O NAUFRÁGIO DO CABO BLANCO
Os mirones na arriba.
O Cabo Blanco ainda direito mas já com pequenos barcos à Ilharga
Barcos à volta do Cabo Blanco com um rebocador a BB Ré
O Começo do fim do Cabo Blanco
Em 13 de Jullho de 1936, encalhou em Areosa, em frente de numa zona situada entre os Moinhos do Gandaral do Rio e do Gandaral da Gatinheira.
No COMÉRCIO DO PORTO do dia seguinte saía já a notícia do acontecimento.
( VER EM
http://naviosenavegadores.blogspot.pt/2011/08/historia-tragico-maritima-xxxii.html )
Já no dia 16 este mesmo jornal dava uma nota curiosa
"Tem sido uma romaria à praia da Areosa, para ver o vapor espanhol “Cabo Blanco“, encalhado na segunda-feira nos penhascos dos Moinhos. Como o barco trazia bom vinho, os sequiosos tem tomado boas «carraspanas», dando lugar a cenas picarescas! Na Delegação Aduaneira estão-se arrecadando carga e utensílios de bordo. "
É dessa memória que vou falar. Não da minha como é óbvio pois então ainda não era nascido.
Trata-se em primeiro lugar da memória de Mário Viana meu professor na escola primaria. Testemunha dos acontecimentos seguintes ao naufrágio dos quais deixou as fotografias acima e que me foram cedidas pelo seu filho e e meu amigo António Viana.
Da memória de meus avós e meus pais que me contaram do regabofe que foi a correria para apanhar os destroços que davam à praia. Dos pipos rebentados à pedrada e do vinho bebido pelos socos, dos canecos à cabeça pela veiga fora fugindo à Guarda que os derrubava à coronhada. Da banha carregada de qualquer forma. Das madeiras que deram bons portais. Do insucesso dos tiros da Guarda em direcção ao mar para afugentar os barcos dos pescadores que se abeiravam vindo do Norte e do Sul e que carregavam o que queriam para desespero dos que estavam na praia que de tal eram impedidos pelas GNR e Guarda Fiscal.
Enfim histórias de que ainda hoje se encontram vestígios dado que o Senhor António Franco ( O Móca) adquiriu a remoção do ferro e durante muito tempo manteve na penedia um guincho apropriado do que ainda restam os ferros. Pormenores de quem lá trabalhou como o David Caravela Sá Barbosa e Joaquim Jácome.
De um outro testemunha dos acontecimentos ouvi uma vertente mais sombria. O Barco levaria um carregamento logístico para as tropas de Franco a descarregar na Corunha. O Comandante do Cabo Blanco, apoiante do Governo legítimo de Espanha, tê-lo-ia atirado contra a penedia de propósito. Tanto ele como o resto da tripulação teriam seguido para a Galiza onde pura e simplestmente teriam sido executados. Quem me contou isso foi o Senhor Abílio da Moça de Carreço, filho do Hidráulico e mais velho que a minha mãe. Coisas tenebrosas das quais não tenho confirmação.
De um outro testemunha dos acontecimentos ouvi uma vertente mais sombria. O Barco levaria um carregamento logístico para as tropas de Franco a descarregar na Corunha. O Comandante do Cabo Blanco, apoiante do Governo legítimo de Espanha, tê-lo-ia atirado contra a penedia de propósito. Tanto ele como o resto da tripulação teriam seguido para a Galiza onde pura e simplestmente teriam sido executados. Quem me contou isso foi o Senhor Abílio da Moça de Carreço, filho do Hidráulico e mais velho que a minha mãe. Coisas tenebrosas das quais não tenho confirmação.
O vapor "Cabo Blanco" encalhado na Areosa, Viana do Castelo
Segue transcrição do jornal "O Comércio do Porto", de 14 de Julho de 1936
Viana do Castelo, 13 - Ao norte da barra desta cidade, em frente à freguesia da Areosa, naufragou esta manhã o vapor espanhol “Cabo Blanco”, da companhia Vasco Andaluza, de Sevilha. Vinha de Huelva com destino a Vigo e trazia dois dias de viagem. Salvou-se a tripulação composta de 27 homens, que abandonaram o navio e sete passageiros. O capitão conserva-se a bordo. A carga compõe-se de barris de vinho, cascos de azeite, etc. Parte da tripulação ainda não abandonou o navio, que se considera perdido, procurando contudo salvá-lo.
Da companhia portuguesa «Radio Marconi», recebemos a seguinte informação, respeitante ao naufrágio:- Ontem, de manhã, as estações costeiras de Lisboa e de Leixões Rádio, desta companhia, interceptaram um sinal de S.O.S. lançado cerca das 6 horas BST, pelo vapor espanhol “Cabo Blanco”, anunciando que devido ao denso nevoeiro, tinha encalhado na Lat. 41º45’N e Long. 08º52’W, em Montedor ao sul de Vigo, pedindo assistência imediata de navios, especialmente de rebocadores.
Pelas 06,45 horas BST o rebocador holandês “Ganges“, informou-nos que seguia a toda a velocidade em direcção do navio sinistrado, informando nessa mesma ocasião, qual a sua posição obtida às 06,30 horas BST.
Também o vapor inglês “Highland Princess” informou, pelas 06,18 horas BST, que só em caso de extrema urgência é que se aproximaria daquele navio, a fim de proceder ao salvamento da tripulação, de contrário e em virtude de transportar passageiros e malas de correio continuaria viagem. Cerca das 12,30 horas BST, o vapor espanhol “Cabo Prior” comunicou estar já à vista do navio sinistrado, esperando auxiliá-lo dentro do espaço de meia hora. Segundo informações prestadas pelo próprio navio sinistrado, sabe-se que foram tentados todos os esforços pela respectiva tripulação para salvarem o navio tem resultado inúteis, continuando aqueles contudo, esperançados em o conseguir com a colaboração de rebocadores, cuja chegada era esperada dentro de algum tempo. Mais informaram que o navio estava já metendo água e se encontrava encalhado numa posição bastante critica e entre rochas. Não obstante, sentem-se bastante animados em virtude do mar estar muito calmo.
A estação de Leixões-Rádio continua mantendo comunicação directa com o navio sinistrado, assistindo-lhe em todos os casos requeridos por T.S.F.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 14 de Julho de 1936).
Da companhia portuguesa «Radio Marconi», recebemos a seguinte informação, respeitante ao naufrágio:- Ontem, de manhã, as estações costeiras de Lisboa e de Leixões Rádio, desta companhia, interceptaram um sinal de S.O.S. lançado cerca das 6 horas BST, pelo vapor espanhol “Cabo Blanco”, anunciando que devido ao denso nevoeiro, tinha encalhado na Lat. 41º45’N e Long. 08º52’W, em Montedor ao sul de Vigo, pedindo assistência imediata de navios, especialmente de rebocadores.
Pelas 06,45 horas BST o rebocador holandês “Ganges“, informou-nos que seguia a toda a velocidade em direcção do navio sinistrado, informando nessa mesma ocasião, qual a sua posição obtida às 06,30 horas BST.
Também o vapor inglês “Highland Princess” informou, pelas 06,18 horas BST, que só em caso de extrema urgência é que se aproximaria daquele navio, a fim de proceder ao salvamento da tripulação, de contrário e em virtude de transportar passageiros e malas de correio continuaria viagem. Cerca das 12,30 horas BST, o vapor espanhol “Cabo Prior” comunicou estar já à vista do navio sinistrado, esperando auxiliá-lo dentro do espaço de meia hora. Segundo informações prestadas pelo próprio navio sinistrado, sabe-se que foram tentados todos os esforços pela respectiva tripulação para salvarem o navio tem resultado inúteis, continuando aqueles contudo, esperançados em o conseguir com a colaboração de rebocadores, cuja chegada era esperada dentro de algum tempo. Mais informaram que o navio estava já metendo água e se encontrava encalhado numa posição bastante critica e entre rochas. Não obstante, sentem-se bastante animados em virtude do mar estar muito calmo.
A estação de Leixões-Rádio continua mantendo comunicação directa com o navio sinistrado, assistindo-lhe em todos os casos requeridos por T.S.F.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 14 de Julho de 1936).
O naufrágio do “ Cabo Blanco”
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Viana do Castelo, 15 - Tem sido uma romaria à praia da Areosa, para ver o vapor espanhol “Cabo Blanco“, encalhado na segunda-feira nos penhascos dos Moinhos. Como o barco trazia bom vinho, os sequiosos tem tomado boas «carraspanas», dando lugar a cenas picarescas! Na Delegação Aduaneira estão-se arrecadando carga e utensílios de bordo.
O barco considera-se perdido, pois enfrangou na penedia e tem os porões inundados. Enquanto o mar se conservar calmo, poderá salvar-se alguma carga; mas a mais pequena ressaca obrigará a suspender quaisquer trabalhos de salvamento.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Julho de 1936).
Lopesdareosa
O barco considera-se perdido, pois enfrangou na penedia e tem os porões inundados. Enquanto o mar se conservar calmo, poderá salvar-se alguma carga; mas a mais pequena ressaca obrigará a suspender quaisquer trabalhos de salvamento.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 16 de Julho de 1936).
Lopesdareosa
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