fernandes esperneara. 

E como Hermano Saraiva ou Mário Soares, todo e qualquer ser pensante terá motivos para preferir Viana simplesmente. Qualquer ser pensante menos Antunes de Abreu, como já vimos e Defensor de Moura como é evidente.

Tanto mais que Defensor, que se aproveitou do slogan que o Morais queria tirar o castelo a Viana, atacou, de novo, na A AURORA DO LIMA de 26 de Setembro de 2024: “Porque eu sou de Viana. COM CASTELO. Com muito orgulho”, publicou.

No que à minha pessoa toca e ao meu orgulho em ser de Viana não tenho necessidade de algum castelo defender esse orgulho. Não sou defensor dentro do castelo nem atacante fora dele. Preferiria Viana da Foz do Lima. E se a castelos me referir será sempre em primeiro lugar ao Castelo Velho alí no sítio de Perrinhos. Foi o primeiro castelo de que ouvi falar!

Acabando, volto a PHM e num faço ideia se PHM explicou o acrescento acima referenciado. 

Mas é de reparar que não se referiu a Viana do Castelo, mas sim que tinha visto a tal ANA do Castelo. Continuando a dizer A minha terra é Viana!. 

Eu acho(também sou achista) que foi para dourar a pílula. Belo rima com Castelo e deu muito jeito ao crisma da Dona Maria para que Viana ficasse enaltecida na fotografia. 

É que muito antes de me aperceber destas "nuances", teria os meus onze ou doze anos, assisti no Barracão dos Touros na Argaçosa a um festival folclórico das Festas da Meadela. E quem o apresentava era precisamente Maria Manuela Couto Viana E sou testemunha que a ouvi recitar este Poema precisamente com esta tal quadra final, que ao ser dita se confunde VI-ANA com Viana! 

E estou plenamente convencido que, amiga profunda de PHM, Maria Manuela Couto Viana teve uma influência decisiva na explicação desse acrescento. É que no meio da exaltação folclórica de danças e cantares, dos vermelhinhos de Areosa, dos brancos de Perre, dos azuis, dos verdes  e dos vidrilhos de Santa Marta, não dava muito jeito parar declamação nos últimos versos da CANÇÃO DE VIANA original, terminando a apoteose com um susto.

Fevereiro de 2025

Lopesdareosa


Este texto foi publicado na A AURORA DO LIMA na edição de 13 de Março de 2025

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