domingo, 5 de novembro de 2023

ÓH meus carvalhos!

 Roubo agora  o título do meu amigo António Viana na A AURORA DO LIMA - "Os meus carvalhos"

Acrescentarei "OS NOSSOS SOBREIROS"

Então não é que para instalar um parque eólico em Sines vão cortar 1821 sobreiros???

E não é que eu ouvi o Ministro ao Ambiente, António Cordeiro, a justificar a medida:

Que afinal se tratava de um abate total de 16 000 sobreiros num universo nacional de 36 000 000 e por isso não punha em causa o equilíbrio ecológico do pais ou de uma região e que tinha que ver isto num contexto nacional!

Ver

https://www.rtp.pt/noticias/economia/abate-de-sobreiros-em-sines-governo-cria-grupo-de-trabalho_v1512844                                               Jornal da tarde Sexta feira 8 de setembro

Soube-se também de outro pormenor do acordo com a EDP.

"Que EDP vai compensar abate de 1821 sobreiros em Sines com 42 mil árvores e arbustos das quais 30 mil serão sobreiros, numa área aprovada pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), equivalente a 50 hectares e largamente superior à que será intervencionada para a construção do parque eólico"

Acontece que logo protestaram GEOTA, Quercus, PAN e outras organizações de proteção do meio ambiente.

Mas, como não há heróis sem audiência, logo apareceram os justificadores do injustificável. Entre os quais a colunista do PUBLICO Bárbara Reis  que no intervalo para o café de 16 de Setembro de 2023 publica que afinal "O abate dos sobreiros em Sines nem por isso era assim tão chocante".

E não vou aqui desmontar em pormenor a contabilidade arquitectada no texto para apenas salientar estas evidências no processo.

Efectivamente dezasseis mil em trinta e seis milhões é coisa pouca e não assim tão chocante, apenas 0,044%.

Mas o curioso é se se passa numa região do País onde uma tal RWSW Rewilding Sudoeste pretende (começar???) a renaturalizar!

 Ver   https://www.florestaaljezur.org/













Publicitada no próprio PUBLICO em 16 de Setembro



Ora se o Ministro do Ambiente se preocupa muito com o ambiente seria de convidar a tal RWSW  para colaborar no abate dos sobreiros em Sines e implantação de Eólicas, pois Sines faz partes da tal região que se pretende "Rewild"

O que nem seria grande o esforço. Afinal era só atirar abaixo 0,04 dos sobreiros existentes em Portugal. O trabalho pesado de instalar as torres eólicas ficaria a cargo da EDP e lá se conseguia o Rewilding pretendido.

Depois é só fazer as contas. O parque eólico irá render mais que os tais sobreiros que vão ser sacrificados. Se o critério fosse expandido não haveria sobreiros ou outra coisa protegida que escapasse.

- Mas se os sobreiros são uma espécie protegida porque é que o Ministério do Ambiente não os protege???  

- Por causa desse lucro imediato e pontual???

AH! - Mas a EDP vai plantar 30 mil sobreiros não sei aonde.

- E quando é que esses tais sobreiros estarão na maturidade daqueles que hoje se pretende abater???

- Então porque é que a EDP não planta as torres nesse não sei aonde e deixa estes sobreiros em paz???

O mais surpreendente é a existência de um Ministro do Ambiente que serve então para licenciar atentados contra esse nesmo ambiente. E eu que julgava que o Ministro do Ambiente servisse para combater os mesmos!

E o ponto de vista é extraordinário pois fala em nome dum tal equilíbrio ecológico Nacional

Se isso fosse preocupação não haverá ao nível nacional territórios onde se possam instalar eólicas sem que para tal haja que cortar sobreiros ou outra qualquer árvore???

- Teremos que ser nós, míseros eleitores a fazer esse estudo???

Então não seria pensar Portugal, "zonar" o território onde aparecessem "manchas" passíveis de serem ocupadas com eólicas.

 - Porque há-de ser num terreno em Sines ocupado com sobreiros???

- Há alguma obrigação para que assim seja???

- Alguém apontou uma pistola à cabeça do Ministro???

É que Instalando as Eólicas num qualquer outro lugar e preservando os sobreiros os rendimentos somavam-se.

Não se subtraíam!

(E a EDP bem poderia continuar a plantar os tais 30 mil sobreiros, algures, que eu não me importo!)

PS O mais extraordinário é que há legislação em vigor definindo  onde é que não se pode instalar Eólicas. Pretendendo alguém instalar eólicas onde há sobreiros e havendo necessidade de os cortar para realizar essa instalação, esta não se poderia realizar pois para tal haveria que infringir a Lei de protecção dos sobreiros.

Aqui como (já foi dito) aparece a figura do Ministro do Ambiente a legalizar uma operação ilegal!

Invocando o Interesse nacional. Ou seja cria uma excepção quando o interesse nacional seria preservar os sobreiros e instalar eólicas onde não houvesse necessidade de os cortar.

- Não é do interesse nacional Reflorestar Portugal???

É mas há uma excepção. O tal terreno em Sines!


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