segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Liguei o computador

Também poderia ser sobre a problemática do nó cego existencial decorrente do ser pensante perder tempo com estas modernices da informática


Liguei o computador
                                                                                                                            Mas não me fala de ti

Foi então que percorri

Os carreirinhos da dor

É que o tempo não tem cor

Nem lá vai com anilinas

Nem mesmo com estas rimas

Ou frases com muitas prosas

Esta rimava com rosas

Se o poeta fosse pimba

Se o poeta fosse brega

Mas a verve lá não chega

Não é famoso ainda

Não tem curso ou diploma

Não percebe nada disto

Se anda parece cristo

Se pára logo entra em coma

E se há alguém que o coma

Fraco gosto tem então

Apenas fica a ilusão

Que lhe sobra algum talento

Não ganha nenhum alento

Quem liga o computador.

Quem é o interlocutor?

Que valor tem a conversa??

Quem anda mais que a pressa

Engana-se no atalho

Liguei o computador

Só por isso?

– Nada valho!!



( Esta é mais do Tone do Moleiro Novo que do lopesdareosa. Por causa de um escrito recente um amigo meu perguntou-me quem era o Tone do Moleiro Novo. Qualquer dia ganho ao Pessoa em heterónimos.)

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