Em primeiro lugar vou invocar a Carta das Nações Unidas conforme já o fiz
em VISCA CATALUNHA https://lopesdareosa.blogspot.pt/2014/12/visca-catalunha.html?m=0
Na Carta das Nações Unidas
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2. Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal.
2. Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal.
Não deixa de ser notável que tão importante documento não fale do direito à independência dos povos mas sim no seu direito à autodeterminação. (escrevi na altura)
Unquote
Dei agora com o seguinte texto da autoria de Henrique Monteiro que tendo opinião contrária à independência da Catalunha, vai mais longe; nega aos Catalãs o direito a promoverem um referendo sobre essa questão, referendo esse que até poderia dar um não à independência como aconteceu na Escócia!
A independência da Catalunha é uma má ideia
Henrique Monteiro 13.09.2013 às 8h00
· Apesar de impressionante o cordão humano,
apesar de impressionante o número de catalães que são a favor da independência
(52%, segundo as últimas sondagens), apesar de todas as razões de queixa que a
Catalunha possa ter do centralismo de Madrid (que é um facto), a independência
daquela região é uma má notícia para Portugal e para a Europa.
Não vale a pena invocar razões históricas,
muito em voga nos séx. XIX e XX, porque as razões históricas, no geral, ocultam
razões históricas anteriores a essas. Por exemplo, o reino de Aragão, que
incluiu a Catalunha, era transfronteiriço e tinha partes que são hoje francesas
- Narbonne , Carcassone e até Toulouse, por exemplo. A cruzada contra os
albigenses (ou cátaros) deu cabo do grande reino aragonês e remeteu-o para cá
dos Pirenéus.
As razões históricas são, normalmente invocadas como causa, mas não passam de argumentos. E a verdadeira causa da popularidade da independência da Catalunha, parece-me, infelizmente, ser esta: é uma das zonas mais ricas de Espanha que não quer contribuir para outras bem mais carenciadas, como a Extremadura ou a Andaluzia. Aliás, não será por acaso que outra região independentista - o País Basco - também faz fronteira com a França estando, portanto, mais perto do centro da Europa. Além disso, estas duas regiões foram as que mais beneficiaram com a industrialização dos anos 50 e das que melhor souberam aproveitar as autonomias.
Na Checoslováquia, a separação da República Checa da Eslováquia também seguiu a ideia de mais ricos (checos) a deixarem mais pobres para trás (Eslováquia) e na Eslovénia o caso não foi muito diferente, quando se separou como país independente da Sérvia, a que historicamente estava ligada. Podem seguir-se a Escócia e a Flandres e assim se pode consagrar a decomposição de uma Europa que era para ser solidária, mas que aos poucos mostra a natureza de que sempre foi feita.
É por isso que para Portugal e para a Europa a independência da Catalunha é má ideia. É por isso que não percebo a quase euforia com que tantos portugueses a apoiam. Será por pensarem que enfraquece Madrid? Mas a verdade é que nos enfraquece a nós e a toda a Europa, num momento em que só o movimento contrário, o reforço do Continente e a solidariedade dos mais ricos com os mais carenciados, é uma esperança para a crise em que vivemos.
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Como já expressei no meu texto anteriormente citado, para exercer o direito à auto determinação as razões históricas serão relevantes mas não ao ponto de se exigir uma qualquer independência anterior.
A Carta das Nações Unidas reconhece o direito à auto determinação de uma forma abstracta e universal e não condicionado aos povos que algures na História tivessem sido já independentes!
Ou seja com mais ou menos história o certo é que a Catalunha, a que todos reconhecem como nacionalidade, já manifestou e de uma forma suficientemente significativa o desejo de ver a sua auto determinação referendada!
No entanto vou deter-me em dois períodos deveras curiosos do texto de Henrique Monteiro.
"...o reino de Aragão era transfronteiriço..."
- Referido a que fronteira???
- Onde se localizava essa fronteira???
Ora a cruzada contra os albigenses (ou
cátaros) que terá dado cabo do grande reino aragonês foi entre 1209 e 1244. E se o
remeteu para cá dos Pirenéus isso quer dizer que ficou independente do pedaço que ficou do lado de lá dos Pirinéus. O que passou a existir foi, então, uma fronteira nos Pirinéus; a do Reino de Aragão para cá dos pirinéus com as partes
que hoje são francesas Narbonne , Carcassone e até Toulouse, por exemplo.
Essa tal fronteira nos Pirinéus só passou a ser fronteira norte/leste de Castela - digamos Espanha - após 1479 no casamento de Isabel com o Fernando e pela "anexação" do Reino de Aragão!
Ou seja o tal grande Reino Aragonês, antes de 1244, não era transfronteiriço pois não lhe passava qualquer fronteira pelo meio. O único tropeço que existia eram os próprios Pirinéus que até aí não obstaram a que existisse um Grande Reino de Aragão com território de um lado e do outro da cordilheira! Conforme se pode deduzir do texto de Henrique Monteiro.
Assim sendo fico por entender a necessidade de H.M. de ter enfatizado que o Grande Reino de Aragão era transfronteiriço até à cruzada contra os cátaros!
- Seria para mostrar que o que restou do lado de cá ficou na Espanha?
- Pois é mas à data a Espanha não existia para aqueles lados. O que existia era o Reino de Aragão.
Castela - Digamos Espanha - só chegou lá em 1479!
- Seria para mostrar que o que restou do lado de cá ficou na Espanha?
- Pois é mas à data a Espanha não existia para aqueles lados. O que existia era o Reino de Aragão.
Castela - Digamos Espanha - só chegou lá em 1479!
Tone do Moleiro Novo I - O Chato!
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