sexta-feira, 28 de setembro de 2012

15 DE AGOSTO

Festa em Monção em  Honra da Virgem das Dores

Noite de verbena na Praça de Deu-la-Deu.

Tocam os "Plátanos".

No meio do baile, no meio da multidão, dois olhos amendoados daqueles de que há só dois.

Parecia ter sido feita à imagem de tudo o que num campo de trigo brilha, num dia de Junho, cheio de Sol, em vésperas de colheita.

Mas as águas correm para o Rio e o Rio corre para o Mar.

Não há regresso.

Mas nem tudo vai com as águas. Presas ás margens do Rio Minho, como as pedras da Torre da Lapela, ficam as lembranças.













DOS  CASTELOS  QUE  PEDRA  A PEDRA CONSTRUÍMOS
DE  GRANITO  COMO  O  DESTE  JUNTO  AO  RIO
SUSPENSOS,  PORQUE PENAS,  POR UM FIO
DO  OURO  DE  TUDO  AQUILO  QUE  SENTIMOS

OS ADARVES  (E OS NOSSOS GESTOS)  QUE VÃO SENDO
COISA  VAGA  DE  QUE  APENAS  NOS LEMBRAMOS
PORQUE  FICAM  NOS  LUGARES  ONDE  PASSAMOS
VÃO, POUCO A POUCO,  ESMAECENDO COM O TEMPO

COM O BARRO  -  NOSSO OLHAR  -  QUE FAZ AS JUNTAS
FICARÃO  NUM  REMORSO  PESADO  E  LENTO
NA  POEIRA  LEVANTADA  PELO  VENTO

                                                                   DO ESTIO

NAS  MASMORRAS  DO  INVERNO EM NOITES FRIAS

COMO AS SOMBRAS
QUE SE ERGUEM AO FIM DA TARDE

                                                                   NO VAZIO

FICARÃO,  DENTRO DE NÓS,  EM  NOSSAS  VIDAS
MESMO  QUE  O  SOL  SE  PONHA  E  O  DIA  ACABE 

Tone do Moleiro Novo

1 comentário:

  1. Lindo poema. Uma pincelada de luz que ficará quando o sol se ponha e a vida acabe. Parabéns Tone do Moleiro Novo.

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