terça-feira, 8 de maio de 2012

MARIA DA CONCEIÇÃO CAMPOS

Mãe coragem!
Daquele que se ha ido pronto como los elegidos, das cantigas mexicanas, en plena glória e plena juventud.

Escreveu, na Praia Norte, em 7 de Maio de 1994 o seguinte texto.

POENTES

Sobre o poente
Pesado delas
      embebedam-se as nuvens

Chove logo
               ou amanhã

Também
            ninguém
-Ninguém virá -
Abrir nesgas de sol
Na minha sombra

Passam por longe os passos
                      meus amados
Diluem-se por longe
             as vozes desejadas

Também
ninguém
- Ninguém virá -
Trazer-me sugestões de madrugadas

E eu atiro-vos meus olhos
E eu abro minhas mãos
E eu faço-me atraente
Entranço de ouro e azul a minha trança
Aponto a minha alma para a esperança

E ninguém repara
Ninguém me sente
E ninguém pressinto vir
Para ficar de mãos unidas
Até à noite

Até à noite...

Tecedeira eterna e hábil
A tecer-nos o açoite
                                inexorável

Sobre o poente
      - as nuvens -

Chove logo
         ou amanhã

Também
         ninguém
- Ninguém virá -

E morre como o sol
O meu fraterno abraço
E meus braços inúteis
Pouso no regaço 


E quem assim escreve não é gága.

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