quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Amada Garcia Fuzilada

Romance de Amada Garcia

que pariu por ser amada

e deu tal brado o seu feito
que até foi condecorada
meteram-lhe de chumbo quente
doze medalhas  no peito

não foi assim de repente
demorou essa função
tremeu a mão no gatilho
aos homens do pelotão

Dá-me um abraço meu filho
Não disse Amada Garcia
Não disse nem tal podia
Não o tinha no seu colo
Nessa parte de mulher
Que seu filho amamentara

Chamava-se Gabriel
Filho de Amada Garcia
que amada ainda seria 
pelo seu filho fiel
no silêncio até que um dia
as muralhas do Quartel
abriram em liberdade
e o filho da saudade
da mãe que não conhecera
vai na campa pôr flores
sem perguntar aos senhores
do Templo pra tal licença

E não se dá pela presença
ninguém testemunha o feito
aparecem de tal jeito
as flores na campa rasa
todos sabem ninguém diz
que aquele infeliz
que não teve mãe em casa
nesse gesto não se atrasa

Mas o próprio Gabriel
um dia parte também
não demanda à sua mãe
porque é que o abandonara
E ela que não chorara 
enfrentando o pelotão
não se queixou da razão
do que lhe acontecera
na luta pela qual morrera

Não há flores na muralha
nem memórias da metralha
com que fora fuzilada
Amada Garcia amada
por sê- lo pariu um filho
e não tremeu o gatilho
na derradeira função
os homens do pelotão
ensombrados por tal feito
meteram-lhe de chumbo quente
doze medalhas no peito

(vou contando este sucesso pra que o  saiba toda a gente)



Tone do Moleiro Novo
dedico este meu texto ao TINO BAZ da Guarda símbolo de uma Galiza pela qual vale a pena lutar.

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