sexta-feira, 8 de agosto de 2025

AFIFE POR SER AFIFE (II)

 


AFIFE POR SER AFIFE - II

Já em tempos publiquei aqui na A AURORA DO LIMA, 01 de Agosto de 1984, um texto com este título AFIFE POR SER AFIFE. Tendo por motivo a falta de um critério que respeitasse Afife no que tocava à ocupação urbanística. Mais em particular na berma Nascente da EN13

Volto a fazê-lo, invocando a paixão que tenho por Afife, "doença" contraída em Setembro de 1963 quando, pela primeira vez, vi Afife. 

Cheguei (de bicicleta) no sábado da festa de Nossa Senhora da Lapa.

E desde então para cá muito tenho aprendido com os de Afife. 

Falaram-me do Raul, sapateiro que batia na mulher até consola. Falaram-me da Ofélia das Cachenas, que afinal acabei por conhecer pessoalmente. 

Falaram-me dos Serões da Catúa muito anteriores à minha chegada. Mostraram-me o Cútro. E ouvi o da Garrida, o Lua, o Camões e o Rabú, a tocar concertina. E muito mais!

Acabei por fazer uma casa em Afife. No entanto ainda não sou afifense em pleno. 

Paraquedista sou-o de certeza!

Tenho o “brevet” passado pelo Batalhão de Caçadores ali em Tancos no ano de 1969. Mas para não ser paraquedista, em Afife, ainda tenho que aprender muito.

E é por isso que escrevo estas linhas pois muito gostaria que me esclarecessem, os de Afife e/ou qualquer outra entidade envolvida, as seguintes questões;

Li na A AURORA DE LIMA de 17 de Julho de 2025 que era intenção da Junta de Freguesia de Afife vender um terreno sito na Fonte Gatenha, Artigo inscrito na Matriz Predial Rústica nº 2556. Acontece que da descrição apenas consta a sua área. Não constam os confrontantes nem a sua natureza. Ora o certo é que na Matriciação de 1939 esse terreno está assumido como sendo Baldio. E o que é do meu conhecimento, porque os de Afife é que me informaram, é que foi precisamente essa qualidade de Baldio a invocada. para impedir que tivesse sido vendido um terreno situado nesses mesmos lados. Tendo alguns afifenses sido chamados a tribunal por causa disso. 

Isso foi o que me constou.

-Ora como os Baldios não podem ser vendidos como é que agora este pode???

Muito tenho ainda que aprender com os de Afife. Talvez em cima desses conhecimentos, Areosa, consiga vender os seus!

Um outro caso é ter havido na terça-feira 15 de Julho de 2025 na uma reunião, em Afife com os proprietários na veiga, promovida pela Câmara de Viana do Castelo com a finalidade de informar que era intenção da Câmara continuar com a ECOVIA nos terrenos agrícolas integrantes no Projecto de Emparcelamento, no seu limite a Poente, em cima dos topos das propriedades de cada um. Propondo a aquisição ou expropriação das parcelas necessárias.

Aqui pergunto agora uma coisa muito simples.

Dado que o Senado da Câmara de Viana do Castelo, aforou, aos MORADORES DE AFIFE, os terrenos do Rossio entre o muro da veiga (e de outas propriedades) e o mar numa largura média de sessenta e quatro metros e entre o limite com Carreço e Âncora… isto em 17 de Janeiro de 1863 !

- Por que é que a Ecovia não passa nesses terrenos e se evita de chatear os proprietários de terrenos agrícolas para passar uma estrutura que pode muito bem passar pelos terrenos comunitários?

E esses terrenos são de fácil identificação. Pelo lado do Norte e desdelimite com Âncora, são mil e seiscentos e vinte e tês metros para Sul e de largo, ,quarenta e quatro metros medidos desde o topo Poente das leiras da Veiga até à borda do mar. E pelo lado do Sul e desde o limite com Carreço, são novecentos e sessenta e tês metros para Norte com uma largura pelo Norte, sessenta e dois metros e pelo sul oitenta e oito metros medidos desde o topo poente das leiras da veiga até à borda do mar.

Faço esta pergunta pois a resposta muito me ajudará a acrescentar os meus conhecimentos sobre Afife de que tanto gosto!


Afife 22 de Julho de 2025

António Alves Barros Lopes

NOTA

Texto Publicado na A AURORA DO LIMA em 7 de Agosto de 2025

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

4º Crescente!

 PORQUE 

                "O sangue tem razões                                                     que fazem inchar as veias"                                            (atahualpa yupanqui)


A Lua julga que é o Sol 

 em noites de noites cheias 

 Noites do Sonho acordado 

 levam a palma às sereias 

 no seu canto encantado 

 noites que pegam fogo 

 incendiando as ideias

 pois se com elas eu morro 

                                 Elas são minhas                                                                                                                                                                   Eu sei-as

                   

lopesdareosa

                                                      

sábado, 2 de agosto de 2025

Miguel de Oliveira Martins

 O raio da mania de ler tudo o que vem à mão, dá nisto.

Li o último O DIABO que afinal num é o último diabo.


Afinal o texto generosamente comovente ou comoventemente generoso a favor da descentralização ( estou consigo Sr. Oliveira Martins) tem um dito tanto surpreendente quanto hilariante!

Imaginemos o impossível (começou MOM), que Portugal tinha desaparecido!

E depois 

Começaríamos, talvez, por uma pergunta desconcertante:

- Fundaríamos o País a partir de Lisboa, outra vez?

- Outra vez???

O País, que eu saiba e garantido por todos os historiadores que me infiaram na cabeça desde a escola primária, foi fundado a partir de Guimarães.

E nessa caminhada o gajo da infografia (?) conquistou Lisboa.           (Ás tantas já se arrependeu disso!)

Depois é que Lisboa se tornou em DDT.

Eu até tenho uma solução para as consequências.

Devolver Lisboa aos mouros já que foi tomada à força. ( esta solução seria apoiada pelo nosso PR pois é a favor da devolução das obras de arte aos povos oprimidos e espoliados por Portugal)

Dar a independência a Lisboa e arredores, incluindo o Alentejo e o Algarbe.  Algarbe este que já dos tempos de D. Manuel num era Portugal. Nem hoje!

Ou, que seja a própria Lisboa a declarar a independência, decisão que seria e muito naturalmente apoiada por MOM.

A minha desgraça é que ninguém me ouve.

Mas espero que leiam!

Lopesdareosa



terça-feira, 29 de julho de 2025

SANTA MARIA DE VINHA DE AREOSA

 Num é  Santa Maria da Vinha de Areosa

É  isso e muito bem, que consta no cartaz das festas de Nossa Senhora de Vinha!


Como as terras são  "de Vinha"  
Nossa Senhora também é!

Logo...num é da vinha. 
Se o fosse seria  da latada. Mas não!

Já Figueiredo da Guerra no seu Archivo Vianense  a isso se referia 

No ARCHIVO VIANENSE, de 1895, Figueiredo  da Guerra iniciou este seu trabalho precisamente com Santa Maria de Vinha ( de Areosa).  E não terá sido por acaso!

Logo na entrada escreveu:

A egreja de Vinea é sem dúvida alguma a mais antiga de todo o nosso extincto termo de entre Âncora e Lima: a ella pertenciam as collações de Âncora e Villate.

Na sua terra ou districto estavam as Villas de Vinea ou Vinha, de Figueiredo, da Foz e de Castro com varios casaes e herdades, estendendo os seus limites desde de Além do Ribeiro de Victorino ou do Pégo ao do Ameal sobre a Meadella, fechando no alto do monte Tarrujo ou Carregio, no penedo da Era ao Norte do ermitério de S. Mamede, que também estava na sua dependência.“

Depois e em 1930, FG, no Notícias de Viana, volta ao assunto

 “A vila da Vinha do Séc X, a velha paróquia a que pertenciam as ruinas de Santa Luzia, chama-se ainda hoje, Santa maria de Vinha de Areosa, e desta freguesia se desmembraram, no tempo de D. Sancho I as terras que da Foz do Lima se estendiam até ao ribeiro do Ameal, na Abelheira e criada então freguesia sufragânea, com sede na Igreja velha das Almas… S. Salvador decerto)

Leiam Almeida Fernandes em COMO NASCEU VIANA 1959 onde reconheceu justeza de Figueiredo da Guerra quando este  fez a ligação de Vinha com Ovínea.

Quanto a este detalhe vejamos o que Almeida Fernandes escreveu sobre o assunto em Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas de 1997

16. Ovínia: Vinha (f. Areosa, c. Viana do Castelo). Numa freguesia onde não há, nem nunca houve, a «vinha» (prova de que o topónimo Ovinia nada tem com este nome), é Vinha a antiga designação paroquial da atual Areosa, paróquia residual de Ovinia; e conserva-se ainda tal nome no título da igreja (Santa Maria de Vinha, designação da freguesia ainda muito depois do séc. XIV), bem como numa pequena obra do mar, em face da igreja. Não pode haver a mínima dúvida na correspondência. Corrobora-se esta na divisão eclesiástica (arcediagado) Terra de Vinha, cuja correspondência civil estava na Terra de São Martinho, outro eco da Suévia paroecitana. A civitas Ovinia deve, pois, ter sido a famosa Cividade ou Cidade Morta de Sancta Luzia, no afamado monte que cobre o local e Viana.

Até  Antunes Abreu, no inicio da  sua História de Viana do Castelo Pgs. 129, escreve  

“A Igreja de Santa Maria de Vinha era a mais antiga da faixa litoral entre Minho e Lima e englobava as colações de Âncora e Vilar (Riba) de Ancora. Este território incluía as "Villas"  de Vinea, Figueiredo, Foz e Crasto ( estas três últimas serão assento da Vila de Vianna) e outras até ao Castelo roqueiro Tarrúgio ( Sec XI -XII) no Penedo da era ( ao norte da Ermida de S. Mamede)” 

Remetendo para  o que Almeida Fernandes escreveu na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, onde este, por sua vez, cita Figueiredo da Guerra, acerca de  Vinha de Areosa.

Ver mais informação em 

https://lopesdareosa.blogspot.com/2021/08/citania-de-santa-luzia-versao-7-de.html


Essa invenção da VINHA DA AREOSA conotada com a "água a pé", só serve aos espertos que tentam fazer uma ligação directa de Viana à citânia passando por cima de VINHA DE AREOSA entidade esta que antecede Viana em cerca de 300 anos.  Segundo não do que se consta mas facto documentado.

Ver mais informação em 

https://lopesdareosa.blogspot.com/2021/08/citania-de-santa-luzia-versao-7-de.html


lopesdareosa






São João Pequenino

 Ou São João das cerejas.

Que é mesmo no dia de São João. Celebram os das Argas o São João Baptista.

Costume lá ir. Este ano com o Ernesto Paço, Passarinho.                     ( num é piada. 

Num é "passo passarinho"                                                                         É "Paço virgula Passarinho"


DO CANCIONEIRO


Óh! Meu rico São João

Meu rico São Joãozinho 

Num posso com um dos grandes

Tragam um mais pequeninho


O Ernesto Foi o fotógrafo!

Cá está o andor!


O Vilarinho amigo de todos os anos.

O Cerquido para cumprir a tradição


Estava mais gente!


Os guerreiros sem armas, menos o de Cerveira que levou a garganta


O Andor com o pessoal das roscas lá ao lado.


A Procissão no regresso. Os carros também ficam na fotografia.               Se tivessem estacionados dentro da Capela, num ficavam!


A procissão à saída. Neste momento num há carros.  



Bem! Cá está o São João Pequenino. 
De fazer inveja aos de Lamas de Mouro.

NOTA 
Eu sei muito bem que os meus estimados seguidores num entenderam esta "indirecta".

De facto é só para especialistas!


lopesdareosa


domingo, 20 de julho de 2025

ACRADITAR

 Verbo acreditar na versão de Jorge Jesus!

"Creio em Deus Pai, todo poderoso..." 

Assim começava o Credo que me ensinaram na catequese.

Mas só Nele. Não nos homens. Pelo menos em alguns, dando a muitos outros o benefício da dúvida!

Em 1 de Setembro de 2021 publiquei na minha página do Face. 

https://www.facebook.com/antonio.alvesbarroslopes/posts/6019497441453777.

Isto 


Com o seguinte Comentário

Eh! Eh!

"- Quereis ver que vamos voltar a ter água nos fontanários???"

(AFIRMAR AREOSA era o que estava expresso mesmo ao lado do fontanário - sem água - ali a norte do inicio do caminho dos Ôlhos)

Mas logo passei a lamentar-me, pois quase um ano despois publiquei.

ESTOU DESOLADO -Ver

https://lopesdareosa.blogspot.com/2022/09/estou-desolado.html

Pois chegara à conclusão que apesar da louvável intenção de Rui Mesquita de AFIRMAR AREOSA os fontanários iriam continuar secos. Apesar destas boas intenções como também dos apoios conseguidos aquando da sua candidatura! 

Conclusão esta, dada a demissão de Rui Mesquita.

Mas haja esperança.  ( Às tantas, ilusão dos famintos)

Apareceu recentemente junto do mesmo fontanário uma outra publicação. ACREDITAR - Continuar a acreditar nos Vianenses. 



Claro que se tratando de eleições concelhias há que acreditar nos Vianenses. Não seria de esperar nos de Coura muito menos nos marcianos.

Mas a questão pode (ou tem) que ser colocada ao contrário!

- Será que os vianenses acreditam? Assim no automático?

Ora no conjunto dos vianenses estão os de Areosa!

- Será que os de Santa Maria de Vinha de Areosa acreditam que alguma vez verão a sua (Nossa) água correr nos seus (nossos)  fontanários???

EU NUM ACREDITO!

E essa minha descrença será reflectida nas próximas eleições.

Resta saber se todos os outros Areosenses acreditam ou não!

A minha dúvida será esclarecida quando ler os jornais de  13 de Outubro!


sábado, 28 de junho de 2025

Montedor a arder

 


MONTEDOR                                                    



Quem quiser saber que a Natureza 
 muitas vezes desdiz a própria Ciência 
 porá em causa a sua inteligência 
 ficará surpreendido de certeza

Caminhando para Sul depois das sete 
 subindo de Afife e virando à direita 
 há um lugar em que ninguém suspeita 
 que verá aprova que jamais se esquece

Que suba sempre e entre as pedras páre 
 onde o caminho acaba no fim de um S 
 aí chegado basta que a tarde

caia e o Sol se apresse 
 então o mar a Poente arde 
 É em Montedor que isso acontece!




Carreço. Na praia do Camarido. 
 Num é em Montedor mas poderia ser.

Fotografia de Ernesto Paço



domingo, 25 de maio de 2025

O Al Garbe

 Leio regularmente o JN.                                                                       E neste o Passeio Público.                                                                             Mais uma vez José A. Rio Fernandes.


E detive-me naquela em que:

"O rendimento líquido médio mensal no Alentejo é de 1126 euros e no Algarve de apenas 1104 euros" (!)

Num sei a fonte. Fui tentar descobrir mais, mas num tive pachorra para analisar a pouco objectiva e muito confusa informação sobre o assunto. (Na NET claro!)

No entanto dá para perceber uma coisa muito simples.

Estando o Alentejo pelas ruas da amargura quanto a este lado das estatísticas, o Algarve está ainda mais fundo.

Mas o curioso é que tendo o Algarve para vender aquilo que é de graça, o Sol, as Praias e a Temperatura da Água do Mar e tendo em conta que todo o mundo vai, todos os anos, lá depositar as suas poupanças, a pergunta é simples!

- PARA ONDE VAI O DINHEIRO se nem o pessoal tem rendimento que se veja?!?!?!

(Mistérios da fé perdida)






sexta-feira, 23 de maio de 2025

Carminda Alves Peixe


Carminda Alves Peixe

Agradecimento


Aconteceu no passado dia 20 de Maio o funeral da Carminda do Moleiro Novo, moradora que foi no Covêlo e que passou a ser, no Cemitério de Santa Maria de Vinha de Areosa.

Seus filhos, nora, netos, bisnetos e restante família vêm por este meio agradecer a todos aqueles que, sacrificando a sua rotina de um dia normal, se dispuseram a  estar presentes num acto que ao mesmo tempo foi uma manifestação de respeito pelos direitos que a morte cobra, mas também uma celebração pelo direito à vida, vida que tantas vezes e prematuramente, a morte sonega.

Não foi o caso. Morreu Carminda feliz pelos 103 anos que Deus lhe concedeu, como o demonstra o sorriso dos 100 anos, aquele sorriso das flores que constam na imagem que se junta.

Da mesma forma agradecer à Junta de Freguesia de Areosa, à Paróquia de Santa Maria de Vinha de Areosa, na pessoa do Nosso Prior Torres Lima, à Associação Distrital dos Reformados da PSP - de Viana do Castelo e a todos os que, por obrigação institucional, colaboram e participam nestes actos.

Também a todos aqueles que de uma forma ou de outra  nos fizeram chegar a sua solidariedade na circunstância.

Ao Nosso Padre Quintas que ainda não se esqueceu que um dia passou e parou, por e em Vinha.

Também e por fim ao Centro Social e Cultural de Carreço, com todo o seu pessoal, que muito contribuíram para o bem estar da Carminda nos últimos anos da sua vida.

Areosa, 24 de Maio de 2025. 



quarta-feira, 21 de maio de 2025

Morreu a Minha Mãe

 Isto porque já tinha publicado -  MORREU A MINHA NAI!

Ontem despedi-me d'Ela.

Mas num sei se foi assim

Se é que me despedi d'Ela

Ou se foi Ela de mim!

 (Maldita tendência para o rimanço. Mas rimou e foi verdade!) 

E ontem fiquei, na vigília, a sós com ela.

A minha Mãe é eterna...pensei ao olhar para aquela mulher.

Aliás, como todas as Mães o são!


Chegou à minha ideia uma quadra mexicana.


Despedidas no las doy

porque no las traigo aquí,

...

...

Como  poderia eu despedir-me de minha Mãe se, sendo eterna,  (como todas a Mães)  por aí a irei encontrando?                               Apenas num sei onde nem sei quando. 

(outra vez o rimanço). 

í

tinha a minha Biblia a meu lado para nos fazer companhia!

Os dois volumes da compilação da obra de Pedro Homem de Mello recentemente publicada pela Assírio e Alvim e capitaneada por Luis Manuel Gaspar.

Logo à entrada e no seu primeiro livro PHM lança a sua CARAVELA  AO MAR

E logo à entrada o seu primeiro soneto com o mesmo nome! 

Que passei a ler em voz alta para que minha Mãe ouvisse!                O sino de Vinha tangia oito vergastadas. 

Mar alto. A brisa leva docemente                                                          A minha caravela. Há nevoeiro...                                                          Falo às ondas, noviço marinheiro,                                                    Num canto adormecido que lhes mente.

Atrás só vejo mar e vejo em frente                                                         O grande mar também; vogo ligeiro...                                                   Tomo das águas movimento e cheiro                                                 Sou vaga entre as mais vagas da corrente

E logo acima encontro o céu distante                                                    O firmamento une-se ao mar gigante                                                    - Espelho onde se mira a eternidade...

Sinto-me só, minúsculo momento;                                                Tenho por mim não sei que sentimento;                                                 misto de amor, respeito e piedade...

   (Ó Doutor Pedro! Nem de propósito)

Afinal estava tudo alí!

O mar era o do Porto de Vinha.

A minha nau poderia ter sido talhada com as tábuas do caixão da minha Nai!

O céu afinal era perto. 

A minha Nai, que para lá já fora, ainda ali me fazia companhia.

E essa, aliviava-me da solidão do momento.

E o turbilhão de sentimentos desaguaram na piedade.

Num  foi piedade!

Foi pena!

Uma imensa pena. Uma imensa e triste pena daquela mulher.

Tanto fez por mim!

Tanto se sacrificou por mim.

- O meu filho há-de ser Padre ou Doutor!

Dizia na ansia de nos libertar da dureza da lavoura.

Num dei Padre nem Doutor

Apenas lavrador falhado e mecânico assim-assim!

Ali lhe pedi perdão por num ter correspondido à altura das suas aspirações.

E continuei a ler PHM que logo a seguir me descobriu na TREVA.

Amor de irmã, amor de noiva, amor de pais,                                    já tive a dar-me enlevo, a dar-me encanto;                                          Mãos de mulher a enxugar meu pranto,                                              Lábios piedosos a abafar meus ais,

Abriu-me a lira os mágicos portais,                                                    Vestiu-me a fantasia com seu manto,                                                    E foi minha alma a Deus, solta no canto,                                            Ao sopro de asas leves ideais.

Quando porém lhe falam de ventura                                             Dói-se o meu coração - logo procura                                                  O estranho bem as longes alegrias...

Dedos febris, a fronte húmida e triste,                                                  Fui sempre o cego, pálido que insiste                                                   Em ver os seus anéis de pedrarias

De facto! 

Fui sempre o cego que nunca reparou nas suas mãos vazias!

- Como é que PHM o adivinhou???

Mas PHM não foi apenas bruxo. Também espalhou conselhos. E nessa CARAVELA  AO MAR e também em Afife, deixou um.

Não choreis nunca os mortos esquecidos.                                              Na funda escuridão das sepulturas.                                                        Deixai crescer, à solta, as ervas duras.                                                  Sobre os seus corpos vãos adormecidos.

E quando á tarde, o Sol, entre brasidos,                                        Agonizar ... guardai, longe, as doçuras                                                  Das vossas orações calmas e puras                                                         Para os que vivem mudos e vencidos.

Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,                                                   Da multidão sem fim dos que são vivos                                                dos tristes que não podem esquecer.

E ao meditar, então,  na paz da Morte                                                      Vereis talvez como é suave a sorte                                                       Daqueles que deixaram de sofrer.

( - A Minha Nai?

Decerto

Muito me custaria se continuasse a sofrer por minha causa)

E assim passaram os lentos minutos lavando a negra alma com o sabão da poesia de Pedro Homem de Mello.

Poeta menor como toda a gente sabe.

Imaginem agora como seria se frequentasse o olimpo dos maiores!


NOTA

A minha Bíblia

Antigo Testamento


















Novo testamento



quinta-feira, 15 de maio de 2025

José A. Rio Fernandes

 Geógrafo/ Prof. da Universidade do Porto.

No JN de 14 de Maio de 2025.

"As casas não são cenouras!"

(Entenda-se aqui que "casa" se refere a "habitação")

Nem pregos, nem bombas de carnaval.

O tal mercado regula o preço das coisas (dizem)

E há gente que defende que as Leis do mercado devem também regular as Leis do próprio convívio social.

Mas que eu saiba na Nossa Constituição num está escrito:

"1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a um cesto de cenouras, de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.

2. Para assegurar o direito a um cestos de cenouras, incumbe ao Estado:





    Etc. e tal "







Nem de cenouras nem de outra coisa qualquer. Apenas à habitação!






Logo,  "as casas não são cenouras" como muito bem diz o citado!








Depois a Nossa Constituição continua dizendo que incumbe ao Estado:







c) Estimular a construção privada, com subordinação ao interesse geral, e o acesso à habitação própria ou arrendada;






Mas o que é que acontece no terreno?






É o Próprio estado que onera o acesso à habitação - própria ou arrendada.






E deixa al tal mercado a tal incumbência de resolver o tal problema de falta de habitação.








- Onera nas licenças de construção fazendo destas fonte de receitas dos municípios!





- Onera no IMT na compra de terrenos para construção.





- Onera no IMI subsequente.





- Não interfere na definição e  condução dos loteamentos.





- Não interfere no mercado do arrendamento.






E depois deixa que seja o mercado actuar no princípio de que se há falta de casas o que é necessário é construir mais casas.






E depois deixa ao Deus dará da tal falácia de que não há terrenos para construir






E que os que há são caros, daqui a necessidade de libertar mais terrenos para construção.






Estes são os argumento da indústria dos inertes (as tais substâncias que são isso mesmo - inertes) do betão e cimento armado que todas as Quartas-Feiras no PUBLICO propagandeiam estas ideias.








Em primeiro lugar  não há falta de casas em Portugal!







Segundo os censos há mais de 700 000 (setecentos mil) alojamentos devolutos.







Segundo os censos há mais casas que famílias sendo esse rácio em Portugal um dos mais altos na Europa.





Ver 




https://ionline.sapo.pt/2024/07/09/um-pais-de-casas-vazias/








Publicou Álvaro Santos

 




"Atravessamos a maior crise habitacional de que há memória no nosso país, no entanto, temos 723 mil casas vazias. Porque será?


Nos últimos cinquenta anos em Portugal, o número de habitações mais que duplicou, passando de 2,7 milhões para quase 6 milhões, entre 1970 e 2021. Tendo em conta que existem 4,1 milhões de agregados familiares, concluiu-se facilmente que, atualmente em Portugal, existem mais casas do que famílias."

Fim de citação.

Não há terrenos para construir!

É mentira!

Num faltam terrenos para construção.

Gostaria que os especialistas procedessem ao somatório de todas as áreas de expansão Urbanísticas já previstas nos PDMs de todo o país. E me viessem esclarecer.

Pois constou-me, em tempos, que haveria área para acomodar quatro (?) vezes mais que os nossos dez milhões.

No entanto e apesar disso aprova-se uma lei que permite libertar mais terrenos para construção. 

- Com que necessidade???

- Com que objectivos???

Quanto ao arrendamento vejam a guerra que fizeram por causa da tal Lei onde constava o tal Arrendamento forçado, que estava previsto na Lei n.º 31/2014 (Diário da República n.º 104/2014, Série I de 2014-05-30) promulgada por Cavaco Silva!)

Ora o que está em causa é uma questão de ordenamento e de terem conduzido o país inclinando-o para o lado do Mar subjugado ao peso precisamente do betão e do cimento armado. 

E pretende-se agora (e ainda) construir mais casas onde já há construção a mais!

Façam as contas ( estudem a cronologia)  e concluem das responsabilidades.