PEDRO HOMEM DE MELLO
6 de Março de 1984, Terça-feira de Entrudo. As máscaras não se juntaram no largo de Oliveira.
" - Não quero morrer mais cedo
Não quero morrer mais tarde
- Mas quero morrer um dia...
No meio da claridade
Daquele tão triste dia
Grande, Grande era a cidade
E ninguém me conhecia "
" Quisera voltar ao bosque
Onde sei que sou lembrado
Voltar às leiras de Afife "
E Afife toda estava lá. No Largo do Casino. Não vierem da “imensa aldeia” os saloios. Não! Apenas o povo que sempre lavou no Rio de Cabanas, que vai ás feiras de Ponte e ás tendas de S. João d'Arga e que talhou durante anos e anos a tumba do Poeta.
- Que é da Custódia da Fonte?
- Que é da Ofélia das Caxenas?
... e , no derradeiro apelo do Poeta, também estava a Amália. Esta cantou o Poeta. Aquelas o Poeta as cantou.
Afife, sempre Afife!
"Era aqui, aqui sòmente
que eu deveria ter ficado.
Afife de toda a gente
que canta e dança a meu lado”
A poesia, sempre a poesia daquele agora mais perto que sempre
da Ilda Gomes
da Rosinha da Mica
da Maria de Cabanas
da Octávia das Pintas
do Raúl
Ali onde as sombras da alameda só bolem quando há luar!
“Enterrem os meus ossos em Afife”
Afife, sempre Afife! Até nas últimas vontades do Poeta!
Afife que lhe prestou a ultima homenagem em Vida e a primeira na Morte (... ou a primeira em Vida e a última na Morte? )
Nota final.
Schenhor Lopes ( Ela falava axim) .... morreu o meu amigo – Disse-me a Ofélia das Caxenas.
- Quem!? Eu!? Senhor!? À Sua beira!?
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