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terça-feira, 29 de outubro de 2024

As mulheres da minha aldeia!

 Vem isto a propósito da recente iniciativa do PÚBLICO em editar, em 15 fascículos,  a obra de Maria Lamas "As mulheres do meu país"

Publicada também em fascículos entre 1948 e 1950, consultando uma segunda edição (2002 da editora CAMINHO) desta mesma obra, que aqui não vou salientar o valor por demais já elogiado, encontrei na página 47 um alusão a Areosa, não falando de Areosa. 











A fotografia atribuída a Aureliano Carneiro apresente duas mulheres a lavrar numa veiga que eu diria ser já a de S. Sebastião. Essas mulheres que, pelo sorriso da que segura a soga, eu identifico  como sendo da Casa  d'Andrel  (alguém que me corrija) corresponde ou deu origem a um postal colorido posto então em circulação.



Mas não pondo em causa o valor da obra, este tipo de publicações enferma de uma falha estrutural:

Não identifica as pessoas retratadas. Pecha dos entendidos que se servem de gente que é gente como meros objectos em cima dos quais nos arremessam  a sua sapiência,

Outro sim a própria sapiência que informa neste caso tratar-se de:              

" Camponesas minhotas da beira-mar lavrando uma veiga em Carreço. Ao fundo a serra de Agrichousa", 

(segundo a legenda!)

Em primeiro lugar as camponesas minhotas poderiam ser de muitos sítios à beira mar mas no caso são de Areosa. Aliás a edição do Postal diz isso mesmo.

Em segundo lugar a veiga não é em Carreço; é em Areosa e é isso que diz o tal postal.

Em terceiro lugar ao fundo não está a serra de Agrichousa!

Porque Agrichousa é em Afife, não se avista do local. Não existe como serra, quanto muito terá o monte à volta com seu nome. 

Lá ao fundo o que se vê é o encontro (ou divisão) do Monte da Paradela com o da Penedeira, "frecha" aberta pelo Rio do Pégo:

E lá por cima, mais longe, o alto da Porqueira já em Carreço.

E se dúvidas houvesse lá está a frente da Sociedade de Instrução e Recreio Areosense, em construção.

No entanto, para a posteridade, vai ficar o que está escrito na obra de Maria Lamas e não estas minhas observações. 

Publicado em A AURORA DO LIMA em 17 de Agosto de 2023


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