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domingo, 19 de maio de 2024

REMAR para que o barco vença a arrebentação

A Mar é uma mulher

Remar é mar outra vez

Reamar é amar outra vez

Rearmar é armar outra vez

Armar outra vez

Para se amar outra vez

Para não se remar outra vez

Contra as marés

lopesdareosa

 

Fraco é o Maio se o boi não bebe na pegada.

Chuvas de Maio 

E lembrei-me de Paulo Frazão

CHUVA DE MAIO




Chuva de Maio,

chuva de lenda,

caindo branda, tão de mansinho,

que mais parece feita de renda,

que mais parece feita de arminho.

Chuva de Maio

chuva de lenda...

 

Chuva de Maio,

que vai caindo

Suavemente – chuva divina –,

ao mesmo tempo que o sol, fulgindo

pelas alturas, tudo ilumina.

Chuva de Maio

que vai caindo...

 

Chuva de Maio,

que faz mais belas

todas as moças – que as faz formosas –,

chuva caindo só para elas,

como um perfume, feito de rosas,

Chuva de Maio,

que as faz mais belas.

 

Paulo Frazão

 


quinta-feira, 16 de maio de 2024

O Quadro de Lanhelas

 O Quadro de Lanhelas

Este texto bem poderia ser intitulado TESTA ALTA E VIVA LANHELAS, pois este é o "grito de guerra" dos de Lanhelas.   

Muito ao estilo do de Riba de Mouro  PÁ FRENTE QUE RIBA DE MOURO É MACHO!

Mas vou aproveitar o título que um de Areosa deu a um seu texto já de 1930. 

Acontece que no passado dia 23 de Abril de 2024 se celebrou um aniversário "redondo" de uma outra data, 23 de Abril de 1644, dia em que os de Lanhelas (e as de Lanhelas) rechaçaram um invasão, mais Galega que outra coisa! Desse acontecimento houve alguém que o retratou. Como a fotografia veio muito mais tarde, pintou. E o quadro é o chamado e pouco divulgado "Quadro de Lanhelas". Que aqui vai!




Cheguei a ele nos idos anos 70 pela informação de alguém que me conduziu à Igreja de Lanhelas e mo mostrou. Isto porque estranhei o Cruzeiro da Independência sobranceiro a Lanhelas, coisa que nunca tinha visto em outras freguesias. E então a história foi-me contada.

Só mais tarde e graças ao António Viana é que tive conhecimento que muito antes já o        também Areosense, seu tio,  Abel Viana, a este quadro se tinha referido. De facto tinha feito um relato detalhado numa sua publicação de 1930. 

Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Alto Minho. 

Isto porque Abel Viana, professor na escola primária, tinha chegado a Lanhelas nessa qualidade e depressa na sua curiosidade se deu conta deste testemunho e da sua importância no contexto histórico dos acontecimentos. 

E o seu relato, por vezes hilariante, detalha, o sucedido  perfeitamente e documentado.

Teria havido um antecedente em que alguns pescadores de Lanhelas tinham sido feitos prisioneiros por andarem a pescar já em águas Galegas. Terão sido levados para a Guarda onde foram interrogados. 

Uma questão que os nosso vizinhos lhes puseram era saber como poderiam invadir na zona de Lanhelas. Ao que os pescadores lhes teriam dito que para o fazer com sucesso teriam que levar quatro “filipinos” para cada lanhelense.

E o certo é que a 23 de Abril de 1644, numa “armada” de 28 barcos, atravessaram o Minho e tentaram “invadir” Lanhelas ali perto da Morraceira, com cerca de 600 homens(!) sob o comando de um tal Capitão Toro. Este cometeu dois erros decisivos: Primeiro, terá saltado para terra adiantado a seus homens o que permitiu ser apanhado à mão sem defesa. O segundo, foi ter enfrentado um tal António Macedo conhecido pelo “Catrôlho” que na altura andaria a lavrar a veiga com outros seus conterrâneos. Na sua audácia o tal Toro terá exclamado “Capitão Toro em terra”. A que o Catrollo, deitando-lhe a mão, terá retorquido “Capitão Toro captivo”. O certo é que os de Lanhelas se bateram de tal ordem que puseram em fuga os invasores, estes imediatamente diminuídos na sua força por verem a sua chefia aprisionada pelos de Lanhelas.

No final a contabilidade do destroço foi de dez galegos e quatro Lanhelenses mortos. Muitos feridos com alguns Galegos afogados e os restantes em debandada No meio e fim da refrega dois episódios picarescos ficaram para a história. O Catrolho terá ido a casa vestir a sua farda de Capitão das milícias em Lanhelas e à vista deste, o tal Toro terá desabafado “lo que mas sentia era quedar prisioneiro de unos villanos” não reparando que o agora “militar” fora o labrego que lhe deitara a mão. O outro episódio decorreu de os de Lanhelas quando avistaram os invasores enviaram estafetas a Sôpo e a Vilar de Mouros à procura de auxílio. Provavelmente chegaram já com a contenda resolvida ou em vias disso. O certo é que não se livraram de serem acusados de cobardia por não se terem envolvido na escaramuça. A consequência disso foi os e de Lanhelas terem proibido casamentos com os de Sôpo e com os de Vilar de Mouros inclusivamente impedindo-os de entrar na Igreja de Lanhelas. 

Outra faceta da “lenda” foi a queixa dos invasores de que ao enfrentaram os de Lanhelas, as mulheres foram piores de os homens.

Bom, o melhor será ler o relato de Abel Viana que teve o cuidado de se deslocar a Goyan na tentativa de saber a versão dos do lado de lá. E encontrou um relato que lhe foi facultado pelo médico de Goyan, D. Francisco Rodriguez Nóvoa que confirmava esses acontecimentos.

Penso ser este quadro peça única em Portugal relatando acontecimentos locais “acontecidos” durante a guerra da Independência que se seguiu a 1640. Daí a sua importância histórica pouco relevada pelos nossos contadores encartados. 

Se o mui informado Hermano Saraiva, no programa dedicado a Caminha, em vez, tivesse ido a Lanhelas contar a história deste quadro teria evitado a pouco abonatória figura que fez em São João d’Arga ao afirmar no adro da Capela que fora alí mesmo que o Aginha fôra morto.

Quanto aos de Lanhelas, na sua valentia e agressividade, que não as perderam, acabaram por se adaptar aos tempos. Porque bem melhor, passaram a concentrar o excesso hormonal para combates bem mais suaves. 

E já ouvi por aquelas bandas uma versão actual do velho lema.

Aqui vai.

TESTA ALTA E VIVA LANHELAS

MOÇAS BONITAS CAMA COM ELAS


Nota: Este texto é dedicado ao João de Deus Eiras Rosa, amigo desde ao meus dez anos,

idade com que comecei a partilhar os bancos da Escola Industrial e Comercial de Viana do

Castelo.


Areosa, 27 de Abril de 2024

António Alves Barros Lopes

E Publicado na A AURORA DO LIMA nº16, ano de 169 na Edição de 16 de Maio de 2024

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Tentando seguir os meus colegas, Luiz Vaz, Maria Barbosa e Francisco Pires

Ou seja, fazer um exercício de ginástica aplicada em cima de um mote!

E a coisa começou com uma publicação da nossa Adelaide Graça 

(e digo "nossa" pois que desde que desatou nesta loucura do escrevinhanço deixou de ser apenas  dela).

Aqui vai a imagem

Que julgo muito bem conseguida.
Os caminhantes apenas identificados como tal.
A guarda de honra das acácias (?) inclinando-se à passagem.
A luz que penetra na alameda natural.

Desde logo me fez lembrar a cantoria dos romeiros para São João, entre o Sobreiro e Sant'óginha 

Abaixai-vos carvalheiras
Com os ramos para o chão
Deixai passar os romeiros
Que vão para S. João


E em consequência saiu esta

Inclinai-vos austrálias
Em túnel iluminado
Deixai passar as sandálias
Do peregrino cansado
Falta pouco e outro tanto
Pra chegar a Santiago

Logo o meu amigo Augusto Costa comentou...

Augusto Costa Costa

Grande poeta ( envergonhado ) …

E tomando esse "Mote" resolvi glosar

Óh meu amigo... Augusto Costa

...sobra o envergonhado
Já que poeta num sou
(mediano pudibundo)
Como a vergonha no mundo
Foi coisa que se acabou
Não estou nada orgulhoso
Naquilo que em mim sobrou
Não quero ficar famoso
Nem no livro de tal gente
E se algo em mim se consente
Sair fora do penico
Eu por pouco aí me fico
Em nome da boa moral
De mim um reles mortal
Dos outros vem o sermão
Sinto-me desajustado
D'inda ser envergonhado
Quando os outros já num são

- lopesdareosa























terça-feira, 7 de maio de 2024

O Sol nada em direcção ao Ocidente

 

nada o Sol em direcção ao Ocidente

por mares desde sempre navegados

para aquém, ainda, do horizonte

dos meus olhos, de marés, assolagados.


Caem poentes em cima dos penedos

esconde-se no fundo o falso roncador

que é feito de mim e dos meus segredos

se o próprio mar é o meu traidor


triste como a noite em pleno dia

Avisto piares, estou em Montedor

eis que surge Afife na fotografia


E na minha dor

na minha alegria

digo Adeus ao Sol

                             Até outro dia!


Lopesdareosa, no Monte de Or num qualquer dia do ano, com nuvens ou sem nuvens!


terça-feira, 30 de abril de 2024

Errar o alvo

 

Vem comigo

Mergulha nas ondas deste mar de cavalos

Embrulha-te nos golfos deste enxoval de argaço

Pede às nuvens que tapem os olhos à lua

Para que não veja  os restos dos náufragos desfeitos

Afogados no vinho da loucura.

 

“Beberemos do mesmo cálice flamejante

Nesta noite tão bêbeda

E com fome.”


Ah! A Poesia

Última carpideira do desvario

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Este texto não é mais que uma colagem de diversas imagens.

Os cavalos são os de Fão!

Os golfos do enxoval de argaço são as algas de safira que enlearam  o Francisco de Pedro Homem de Mello.

Esse enxoval é o sudário de crespelho que envolveu o Rapaz de Veludo de Ruben A. E de  Maria Manuela Couto Viana

A lua é a mesma que espreita nas noites dos amantes.

Náufragos desfeitos…tantos por essas pieiras.

Afogados no vinho da loucura…”ai tantos mais assim” (PHM)


U…


“Beberemos do mesmo cálice flamejante

Nesta noite tão bêbeda

E com fome.”

É da Adelaide Graça no seu Silêncio…

E por ler Adelaide Graça, depois veio o resto!

 

Ou seja

Ao contrário do que muito boa gente me julga…

…não sou Poeta

A poesia é que vem ter comigo!

sábado, 27 de abril de 2024

O Benjamim da Bouroua e a Eulália do Morgado

 O Benjamim da Bouroua e a Eulália do Morgado

Cerca de 1956


Nos dias de Hoje


Agradecimentos a esta gente de Montedor!

terça-feira, 23 de abril de 2024

TESTA ALTA E VIVA LANHELAS

 Hoje 23 de Abril de de 2024 é um aniversário "redondo" de uma outra data, 23 de Abril de 1644 dia em que os de Lanhelas (e as de Lanhelas) rechaçaram um invasão, mais Galega que outra coisa!

Houve alguém que "retratou" o acontecimento. Como a fotografia veio muito mais tarde, pintou.

E o quadro é o chamado e pouco divulgado "Quadro de Lanhelas". Que aqui vai!













Irei contar a história, curiosamente deixada para a posteridade por um ilustre conterrâneo meu!

Agora apenas com uma curiosidade.

TESTA ALTA E VIVA LANHELAS, é o "grito de guerra" dos de Lanhelas. 

Muito ao estilo do de Riba de Mouro 

- PÁ FRENTE QUE RIBA DE MOURO É MACHO!

Mas também ouvi em Lanhelas uma versão bem mais malandra...

Testa alta e viva Lanhelas                                          moças bonitas, cama com elas



quinta-feira, 18 de abril de 2024

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa

(Parte II) - Publicada na edição da A AURORA DO LIMA de 18 de Abril de 2024.

(A primeira parte foi publicada na edição de A AURORA DO LIMA de 4 de Abril de 2024)

Onde expliquei que, não publicando nos CADERNOS VIANENSES, nem na Revista do CER, nem no FALAR DE VIANA e assumindo que nem tão pouco poderia ombrear com a qualidade dos textos e seus autores, tenho publicado  regularmente - há mais de 40 anos - na A AURORA DO LIMA, refúgio dos humildes. O que não queria dizer que não lesse essas edições referenciadas .

E porque as leio, isso dá-me ensejo a tecer os meus comentários que precisamente têm sido publicados na A AURORA DO LIMA. Alguns referenciados na Parte I deste texto.

E o titulo de agora acontece por mais recentemente ter lido no FALAR DE VIANA de 2022 em que Cruz Lopes volta a contar a história do Campo d’Agonia (pg. 95 e seguintes), repisando aquela da “Antiga Quinta de Monserrate.”

Mas vai mais longe referindo-se a uma tal alameda de choupos fronteira ao casario piscatório poente da Ribeira desde o cais de pesca (do Castelo) até à tal quinta ao longo o arruamento antigo de Nossa Senhora de Monserrate de continuidade com a estrada Real de Viana a Caminha, arruamento de entrada/saída de Viana para norte. Remetendo para a Planta urbana de 1867 em que essa tal alameda arborizada é aí evidente e bem representada. (Figura 3 constante na pag. 91 )

Acontece que a legenda dessa mesma figura 3 se presta a diversas confusões. A essa tal planta urbana ( a que afinal é um excerto da Planta Porto e Barra de Viana do Castelo de 1867 atribuída a Vasconcelos &; Ferreira) que serve de base dessa figura, foi posteriormente completada com as obras projectadas em 1905 conforme publicação de Adolfo Loureiro. Como curiosidade mostra o ramal de CF para a doca mas que afinal não foi assim realizado.

Mas essa infografia não testemunha qualquer arruamento no trajecto referido por Cruz Lopes, mas sim EN nº 4 (duas vezes). Mais; já ou ainda em 1868/1969, na Carta Cadastral da cidade de Vianna do Castelo, não consta, aí, qualquer arruamento mas sim Estrada de Caminha. Isto desde o largo Infante D. Henrique até à Cancela de Areosa passando pelo Campo d’Agonia.

E o curioso é que o próprio Cruz Lopes sabe que muito mais antiga que “o arruamento antigo de Nossa Senhora de Monserrate” era a “Estrada de Caminha a Vianna” pois a isso se refere no FALAR DE VIANA de 2013 (pg. 76) remetendo aí para a cartografia  hidrográfica do século XIX – (1864).

Mas o crisma não se queda por aqui! Na pg. 97, Cruz Lopes apresenta uma planta do Castelo da Barra da Vila de Vianna (1794) de Aufdiener, onde nas costas de S. Roque e da Senhora d’Agonia aparece o "Caminho da Arioza." As inovações de Rua de Nossa   Senhora da Conceição e Rua Amélia de Morais, vierem depois! 

Mas esse tal caminho não mereceu qualquer referência a Cruz Lopes Coisa surpreendente tendo em conta o seu acerto  quando cita G.K. Chesterton (1874-1936), escritor…

“o mundo moderno tem como principal objectivo simplificar o que quer que seja destruindo quase tudo.”

Exactamente o que acontece. A destruição, pouco a pouco, da memória contribuindo assim para que a narrativa histórica seja substituída por uma mais moderna.

Coisa surpreendente para o que mais à frente Cruz Lopes escreve:

"Para que a nossa memória humana perdure e não se apague releve-se a função remota e militar do supracitado morro…" 

...quando se refere ao Morro da Forca perto do Local da Senhora d’Agonia. Assim e por reflexo, vou dar uma dica a Cruz Lopes.

- Para que a nossa memória humana perdure e não se apague definitivamente, releve-se a função remota… e rural do Campo d’Agonia, não só recordando as vacas do Freixo, do Lopes e do Sousa mas também as do Zé do Reguinho, lavrador de Areosa, que ía, ele e os filhos que ainda estão vivos, pastar as vacas, pelas década de 70/80, tanto ao Campo d’Agonia como no Campo do Castelo!

Invoca Cruz Lopes, no fim do seu texto, a sua condição de morador nas redondezas para justificar os seus conhecimento sobre as mesmas.

Ainda bem que isso acontece pois permitiu-lhe no FALAR DE VIANA de 2015 pag. 67 seculo XIX, localizar “O «Chamado Campo de Nª Srª d’Ágonia na cartografia hidrográfica do século XIX era aberto ao mar sem casario…” precisando assim o local do limite da Villa de Viana testemunhado pela Câmara de Vianna segundo acta da Reunião da Câmara de Vianna de 14 de Abril de 1846.

Da mesma forma que lhe permitirá precisar o extremo da Villa de Viana pois segundo a Acta da reunião de 19 de Maio de 1832 a Câmara de Vianna se propunha localizar aí, um novo matadouro …entre a Fonte do Castelo, o muro da tapada dos herdeiros de   Gonçalo de Barros Lima e o cais do Rapelho…

Ficará decerto para uma próxima oportunidade!

Areosa, 5 de Abril de 2024

António Alves Barros Lopes

Imagem 1

A Estrada de Caminha n’A Planta Cadastral de Vianna do Castello. Século dezanove


Imagem 2

Caminho d’Arioza n’A Tal Planta de Aufdiener


Imagem 3

EN -14 no Extrato da tal Planta em 1905 conforme publicação de Adolfo Loureiro.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Poesia minimalista!

 Ou então animalista, pois os gatos também entram!


Aquela voz que me guia

Aquela Luz que me alumia

E o Eco...mia...mia...mia...mia...mia...mia

Poesia

Sereia

- Seria???

Fui ver

Era um gato!


( Foi o que saiu, num dia de Abril em que me lembrei daquela em que fui ver e a neve caía!)



sexta-feira, 5 de abril de 2024

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa (Parte I)

O meu encontro com G. K. Chesterton na Quinta da Cancela de Areosa (Parte I) 

(Este texto foi publicado na A Aurora do Lima em 04 de Abril de 2024)

Não publico nos CADERNOS VIANENSES. Não publico na Revista do CER. Não publico no FALAR DE VIANA. Tão pouco poderia ombrear com a qualidade dos textos e seus autores. Refúgio dos humildes, publico há mais de 40 anos na A AURORA DO LIMA.

Mas porque e apesar de não publicar nessas edições, não quer dizer que não as leia. E porque as leio, encontrei recentemente nos CADERNOS VIANENSES, Tomo 57 de 2023,  uma informação de Maranhão Peixoto acerca da "Parochia de Nossa Senhora de Monte Cerrado, a que o vulgo chama Monserrates," segundo documentos existentes no Arquivo Municipal de Viana do Castelo. Paróquia essa cuja criação se justificava já em 1541 “por ter crescido o Povo e não caber na Matriz”. (pags. 372 e 373). O que me permitiu publicar na A AURORA DO LIMA em 29 de Fevereiro de 2024, o texto O Monte Cerrado é em Carreço (Mais precisamente em Paçô.)

E também por ler o FALAR DE VIANA me deu azo a ter publicado na a AURORA DO LIMA de 28 de Novembro de 2019, um texto sobre a Cancela de Areosa, texto intitulado: Quinta da Cancela de Areosa. Onde dei de caras com um tal VoltaireIsso na sequência de que, ao ler o FALAR DE VIANA de 2018 (pg. 63), tomei conhecimento de uma ideia de um tal VOLTAIRE (1694-1778) de que “aos vivos deve-se a consideração e aos mortos a verdade” na oportuna citação aí  feita por José da Cruz Lopes. Acontece que este  mesmo  autor, José da Cruz Lopes, se refere num outro seu texto em a FALAR DE VIANA de 2015(pg. 68) a: “ …uma mata de pinheiros, vinculada à antiga Quinta de Monserrate, sita na então denominada Cancela de Areosa (1864).”

E precisei que, nessa data, 1864, conotada com o dono, essa quinta era tida pela Quinta de Figueiredo da Guerra. O nome original, referido à toponímia do local, foi reconhecido pelos próprios proprietários ainda e quando, em 4 de Agosto de 1887, foi celebrada uma escritura pública no tabelião Júlio Sem Pavor Carneiro Geraldes – em que estes se  “…obrigam e hipotecam a sua quinta denominada da Cancela d’Areosa”  a favor do Banco Mercantil de Vianna. Esta escritura deu origem à descrição 18 833 a Fls 67 do libro B – 48 na Conservatória de Vianna  onde continua a constar “…Quinta denominada da Cancela de Areosa…”. ssim afinal a tal quinta de Monserrate não seria assim tão antiga como isso! Aliás foi já em 1922que, talvez por vergonha e face a uma apresentação, após a aquisição da Quinta pela GNR, na Conservatória, foi crismada a dita Quinta, como sendo a Quinta de Monserrate – quando até ali nunca o tinha sido.

Este pormenor levou-me a assumir que eu seria mais universal que o tal Voltaire, chegando á conclusão de que: “Devemos  toda  a consideração e toda a verdade tanto aos vivos como aos mortos.”

Acontece que mais recentemente – FALAR DE VIANA 2022 – Cruz Lopes volta a contar a história do Campo d’Agonia (pg. 95 e seguintes), repisando aquela ideia da “Antiga Quinta” de Monserrate. Mas citando, desta vez, G.K. Chesterton (1874-1936), escritor…

“o mundo moderno tem como principal objectivo simplificar o que quer que seja destruindo quase tudo.”

O que me permitirá agora e na Quinta da Cancela de Areosa, encontrar G. K. Chesterton.

O relato será objecto de uma segunda parte deste texto.


Afife, 20 de Março de 2024

António Alves Barros Lopes



sábado, 30 de março de 2024

Cuidei que era uma rosa...e era um cavalo.

 É por estas e por outras que idolatro Pedro Homem de Mello.

Leio e releio! 

E descubro sempre coisas novas.

Coisas inimagináveis

Invasões do nosso (pelo menos do meu) rudimentar atrevimento.

Improbabilidades n'um "conservador"! Imagens de um temerário perigoso para a mediocridade da paisagem.


In BODAS VERMELHAS 1947






sexta-feira, 29 de março de 2024

Valença em frente a Tuy. Galegos do Sul Galegos do Norte

 VALENÇA

Valença. debruçando o longo olhar,                                                      Comtempla Tuy. ( Um cântico de Espanha                                            Chega na asa da brisa, a revelar                                                             Suspiros da montanha!)

Lá em baixo o Minho, a modos que entrelaça                                          Serra e céu, campo longo que esvoaça...

Ai! a várzea, ali a várzea ao sol acesa,                                                      Cortada eternamente pelo rio!

E a velha fortaleza                                                                                               De Valença                                                                                                 Envolta em véu granítico, sombrio,                                                                  Imóvel, pensa...

Pedro Homem de Mello em ESTRELA MORTA


Isto em tempos da Senhora da Cabeça e em tempos de Cristelo de Covo.  

Aproveitar o tempo de Páscoa para assistir ao lanço do senhor Prior.

E, já então, participar na irmandade dos Galegos e seu encontro no meio do Rio!



quinta-feira, 28 de março de 2024

JÁ LÁ VAI HÁ TANTOS ANOS.

 JÁ LÁ VAI HÁ TANTOS ANOS.


o que celebro este dia mesmo sitio mesma hora sem a sua companhia

Sem o brilho e o encanto que no seu olhar havia

quando decifrava o morse                                                                                                      que o meu coração batia

E agora sentado à mesa

 (tampo de pedra tão fria)

a garrafa e duas taças

uma cheia outra vazia maldigo o sabor do vinho

que certa dor alivia
Tantos anos tantos anos

meu Deus do Céu quem diria


A rosa para ser rosa

tem de ser de Alexandria                                                                                                                                               a mulher pra ser mulher

tem de chamar-se Maria


E não era uma qualquer                                                                                                                                               que como ela seria

Já lá vai há tantos anos

e ainda celebro o dia

mas aquilo com que sonhamos

acordados e de dia

não tendo barro nem cal                                                                                                                                                não passa de fantasia

ou então

é inútil poesia


ou

é mera filosofia


ou ainda

desperdício de energia


(O Tone do Moleiro Novo à espera da Páscoa e da mão de vaca na casa do Artilheiro!)

domingo, 17 de março de 2024

O SENHOR DOS PASSOS

 ESTOU A PENSAR NO SENHOR DOS PASSOS!

Com direito a capela na igreja de Santa Maria de Vinha de Areosa.

A impressionante figura dobrada ao peso da Cruz.

Pelos vistos Cristo não sofreu o suficiente para nos salvar.

Talvez pretendamos que, para tal, tenha que aparecer por cá mais vezes!

Já me referi à sua impressionante e roxa Paixão em:

Mas as ruas por onde a amargura do Salvador hoje é representada vai ser engalanada com um desfile de mordomas acompanhado de banda de música e tudo!

Sugiro que o repertório seja à base da Lacrimosa de Mozart.

O "dó" da sinfonia será dado pelo respectivo traje das "lavradeiras" que vestirão violeta para o acontecimento.

GOD SAVE THE KING - Dizem os britânicos!
DEUS NO SALVE A TODOS NÓS - Diz o do Moleiro Novo!

sexta-feira, 15 de março de 2024

MONTEDOR

 O meu amigo Ernesto Paço enviou-me este lembrete.












Lembrete de Raul Brandão e também da paisagem.

Antes era assim desde Montedor. (Cortesia de Ernesto Paço)



"...verde para sul até Viana"

Mas os tempos já num são os de Raul Brandão.        
E hoje em dia já não é só verde!

Vai ficando mais branco (ou cinzento)





Numa área de alto valor paisagístico.

A história está aqui!


Ou aqui!


É só fazer as contas como dizia o outro!

lopesdareosa




O mar enrola na areia

 Posso colocá-la numa das canções da minha vida!

Era do Rancho Poveiro.

https://www.youtube.com/watch?v=IzkBi4Rr9k0



Está aqui a prova da palermice estalinista da tendência de reescrever a história.

Reparem na quadra:

O mar também é casado
o mar também tem mulher
é casado com a areia
bate nela quando quer

E se procurarem na NET a coisa foi alterada pois pareceria mal andar a cantar a violência doméstica.

E a versão mais moderna da coisa è:

O mar também é casado 
 o mar também tem mulher 
é casado com a areia                                                                             pode vê-la quando quer

Com excepção da TONICHA que a canta no original!
Ver

lopesdareosa



domingo, 10 de março de 2024

Festival da Canção de 1974

Foi a 7 de Março!

Fico phodido com uma mania, muito antiga, que sempre houve, de tentar reescrever a história.

E então,  com as saudades estalinistas que um dia farão aparecer nos manuais que afinal Napoleão ganhou Waterloo!

Isto por causa do que encontro descrito sobre o que foi o Festival da Canção de 1974

Sem qualquer desprimor para a canção "E depois do Adeus" que muito a a propósito foi escolhida para senha do 25 de Abril, 

                este festival foi uma farsa!

E quem duvidar que fale com o nosso amigo JOSÉ ENES que foi o representante de Viana do Castelo no júri nacional presente nesse festival. E quem disto duvidar que vá ao sitio.

 https://arquivos.rtp.pt/conteudos/xi-grande-premio-da-cancao-1974/

e reveja as imagens.























E o que sucedeu nesse festival está parcialmente descrito em 

https://festivaiscancao.wordpress.com/2014/11/24/parabens-festival-da-cancao-hoje-revisitamos-o-ano-de-1974/


“Também as canções foram comparadas, de forma depreciativa, com as do ano anterior o que, de alguma forma, alegrou Ary dos Santos, que se encontrava na plateia e que, nesse ano, não tinha concorrido por ter sido apelidado de papa-concursos/prémios pela crítica. Até a canção E Depois do Adeus foi comparada negativamente às três participações anteriores de Paulo de Carvalho (70, 71 e 73), chegando a ser mencionado que o intérprete ganhou o festival com a melodia e o poema mais fracos de todos.

Também não foi muito prezada a votação realizada pelo júri de seleção que escolheu dez das canções submetidas à sua apreciação e, na noite final, ignorou praticamente todas as canções excepto a vencedora. Apenas um dos nove elementos, António Andrade, distribuiu os seus votos por três temas. Esta situação levou a que Paulo de Carvalho considerasse a votação deste júri muitíssimo exagerada (in Diário de Notícias, 8 de Abril de 1974).

Apesar de se utilizar um quadro electrónico para a votação, este deixou de funcionar após a atribuição da pontuação do júri de Vila Real, o que fez com que se voltasse ao tradicional quadro de ardósia, giz e apagador das primeiras edições do concurso. Coube a árdua tarefa a Glória de Matos que teve de subir a um tamborete, sempre que eram atribuídos votos às primeiras canções, uma vez que a respectiva casa do quadro não estava ao seu alcance.

No fim da votação, era patente a grande decepção de José Cid, que terá comentado “Aconteceu o que eu previ: dei uma oportunidade ao júri para colocar na Eurovisão uma canção que, com uma boa promoção, sem dúvida, poderia conseguir a melhor classificação de sempre para Portugal. Assim, vai uma canção com menos força, com menos ritmo que as minhas, características que hoje considero fundamentais” (in Diário de Lisboa, 8 de Abril de 1974).

À saída do Teatro Maria Matos, houve alguns desacatos, tendo sido chamada a autoridade para acalmar os ânimos, entre a grande claque de José Cid e dos Green Windows, que levaram estes artistas em ombros, enquanto faziam sinal de vitória e apupavam o júri de seleção.

 Posteriormente, veio a confirmar-se o grande favoritismo dos temas No dia em que o rei fez anos, Imagens e A rosa que te dei, que se tornaram grandes sucessos comerciais, tendo vendido muito mais cópias que a canção vencedora, situação inédita até àquela edição do certame."

 Ou seja, num encontro em lado nenhum a vergonha dos elementos do Júri de Selecção que emerdando a posição do Júri Nacional que votou maciçamente "no dia em que o Rei fez anos" de José Cid,  deram todos eles a votação máxima na canção de Paulo de Carvalho com a excepção de António Andrade 

"Apenas um dos nove elementos, António Andrade, distribuiu os seus votos por três temas."

Também não vejo em lado nenhum as imagens do gesto, figurativo da roubalheira, que José Cid ia fazendo durante a votação do Júri de Selecção.

Valha a noticia citada que lá vai testemunhando as cenas de "pancadaria" que houve no exterior do "Maria de Matos"

Pois é meus amigos. 

A memória é PHODIDA!

lopesdareosa